22/04/2008

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* O grito do médico foi bem audível e fez com que a menina se restabelecesse completamente, tomasse a bandeja das mãos do escritor e se enfiasse na cozinha (e se possível no primeiro buraco que encontrasse). O escritor o olhou com raiva por tê-lo atrapalhado mais uma vez e viu o escritor se dirigir à biblioteca com cara de poucos amigos, e o seguiu até lá.
Hatori esperava encostado na janela fumando um cigarro, Shigure entrou e sentou-se em sua poltrona em silencio, permaneceram assim por alguns minutos. *

- Como você é infantil, Shigure.

- Tá, eu não passo de um moleque mesmo. E do tipo incorrigível. Já você é a própria maturidade, hein, Haa-san?

- Por que o grau de cinismo nessa frase foi maior? Desde o começo você está confundindo tudo. Eu não fiz absolutamente nada para a Tohru, não me confunda com as suas próprias fantasias.

- Quem diria, o nosso Haa-san realmente não aprecia nada da vida. Ou será possível que ainda tenha esperanças?

- Shigure, por favor. Pense mais no Yuki, no Kyo... o quanto você os cansa e os preocupa por causa dela, e principalmente pense também na Tohru. Não tente revirar as coisas dessa maneira. Você pode distorcer tudo.

- Ora, ora, distorcer? Ainda há algo que não foi distorcido entre nós? Eu preciso revirar as coisas, remexer tudo... só assim serei capaz de alcançar uma resposta e quem sabe perdão.

* silêncio *

- Está bravo? Seu silêncio está me incomodando.

- Não. Apesar de tudo, talvez você esteja certo.

- O QUÊ?! REPITA! AGORA NÃO É HORA DE VOCÊ ME OLHAR COM REPROVAÇÃO E ME DAR UM SERMÃO AINDA MAIOR?!

- Não.

- Sabe como eu me sinto desprezível quando você adota essa postura?!

- Sim. Porque talvez você seja mesmo, colocando a Tohru nisso.

- Sim, eu admito que sou fraco e mesquinho. Sou um homem deplorável.

- A pior parte em você é ser capaz de admitir isso sem sentir remorso algum.

# Remorso, Haa-san? Sim, eu sou capaz de sentir, mas eu também não irei lhe contar isso. #

* Hatori tira mais um cigarro e coloca na boca, Shigure se levanta e acende o cigarro dele com seu isqueiro antes que ele o fizesse, e em seguida acende um cigarro para si mesmo e ambos ficam olhando a paisagem da janela em silêncio. *

by Leandra

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