04/10/2010

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O tom choroso e de pavor em sua voz chama a atenção do Yuki, e o garoto para de guardar o material e olha para a colegial. E ao perceber o quanto que aquelas palavras a tinham ferido ele se sente um pouco culpado.

#A Honda-san sempre recebeu muito amor de sua mãe, é natural que ela pense que todas as mães são como a que ela teve. #


O possuído pelo espírito do rato se aproxima dela e fala com um pequeno sorriso nos lábios.

-Não precisa ficar assim, Honda-san. Acredito que a rejeição das nossas mães deve ser parte da nossa maldição. Até mesmo o Kamisama foi rejeitado pela sua mãe.

Aquelas palavras provocaram uma reação oposta ao que o Yuki queria. Em vez de confortá-la, agora a garota estava chorando. E para esconder a sua tristeza ela tampava o rosto com as mãos. O jovem lhe olhava todo preocupado, não sabia o que fazer para que ela parasse de chorar. Ele abaixa a cabeça e segura o seu braço esquerdo, aquele era um gesto que sempre fazia quando estava muito inseguro.

-Me desculpe, Honda-san. Deveria ter lhe contado de outra maneira.


A garota passa as mãos nos olhos e limpa o nariz passando o braço, e lhe olha de uma forma carinhosa e triste.

-Não precisa se desculpar. Os possuídos são muito mais fortes do que eu – Tohru se lembra dos dias de tristeza que viveu logo após a morte de seu pai.

Yuki se lembra que a garota havia lhe dito algo de ajudar também a Akito e lhe parece uma boa oportunidade para mudar de assunto naquele instante.

-Como possuído, fico muito feliz por ver o carinho que a senhorita sente pelo nosso kamisama.

-Yuki-kun – a garota faz uma breve pausa e continua – teria alguma maneira da Hana-chan e eu continuarmos a ser amigas da Aki-chan depois que ela voltar para a sede?

O garoto continuava a lhe olhar, mas não sabia o que lhe responder. Tudo era tão incerto para todos. Shigure que estava escutando toda a conversa do lado de fora do quarto, sentia o mesmo que o garoto.

O escritor começa a coçar a cabeça e pensa que o futuro deles nunca tinha estado tão incerto como naquele instante, e em solidariedade ao primo, resolve acabar com aquela conversa tão séria em plena madrugada. Sem a menor cerimônia o possuído abre a porta do quarto e encontra os dois estudando em pé de frente um para o outro no meio do quarto.

-O que é que estão fazendo? Vou contar tudo para o Haru-kun e para o Momicchi amanhã mesmo.

Tohru imediatamente começa a agitar os braços e lhe responde vermelha de vergonha.

-Não! Não é nada disso! E-eu... Apenas vim ser se o Yuki-kun estava passando bem.

Yuki cruza os dois braços diante do corpo, mas não olha com fúria para o primo, na verdade, estava bem aliviado com a sua repentina chegada. Tudo o que ele não queria naquela noite, era pensar em como ficaria o futuro dos possuídos e do Kamisama.

Shigure, que ria sem parar vendo o desespero da garota à sua frente, olha para o Yuki e lhe sorri também. Aquela atitude deixa o rato um pouco contrariado, pois lhe pareceu que ele estava insinuando que os dois estavam como amantes naquele quarto. Como não recebeu um gesto amigável do Yuki, o escritor deduz que o menino não havia entendido o seu sorriso.

-O que vocês acham da gente viver um dia de cada vez? Não adianta tentarmos adivinhar qual será o nosso futuro. E agora como o grande e responsável tutor está mandando as duas crianças irem dormir.

Tohru olha sorrindo para o Shigure, pois havia entendido o recado.

#O Shigure tem razão. Tenho que pensar no que posso fazer pela Aki-chan agora. E farei de tudo para fortalecer ainda mais a minha amizade com ela.#

-Muitíssima boa noite. – Tohru se despede dos dois com um sorriso e vai para o quarto.

Ao ficar sozinho no quarto com o Yuki, Shigure caminha até o garoto e lhe fala enquanto colocava a mão direita em seu ombro esquerdo.

-Não se esqueça que a mãe do Hiro-kun o ama acima de tudo. – ao terminar a frase Shigure segura com um pouco mais de força o ombro do rapaz – quem sabe esse milagre não pode acontecer para os outros possuídos também?

Yuki abaixa a cabeça e o primo retirar a mão de seu lhe ombro e lhe afaga os seus fios de cabelos cinza.

-Mas você tem um irmão que lhe ama muito. Nunca se esqueça disso, meu querido irmãozinho.

O rato imediatamente olha para o Shigure e entende a principal razão do escritor por ter lhe acolhido em sua casa; estava fazendo aquilo pelo grande amor que sentia pelo Ayame.

by DonaKyon

25/09/2010

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Tohru Honda estava sentada sob o telhado da casa a observar a lua. Tinha adquirido aquele hábito com o possuído do gato, alguns dias depois que os dois estavam morando na casa do Shigure. Seu coração estava muito inquieto para dormir. Queria encontrar uma maneira de ajudar a Elisa-san e a Akito-san.

#Como poderei ajudá-las? Sei muito pouco sobre os Sohmas e até mesmo sobre a maldição, mas gostaria que a felicidade chegasse finalmente para ela. Mas como? O que poderia fazer? Com qual deles poderia conversar sem lhe sofrimentos?#

A garota começa a sentir o friozinho da madrugada e resolve entrar. Com cuidado e sem fazer barulho ela desce do telhado pela pequena escadinha e ao olhar a janela do quarto do Yuki percebe que a sua luz ainda estava acesa.

#Será que o Yuki-kun está passando mal? Não faz nem uma semana que ele se recuperou da sua crise de asma.#

Apressadamente a colegial termina de descer os degraus e ao entrar na casa, se dirigi imediatamente para o quarto do rato.

-Yuki-kun, posso entrar?

-Sim, Honda-san

Tohru abre a porta e encontra o Yuki sentado diante da mesa de estudo com os livros abertos, e com um tom de medo e susto a garota lhe pergunta.

-Teremos alguma prova amanhã?

-Não, por quê?

-É que está estudando a essa hora.

-Como estava sem sono, resolvi aproveitar o tempo revendo a matéria.

#Por isso o Yuki-kun é o aluno mais inteligente da classe. Por que é que eu não pensei nisso também?#

Ao ver que a garota estava pensando em algo que a estava deixando desanimada, o rato se preocupa.

-Está com algum problema, Honda-san?

-Não. Está tudo bem. Como vi a luz do seu quarto acesa, pensei que poderia estar tendo alguma crise.

-E por que é que a Honda-san ainda está acordada?

Tohru lhe olha um pouco em duvida se lhe falava ou não, após um pequeno suspira ela cria coragem e lhe revela.

-Queria ajudar a Elisa-san e a Akito-san.

-Por que quer ajudar mãe do Momiji?

-Porque a Elisa-san sente a falta do filho.

Yuki não consegue acreditar naquelas palavras, pois conhecia muito bem a relação entre os possuídos e suas mães, sendo que muitas vezes o próprio garoto havia pensado que aquilo também seria uma conseqüência da maldição.

-Ela não sente a falta do Momiji. Elisa-san só o viu por alguns minutos após o nascimento do filho. Durante os primeiros meses de vida do Momiji, a Elisa-san não podia nem escutar o choro da criança que começava a gritar histericamente. Por isso o Momiji passou a morar numa casa reservada somente para ele dentro da sede e os seus pais foram morar naquela casa fora da sede.

A garota olha para o chão sem conseguir acreditar naquelas palavras, e cheia de vergonha, por ainda assim acreditar na Elisa, ela diz com um tom mais baixo de voz.

-Mas a Momo-chan a curou...

-Não, Honda-san. Infelizmente as nossas mães nos odeiam - Tohru olha de uma maneira muito assustada para o garoto. O tom de sua voz não era nem de raiva e nem de tristeza, era de completa indiferença. Yuki ainda estava sentado à mesa e enquanto falava arrumava o material escolar para o dia seguinte. – A minha mãe não se “curou” depois que eu nasci. Ela odeia tanto o Ayame quanto a mim. – Yuki faz uma breve pausa e após pensar um pouco ele conclui – Não, na verdade, ela me odeia mais do que ao Ayame. Por isso ela me “vendeu” para o patriarca.

Naquele instante, o pavor já estava preenchendo todo o olhar da garota, ela não conseguia entender como uma mãe poderia odiar a um filho e muito menos em vendê-lo.

-Vender? Como lhe vendeu?

by DonaKyon

12/09/2010

198


-E mesmo assim?? Mesmo sabendo que você é um monstro, ela quer se casar com o Dr. Hatori?

-Ela me aceitou como eu sou.

-Você não irá se casar com ela. Eu vou matá-la. MATAREI ESSA DESGRAÇADA QUE TOCOU EM VOCÊ!!

CRASSHH

Akito vê que Hatori está ajoelhado a sua frente com a mão nos olhos.

-AKITO!! ACALME-SE POR FAVOR... ESPERE!!

Assim que escuta o seu nome, Akito olha na direção da voz e vê o Shigure segurando o jovem de cabelos curtos e pretos pela cintura, que se debatia e gritava com toda força.

-ALGUÉM COMO VOCÊ...

-k&*.. LEVE O HATORI DAQUI..

Akito não consegue entender o nome que o Shigure tinha acabado de lhe dizer. Ela olha mais uma vez para o Hatori que estava a sua frente e depois para o Shigure. Naquele instante, Akito estava completamente tomada pelo medo e desespero.

-EU NÃO VOU ENTREGÁ-LO A VOCÊ. EU NÃO PRECISO DE VOCÊ. NÃO PRECISO DE ALGUÉM QUE SEQUER CONSEGUE DESFAZER ESSA MALDIÇÃO. EU NÃO PRECISO...

-AKITO!

Ao escutar o seu nome novamente a garota olha na direção do Shigure e vê o quanto que o jovem que ele segurava estava tremendo e chorando.

-A CULPA É SUA SE O HATORI FICAR CEGO!!

#Hatori.... cego??#

-A CULPA É SUA. É SUA. A CULPA É SUA...

#Como a culpa é minha? O que eu estou fazendo ali? Por que é que o Shigure está me segurando?#

Hatori tira as mãos do rosto e Akito vê o seu rosto todo ensangüentado.


-NÃÃÃOOO!!

Akito acorda com o seu próprio grito e começa a chorar enquanto ainda gritava.

-A CULPA NÃO FOI MINHA! A CULPA NÃO FOI MINHA!

Desesperada a garota se senta no futton sem reconhecer onde estava. Chorava sem parar e como se fosse ela mesma quem estivesse ferida.

-A CULPA NÃO FOI MINHA!

-Aa-chan.

Akito olha para a criança que estava sentada a sua frente e que lhe olhava todo aflito.

-A culpa não foi minha... Não foi.... não foi..

- Acalma-se por favor.

Megumi a abraça e a garota chora ainda mais em seu ombro. Kyo e Saki entram correndo no quarto, e estavam tão apavorados quanto o garoto.

-O que aconteceu, Megumi-kun?

-Acho que a Aa-chan teve algum pesadelo.

Saki se ajoelha ao lado deles enquanto que o Kyo permanecia em pé.

-Aa-chan... está tudo bem.... foi só um pesadelo....

Akito olha para a Hanajima e por alguns segundos ela não lhe fala nada.

#Será que ela se lembrou de tudo?#

Kyo ao escutar aquele pensamento da namorada, fecha fortemente a mão direita e começa a sentir que o seu corpo estava tremendo.

-Foi horrível... Foi horrível, Saki-chan.... O Hatori estava cheio de sangue....

Ao escutar o seu nome, Hanajima respira um pouco mais aliviada e segura na mão de Akito.

-Foi só um pesadelo. O Hatori está bem.

-Eu preciso ver o Hatori. Quero vê-lo. Quero muito vê-lo....

Akito coloca as mãos na cabeça e continua chorando baixinho.

-Kyo, poderia ligar para o Hatori? Peça para que ele venha até aqui agora.

-Tá. Onde fica o telefone, pirralho?

Megumi se levanta e começa a caminhar sendo seguido pelo Kyo, quando estavam um pouco mais distante do quarto o possuído lhe pergunta com um tom de voz mais baixa.

-O que ela te falou?

-Disse que não era culpa dela.

-Pelo visto ela deve ter se lembrado do dia que deixou o Hatori cego.

Ao ouvir aquilo, Megumi olha espantado para o possuído.

-Achava que a Aa-chan só iria se lembrar dos momentos felizes do seu passado.

-Acho que desses momentos ela já se lembrou de todos.

-Isso é muito triste!

-O que?

-A Aa-chan teve muito mais momentos felizes em 3 dias do que durante toda a sua vida.

-Não foi só ela. Esses 3 dias também foram os mais felizes de minha vida.

-A sua vida ainda não acabou.

-Não! Ela apenas começou.

Megumi olha novamente para o Kyo e percebe que havia uma determinação diferente em seu olhar.

#Eu quero continuar tendo muitos outros dias tantos dias felizes ao lado da Saki, e para isso mudarei o meu presente e o da Akito.#

by DonaKyon

05/09/2010

197


Akito caminhava de mãos dadas com o Hatori por um pequeno bosque, e a seu pedido ela mantinha os olhos fechados. Como estava sem o sentido da visão, a garota prestava mais atenção nos outros sentidos, e assim o som dos passarinhos cantando, a suave brisa que tocava nas folhas das árvores, os latidos distante dos cachorros, o sol que delicadamente esquentava a sua pele, e o próprio calor que vinha da mão do namorado, tudo lhe parecia como se fossem pequenos tesouros da vida.

-Para onde está me levando?

-Já irá saber. Não abra os olhos.

-Por que precisa fazer esse mistério todo?

-A nossa vida toda sempre foi um mistério.

Akito não consegue compreender aquela frase dita pelo médico, mas no instante que iria lhe perguntar, ele para de caminhar.

-Chegamos.

Hatori solta à mão de Akito e lhe abraça com muita força.

-Você é a mulher da minha vida. Você foi a única que me aceitou como eu sou. Eu quero me casar com você.

O coração da garota se enche de uma felicidade da qual nunca antes havia provado. Ela era amada por aquele que sempre amou.

-Hatori....

Akito também lhe abraça. Porém o sorriso que tinha em seus lábios logo desaparece ao perceber o quanto que o médico estava tremendo naquele momento.

-Não posso te perder. Ele precisa aceitar que eu te amo.

-Ele? De quem está falando Hatori?

O possuído a segura em seus ombros e lhe olha um pouco apreensivo.

-Não deixarei que lhe machuque. Por favor, fique com a cabeça baixa o tempo todo.

-Quem irá me machucar? Por que está com tanto medo?

O médico volta a segurar novamente em sua mão, mas dessa vez ela está tremula e gelada. O coração de Akito começa a bater um pouco mais assustado. Eles voltam a andar por uma pequena trilha e logo estão num silencioso jardim.

-Onde estamos Hatori?

-Shhiii...

Akito olha para o médico e depois começa a reparar na casa que surge a sua frente.

Apesar de estar diante de apenas um cômodo da casa, ela sabia que se tratava de uma casa de arquitetura japonesa e bem luxuosa. O médico caminha até a varanda e ajoelha.

-Senhor patriarca, posso entrar?

-Entra Hatori.

#-Mas essa não é a voz do pai do Kyo.#

Hatori se levanta e segura na mão da Akito e lhe fala baixinho.

-Fique ao meu lado, não fala nada e fica apenas olhando para o chão.

O médico abre a porta e Akito entra atrás dele. Estavam numa sala bem ampla, e sentado numa rica almofada estava um rapaz vestido com um quimono arroxeado. Hatori se ajoelha a sua frente e fica com a testa no chão. Akito se ajoelha ao lado do médico e abaixa a cabeça.

# O Hatori o chamou de patriarca, mas esse não é o senhor Kazuma. Quem é esse homem?#

-Eu... eu vim pedir a permissão do senhor patriarca para me casar.

-O QUE? SE CASAR? NUNCA!! NUNCA!!

-Senhor patriarca, eu a amo. Quero me casar com ela.

-NUNCA!! NUNCA IRÁ SE CASAR COM ESSA MULHER. VOCÊS SÃO MEUS!! MEUS!! MEUSSS!!

Akito se mantinha de cabeça baixa, mas agora estava tremendo da cabeça aos pés. Os gritos daquele rapaz eram os gritos de uma pessoa descontrolada.

-Mas eu a amo...

-VOCÊS SÓ PODEM AMAR O KAMISAMA. OS POSSUÍDOS SÓ PODEM AMAR A MIM!!

#Estou com medo. Quem é esse rapaz? Do que ele está falando?#

Akito olha com os cantos dos olhos para o Hatori e vê que ele ainda se mantinha com a testa no chão. A garota começa a escutar os passos do jovem caminhando até o médico, e logo depois ele o segura pela gravata fazendo com que ele fique de pé. Akito ao ver aquele rapaz tão descontrolado segurando o namorado pela gravata, finalmente consegue dominar o pavor que estava sentindo e levanta a cabeça.

-Hat...

-Continue sentada e com a cabeça baixa!

Akito obedece ao médico e volta à mesma posição.

-Ela já sabe que você é um monstro?

-Já!

#Monstro? Do que é que eles estão falando?#


by DonaKyon

04/09/2010

196


Hanajima abre os olhos e olha para o seu lado esquerdo. A luz da lua cheia que entrava pela janela, iluminava todo o quarto. No futton ao seu lado, Akito dormia um sono bem tranqüilo e estava com um leve sorriso em seu rosto.

#Ela deve estar sonhando com o Hatori. Será que ela tinha tido outras noites de sonhos tão tranqüilas assim?#

A colegial volta a olhar para o teto e coloca o braço direito sob a testa, mas não tem tempo de pensar em nada, pois logo começa a escutar passos que vinham do telhado. Seu coração começa a disparar e rapidamente ela se descobre e corre em direção da sua pequena varanda.

#Calma Hanajima! Calma!#

A garota se detem diante da porta mantendo a mão na maçaneta antes de abri-la.

#Pode ser apenas um gato!#

Novamente ela escuta mais alguns passos, e pelo som sabia que o que fosse que estava andando sob o seu teto havia parado justamente acima dela. Saki fica olhando atentamente para o lado de fora e percebe que alguns fios laranjas estavam surgindo e logo depois aparece apenas a cabeça do Kyo. O garoto estava deitado com a barriga para baixo no telhado e lhe fazia sinal para que ela fosse até lá.

Saki dá um pequeno sorriso e abre a porta lentamente para não fazer barulho, e utilizando a pequena escada sobe até o teto.

O coração do Kyo que já estava acelerado bate com mais força ao vê-la subindo. A lua brilhava atrás dela com muito mais força agora. Seus longos fios negros dançavam levemente ao sabor da suave brisa, e a sua longa e fina camisola preta revelava as formas de seu corpo.

Saki sentasse ao lado do garoto e fica olhando a lua a sua frente. Após alguns segundos sem falarem nada, Kyo segura em sua mão entrelaçando os dedos e a garota encosta a cabeça em seu ombro.

O que seria a “festa do pijama” entre a Hanajima, a Tohru e a Akito ao final se transformou num jantar entre os irmãos Hanajima e a Akito. Shigure achou mais sensato que a Honda mantivesse naquela noite a sua rotina, pois se caso o pai do Kyo voltasse a espionar a casa, não desconfiaria que eles já haviam descoberto o seu plano.

-Como foi o jantar de vocês três?

-Foi muito divertido. O Megumi-kun e a Aa-chan se deram muito bem .

-Essa é a primeira vez que a Akito está completamente longe dos Sohmas.

-Mas você está aqui.

-Mas eu não estou aqui por ela, e sim por você.

Ao escutar aquelas palavras, Saki fecha os olhos e dá um longo suspiro.

-Me desculpe, Kyo. Tudo isso é minha culpa. Se eu não tivesse apagado as memórias da Aa-chan...

-... Eu já teria te perdido! E agora estaria aprisionado no Retiro e você e a Tohru não se lembrariam mais de nós. Enquanto que a Akito estaria aprisionada como sempre esteve na mansão dos Sohmas.

-Será que ela irá me perdoar?

-Saki, foi graças a você que a Akito teve a oportunidade de viver como uma pessoa normal. Na sede dos Sohmas, ela é o patriarca do clã, o kamisama dos possuídos, e desde que nasceu é obrigada a fingir que é um homem, mas agora ela está aqui. Podendo ter duas amigas, ser próxima dos possuídos e até ter um romance com um deles.

-E será que a Aa-chan conseguirá voltar a viver essa vida? Será que ela não me odiará por ter lhe mostrado algo que ela nunca terá possibilidade de viver?
Kyo tampouco sabia aquela resposta, estava tão inseguro e com medo quanto à namorada, mas não queira que a garota sofresse.

-Não se preocupe com isso agora. Tem algo muito mais importante para se preocupar nesse momento.

Hanajima levanta a cabeça do ombro do Kyo e lhe olha cheia de dúvida.

-Já pensou no que irá preparar para o meu lanche? A Tohru levará um pequeno banquete para o coelho amanhã.

Ao escutar aquela frase dita com tanta seriedade pelo colegial, Saki consegue conter a vontade de rir e lhe responde da mesma maneira séria.

-Será arroz!

-Arroz com o que mais?

-Simplesmente arroz! Só arroz e mais nada.

Kyo olha para a namorada e começa a rir, pois havia conseguido seu objetivo, naquele instante as nuvens negras da incerteza não estavam mais sob eles.

by DonaKyon

01/08/2010

195


Rin segurava a camiseta do garoto com toda a sua força enquanto tremia muito e tentava ao máximo não chorar. Haru sempre lhe disse que amava o Yuki, mas ela nunca imaginou que os dois chegariam aquele ponto. O garoto mantinha-se bem tranqüilo, e levantas as suas mãos colocando-as sob as da garota.

-Rin.... Poderia me soltar? Eu adoro essa camiseta.

Yuki olhava de forma muito nervosa e apreensiva para os dois, ele sabia que o Haru e a Rin tinham se beijado, mas não sabia que se ainda havia algo entre os dois.

-Haru, como pode ter coragem??

-Rin.... Eu sempre lhe falei que amava o Yuki.

-MAS EU NÃO ACREDITO QUE TEVE CORAGEM DISSO?? VOCÊS SÃO HOMENS! HOMENS!!

-E daí?

Ao escutar aquelas simples palavras, Rin se enche ainda mais de raiva e rasga de uma vez a camiseta do primo.

-EU CONTAREI TUDO AO PATRIARCA QUANDO ELE VOLTAR. TENHO CERTEZA QUE AKITO-SAN NÃO PERMITIRÁ ISSO.

O mesmo sentimento de incerteza invade o coração de Yuki e Haru. Antes de a Akito perder a sua memória eles já sabiam exatamente o quais seriam as conseqüências de tal ameaça, mas agora tudo estava tão incerto que os deixou ainda mais apreensivos, não por estarem pensando neles, mas sim na própria Akito.

Rin olha para o Yuki e caminha com firmes passos até o possuído pelo espírito do Rato, mas mão tem nenhum tipo de contato físico com ele, apenas lhe fala em tom de desafio.

-Eu o tomarei de volta.

-Eu não permitirei.

A determinação que Yuki colocou em sua voz naquele instante surpreendeu tanto ao Haru como a Rin, parecia que o primo era outra pessoa naquele instante. Nunca tinham visto o garoto tão decidido e seguro de si.

Rin não consegue encontrar as palavras para lhe responder a altura, apenas vira o corpo e começa a caminhar deixando os dois garotos sozinhos novamente.
Haru olhava para o Yuki de uma maneira muito mais apaixonada naquele momento. Aquela tinha sido uma linda declaração de amor.

#Ele realmente está sentindo o mesmo que eu sempre senti por ele. O Yuki está me amando também!#
Haru vira-se de costas rapidamente, não podia olhar nos olhos do Yuki naquele instante, pois sentia que poderia chorar de felicidade. Seu coração estava batendo tão acelero que parecia que era impossível que voltasse a ficar sereno novamente. Durante toda sua vida, ele havia amado o primo, mas no fundo de sua alma, sempre teve a certeza que de nunca seria correspondido, e ter a certeza de que estava errado, era algo que não estava lhe dando apenas felicidade, mas sim plenitude. Poderia morrer naquele instante, que morreria como sendo o homem que mais amou e que mais foi amado em toda Terra.

Yuki apenas observa curiosamente o primo, sem entender o motivo de ter-lhe dado as costas. Sentia que o seu coração já estava voltando a bater normalmente após o enfrentamento com a Rin. Aquela tinha sido a primeira vez que havia demonstrado a sua opinião e certamente que era um sentimento muito bom.

-Haru...

Ao escutar o seu nome, o possuído pelo espírito do boi sente algo parecido com um pequeno choque a percorrer todo o seu corpo. A voz do Yuki tinha saído com a mesma entonação que havia falado com a Rin.

-... vamos embora para a casa do Shigure.

-E a sua mãe?

-Sinceranente..... Eu não quero ver a minha mãe hoje.

Ao terminar aquela frase, Yuki colocou um leve sorriso em seus lábios. E ao ver aquilo Haru sorri não somente com os lábios, mas com a sua alma, que foi refletida pelo brilho dos seus olhos. O garoto teve a certeza de que o seu amor pelo Yuki estava lhe fazendo muito bem. O primo estava se transformando num homem muito melhor graças ao seu amor.

-Ok. Então vamos!

Os dois garotos começam a caminhar em direção da saída da sede. Os corações dos dois batiam de maneiras diferentes, o do Yuki estava sereno enquanto que o do Haru era ainda de pura tormenta, mas ambos tinham a segurança de seus sentimentos um pelo outro.

by DonaKyon

22/05/2010

194


Yuki abaixa a cabeça e a cada instante ficava ainda mais vermelho de vergonha. O professor olha para o Haru que estava parado ao seu lado com os braços cruzados atrás da cabeça e com uma expressão facial bem normal.

-Também? Também o que Yuki-kun??

-Ele pediu para uma de suas “amigas” ir distrair o pai do Kyo.

O professor ainda olhava para o garoto sem entender nada.

-O Shigure-sensei, chamou uma prostituta amiga dele para dá em cima do pai do Kyo.

O safado caiu como um pato e deixou o serviço pela metade.

Haru que não tinha a menor vergonha falou claramente qual tinha sido a situação, o que deixou o Yuki ainda mais roxo de vergonha.

-E onde é que a Akito está?

-Ela foi para a casa Hanajima.

Kazuma percebe que Haru conseguia pronunciar o nome da garota sem colocar raiva e ciúmes em sua voz.

-Creio que em breve o patriarca terá que voltar. Essa situação não poderá continuar por muito tempo. Vocês sabem o que deu nos exames da Akito?

-Não apareceu nada de anormal. Provavelmente a falta da memória da Akito está relacionada à Hanajima-san.

-Sim. Espero que o Hanagima-Kun saiba como reverter isso.

-Professor?! O senhor acha que tem uma possibilidade do Kyo não ser aprisionado no retiro depois que terminar o colegial?

Aquela era a primeira vez que o garoto perguntava sobre o futuro do gato. Kazuma a principio lhe olha um pouco surpreso, mas depois percebe o quanto que todos haviam mudado nos últimos dias graças a Tohru e a Saki, e também a nova Akito.

-Sinceramente não sei, Yuki. É impossível saber como que a Akito ficará ao retornar para sede.

-É! Será difícil para o patriarca também. Será que voltará a fingir que é um homem?

-A Honda-san acha que essa Akito não irá desaparecer mesmo se recordando de tudo.

-Assim desejo, mas é muito difícil acreditar que a Akito terá liberdade de escolha. Uma vez que retorne à Sede, voltará a ter sua vida controlada por todos desse clã.

toc toc

-Pode entrar.

A empregada abre a porta e fala de cabeça baixa em sinal de respeito.

-Senhor Yuki-san, a sua mãe pediu para passar em sua residência após a sua reunião com o patriarca.

-Obrigado.

A mulher sai e volta fechar a porta, e o garoto dá um enorme suspiro.

-Como ela soube que eu estava na sede?

-Uma vez na parte de “dentro”, todos do clã já sabem de está na sede.

-O Professor está certo. Espero que o Hatori consiga protegê-la aqui dentro também.
-Assim como eu irei lhe proteger da megera da sua mãe.

Haru pega na mão do Yuki enquanto falava e deixa o menino um pouco sem jeito.
Afinal, eles ainda não tinham demonstrado o carinho que sentiam um pelo outro na frente de ninguém. Kazuma apenas limita-se apenas a olhar para os dois, mas não fala nada.

-Boa noite, Professor.

-Boa noite, garotos.

Yuki gentilmente puxa a sua mão e sai caminhando na frente do Haru e ambos saem da biblioteca, fechando a porta e Kazuma volta a analisar os livros.

Os dois garotos caminham em silêncio até a parte externa da mansão, mas quando estavam no meio de uma trilha que levava em direção da casa dos pais do Yuki. Haru segura em sua gélida mão e lhe puxa rapidamente em direção do seu corpo.
Yuki não tem tempo de lhe dizer nada, pois no instante que abriu a boca, tem a mesma invadida pela língua do Haru que lhe beijava com todo desejo.

-HARUUU!!!

O estridente grito feminino faz o coração de ambos dispararem e o Yuki empurra o primo e olha em direção da voz. Rina olhava cheio de raiva para os dois e avança rapidamente, segurando o Haru pela camiseta.

by DonaKyon.

24/03/2010

193


Kazuma estava retornando do Dojo, mantinha os braços cruzados diante do corpo e caminhava muito pensativo. Sentia-se muito aprisionado e sufocado. Por onde olhava sempre tinha alguém o seguindo ou lhe fazendo referências por ser o patriarca do clã.

#Pobre Akito. Ela sente esse peso desde o dia em que nasceu...... Não! O peso que ela sente é muito pior. Ela também é o Kamisama dos possuídos. Ela também é amaldiçoada.#

Ao chegar à mansão, o homem vai para a biblioteca, precisava terminar de examinar os livros restantes e ainda tinha que procurar informações sobre a árvore genealógica dos Sohmas. Ele para diante da mesa e observa as duas pilhas de livros que estavam sob a mesa e que tinha os separados antes da sua conversa com o Hatori.

#Por onde devo começar? Tenho pouco tempo e preciso encontrar as duas respostas. #

-Eu lhe aconselho a começar pela minha sugestão.

O Homem se vira em direção da porta um pouco assustado, não tinha escutado os passos da Ren se aproximando.

-Foi depois de quatro dias.

Ren lhe observa, sabia que ele estava falando sobre a morte da Eiko-san.

-Tem pouco tempo Kazuma-sama. Se não descobrir o maior dos segredos dos Sohmas agora, não terá outra oportunidade.

-Isso irá ajudar a terminar com a maldição dos possuídos?

-Pouco me importo com essa porcaria de maldição.

-Mas eu me importo!! É a vida do meu filho!!

Kazuma lhe respondia com um tom bem firme e seguro em sua voz, mas havia conseguido se controlar para não gritar com a mulher.

-Se importar-se com o seu filho, então procure pelo maior segredo dos Sohmas, talvez isso possa evitar o futuro que está reservado para o gato.

Ren ao falar aquilo volta a caminhar para o seu quarto, já tinha conseguido o que queria. Tudo o que precisava era que aquele homem descobrisse tudo e pronto, já teria a sua vingança contra a Yoko e a Akito.

Kazuma senta-se atrás da mesa e pega um dos livros sobre a árvore genealógica do clã.

#Ela me disse para começar com os mais recentes.#

O homem começa a olhar os registros dos últimos nascimentos do clã. Não tinha a menor idéia do que estava procurando, mas olhava tudo com muita atenção. Os Sohmas por ser uma das famílias mais importantes do Japão, escolhiam com muito cuidado com quais pessoas os seus membros iriam se casar. Kazuma percebe que não era permitido a nenhum de seus membros se casarem com pessoas de classe social abaixo deles.

#Por isso o casamento do Akira-sama com a Ren-sama foi tão criticado. Acho que o antigo patriarca foi o primeiro e o único a se casar com uma empregada.#

Kazuma analisa mais algumas páginas, mas em instantes ele se detém.

#Por que é que ninguém impediu o casamento do Higuchi-san com a Eiko-san? Por que a Yoko-san deixou o seu sobrinho se casar com uma empregada, mas nunca aceitou o casamento do antigo patriarca com a Ren?#

Kazuma se mantinha de cabeça baixa pensando naquele enigma que acabará de se formar em sua mente. Nunca tinha se interessado por saber detalhes do clã, na verdade ele sempre se manteve muito ausente, principalmente depois que adotou o possuído pelo espírito do gato.

Toc Toc

-Pode entrar!

Kazuma olha em direção da porta e vê os possuídos pelos espíritos do rato e do boi entrando.

-Boa noite Professor.

-Boa noite Yuki, Haru. Aconteceu alguma coisa lá na casa do Shigure?

Yuki fecha a porta e os garotos caminham até a mesa onde estava o homem e o rato lhe fala baixinho.

-O Shigure me pediu para vir lhe avisar que o pai do Kyo passou a tarde toda parado diante da nossa casa. Parece que a Yoko-san está desconfiada que a Akito esteja lá.

-Até que demorou para a Yoko-san perceber isso. O Higuchi-san viu a Akito?

-Não. O Shigure conseguiu falar a tempo com o Hatori, e também....

Kazuma percebe que o garoto estava ficando com a face completamente vermelha.

by DonaKyon

28/02/2010

192


-Fala Shigure.

-O Ayame já lhe contou?

-Sim.

-Haa-san, o que faremos agora? Se o pai do Kyo ver a Akito aqui, a Yoko virá na mesma hora para buscá-la.

-Eu sei disso. Mas não consigo encontrar nenhum outro lugar para levar a Akito. Se formos para qualquer outra de nossas propriedades a Yoko-san ficará sabendo.

Kyo faz um sinal para o médico, e ele percebe que a Akito e a Saki estavam voltando do banheiro, e se afasta um pouco do grupo para conversar com o escritor.

-Ayame?! O que está fazendo aqui?

-Ora... ora.... A minha maravilhosa pessoa ficou com vontade de ver a mais linda e gentil dama do clã dos Sohmas.

O possuído se inclina, pega delicadamente na mão de Akito e lhe beija. Saki percebe que as ondas dos três estavam um pouco agitadas e ela olha para o Kyo e lhe pergunta baixinho.

-O que aconteceu?

-A Akito não pode voltar para casa do Shigure.

-E por que não?

-O meu pai biológico está vigiando a casa.

Saki se aproxima de Akito e do Ayame.

-Aa-chan, o que acha da gente fazer aquele clube da Luluzinha hoje?

Ayame olha pra Hanajima e percebe que aquele convite era para ajudá-los naquele momento.

#É claro que o pai do Kyo não ver a Akito chegando a casa, ele desistirá de procurá-la por lá, e amanhã, ela poderá voltar.#

-Mas não terá problemas? Acabou de me falar que os seus pais estão viajando.

-Não terei problema algum. Será muito divertido e assim continuaremos com aquela conversa lá do banheiro.

-Ahahahah.

Ayame e Kyo se olham sem acreditar na maneira que o patriarca estava rindo. Hatori se aproximava exatamente nesse instante e só de ver a Akito rindo ao lado da Hanajima, ele sente o seu coração mais aliviado.

-Do que está rindo, Akito.

A garota fica um pouco corada, uma vez que ele tinha sido o motivo principal da conversa entre as duas garotas.

-Conversas de garotas.

Akito fica ao lado do médico e ele segura em sua mão.

-Tori-san, as garotas irão fazer uma festa do pijama na casa da Hanajima-san essa noite.

O médico olha muito surpreso e ao mesmo tempo agradecido para a garota, novamente ela estava ajudando a todos eles.

-O que o médico falou da Aa-chan?

-Ele disse que fisicamente a Akito está bem.

-Viu?! Eu lhe disse que não precisava vir até o hospital para fazer todos aqueles exames.

-E o médico não falou quando é que a memória dela irá voltar?

-Não Kyo. Na verdade, o médico não encontrou nenhuma razão para essa perda de memória da Akito.

-Não precisam se preocupar comigo. Tenho a sensação de que nunca foi tão feliz como estou sendo agora.

Akito sente que o médico estava segurando a sua mão com um pouco mais de força, mas não era de uma maneira que machucava, mas sim de uma forma que queria proteger algo que lhe era muito querido.

by DonaKyon

06/02/2010

191


-O que está fazendo aqui? Cadê a Akito?

-Vim com a Saki. Elas foram até o banheiro.

-A Hanajima adivinhou que a Akito estava aqui?

Hatori havia feito aquela pergunta com um tom de riso e que foi respondido da mesma forma pelo gato.

-Não. Ela veio pegar uns remédios para a avó.

-É muito bom ver a Akito se dando bem com as garotas, não é?

-Ela nem parece com o patriarca que eu conhecia.

-Essa é a verdadeira Akito..... E essa é a personalidade do kamisama que a gente conheceu pela primeira vez.

-Há muito tempo venho observando-a. És uma pessoa misteriosa e incrível. Não pude evitar de me encantar por ti. Sou apenas um humilde gato sem dono. Mas, por favor, conceda-me a honra de ficar ao teu lado.

Por alguns segundos o possuído pelo espírito do gato viu a imagem de uma linda mulher com cabelos negros e compridos como os da Hanajima, que lhe estendia a mão enquanto estava ajoelhada a sua frente com um tímido sorriso em seus lábios. Kyo volta a se sentar colocando a sua mão direita na testa, e Hatori percebe que o garoto estava um pouco pálido.

-O que foi Kyo?

-... Nada...

O médico segura em seu pulso para tomar a sua pressão, mas o som de um sapato muito apressado o impedi de se concentrar.

#-Que pessoa mais inconveniente, vir com um sapato tão barulhento a um hospital. #

-Tori-san... Quem bom que ainda está aqui.

O barulho dos sapatos para exatamente ao lado do médico. Era o Ayame que chegava todo afobado e suado.

-Tinha que ser você.

-O Guretti está te ligando desesperadamente. Por que não atendeu?

O médico tira o celular do bolso do paletó e mostra ao possuído.

-Estou num hospital, eu o desliguei.

-Graças aos céus que te achei aqui. Por pouco não acontece uma desgraça.

-Me lembro muito bem, onde vocês dois me mentiam quando viam com esse papo de que uma desgraça ia acontecer.

Ayame coloca a sua mão no ombro do médico e lhe fala com um tom bem sério em sua voz.

-É sério Tori-san. O Pai do Kyo está espionando a casa do Shigure.

-OQUE?

Ao escutar aquilo o gato se levanta rapidamente da cadeira.

-Por sorte o Guretti teve que sair de casa e ao voltar o reconheceu dentro de um dos nossos carros que está parado diante da ladeira que leva até a casa.

-Mas o que o meu pai está fazendo lá? Será que ele veio me buscar?

Hatori coloca a mão no ombro do garoto e percebe o quanto que ele estava tremendo.

-Fique calmo Kyo. O Higuchi-san não está ali por sua causa.

-Exatamente. O Guretti está desesperado lá. Estávamos com medo de você chegar com a Akito e o Higuchi-san a ver.

-Mas porque o meu pai está preocupado com a Akito?

-Não é bem o seu pai, mas sim a tia dele, a Yoko-san.

-Que?? Aquela velha da mansão é tia do meu pai?

-O Kyon-kitty não sabia disso? A Yoko-san é sua tia-avó.

-Já falei pra não me chamar assim, seu traveco. Eu não sei de nada relacionado ao meu pai biológico.

-A velha Yoko está desconfiada que a Akito esteja na casa do Shigure.

-Mas como foi que ela relacionou as coisas, Tori-san?

-Essa é uma boa pergunta Aaya, mas aquela mulher não é nada boba. A Yoko-san deve estar desesperada para que Akito retorne. O Kazuma-san levou a Ren-san para morar na mansão.

-A Ren? Mas porque o professor fez isso.

-Parece que a Ren sabe de mais um segredo dos Sohmas.

-Outro segredo? Cruzes, nunca vi um clã que tenha tantos segredos como o nosso. E cadê a nossa linda patriarca?

-Está no banheiro com a Saki.

Ayame sente que o seu celular havia começado a vibrar dentro da pequena bolsa de mão que estava carregando e com uma enorme agilidade e delicadeza ele o atende.

-Guretti, já encontrei o Tori-san.

-Graças aos céus. Deixe-me falar com o Haa-san.


Ayame passa o aparelho para o médico.

by DonaKyon

30/01/2010

190


Hatori aguardava na sala de espera em frente ao local onde Akito estava realizando os exames. O médico estava muito ansioso, e o fato de não poder fumar, uma vez que estava dentro de um hospital, o deixava ainda mais tenso.

-Porque o dragão foi o último dos animais a sair do lado do kamisama.

Aquela frase não saia de sua mente. Hatori deseja mais do que nunca permanecer ao lado de Akito, mas agora, não o queria apenas porque ele era um dos possuídos e ela era o kamisama, ele queria porque ela era a mulher que ele estava amando.
O médico apóia as mãos atrás de sua cabeça e inclina o corpo para frente, estava se sentindo muito sufocado e inseguro.

#Como a Akito irá reagir quando se lembrar de tudo? O que lhe fiz não tem perdão ..... E o que será de mim? Como vou conseguir viver se ela não me aceitar mais como o seu namorado?#

Hatori sente um leve toque em seus cabelos e depois o perfume suave de Akito ao lhe abraçar, e por alguns segundos o médico teve a certeza de que iria chorar. Ele a abraça com toda a sua força e desespero.

#Eu não conseguirei viver se não a tiver em meus braços. #

Akito inclina um pouco o corpo e lhe sussurra ao ouvido um pouco envergonhada.

-Hatori, todo muito está olhando.

O médico se recorda de onde estavam e a solta e depois se levanta, mas nem olha para os lados. Seu olhar era apenas da Akito, e ela percebe que o namorado estava à ponto de chorar. Ela delicadamente passa a mão em seu rosto e lhe sorri.

-O médico quer conversar com você.

-Você vem comigo?

-Prefiro ficar aqui.

O dragão percebe que a garota estava com um olhar um pouco assustado.

-Ele já lhe falou alguma coisa?

-Não.... Mas algo me diz que eu não serei feliz se me lembrar do meu passado.

-Não se preocupe, eu estarei ao seu lado.... #mesmo que você venha a me odiar, eu sempre estarei ao seu lado#.

O médico a deixa esperando no mesmo local onde antes ele estava sentado. Akito estava sentindo uma forte inquietação dentro de si desde aquela manhã. Era como se algo estivesse lhe gritando para que ela fugisse.

#Eu não deveria estar assim. Deveria estar feliz depois de tudo o que aconteceu ontem à noite. Mas sinto algo a me consumir por dentro. Como se uma terrível tempestade estivesse se aproximando.#

-Aa-chan.

Akito nem precisava olhar para descobrir quem é que estava a chamando. Ela olha em direção da voz, com um sorriso nos lábios. Ouvir aquele “Aa-chan” a fez esquecer toda a angustia que estava sentindo.

#Eu tenho o Hatori que eu amo, tenho amigas queridas e tenho vários primos maravilhosos, todos estão ao meu lado. Nada poderá dar errado.#

-O que vocês dois estão fazendo por aqui?

-Viemos buscar alguns remédios para a minha avó.

-E você? O que está fazendo sozinha aqui?

-Não estou sozinha. O Hatori está ali dentro conversando com o médico.

-O Kyo me contou que se lembrou do seu pai, Aa-chan.

-Sim. Graças a uma conversa que eu estava tendo com o Kyo, acabei me lembrando um pouco do meu pai. Mas foi só isso.

-Aos poucos irá se lembrar de mais coisas.

-Gostaria de me lembrar apenas das coisas que me fizeram feliz, o resto não me importo de esquecer.

-O médico te falou quando irá se lembrar de tudo?

-Não, Kyo. Ele está falando com o Hatori. Ah, Hana-chan, vamos até o banheiro? Kyo espere a gente aqui.

O garoto nem tem tempo para lhe responder, e as duas garotas já estavam indo para o banheiro.

#Hunf. Essa mania de mandar ela não perde mesmo. #

O gato se senta na cadeira onde a Akito estava, mas logo se levanta quando vê que o primo estava saindo de dentro da sala.

by DonaKyon

27/01/2010

189


A elegante mulher desce e se aproxima dos três. Tohru ainda mantinha abraçada à menina devido ao medo que estava sentindo dela tentar abraçar o Momiji novamente.

-Mas mamãe, eu gosto do Momiji-kun como se fosse o meu irmão. A senhora não acha que ele se parece com a gente?

-A Momo-chan vive repetindo isso.

-Mas é verdade mamãe. Olha, ele tem até a cor dos nossos cabelos. Lá na escola ninguém tem um cabelo como o nosso.

-É porque a mãe do Momiji-kun também não é japonesa, por isso ele tem o cabelo claro. Não é mesmo, Momiji-kun?

O garoto apenas balança a cabeça confirmando. Tohru percebe pequenas lágrimas estavam surgindo nos olhos do garoto.

-Vamos entrar senhorita Momo? O Momiji-kun está muito ansioso para começar a aula.

A colegial ia caminhando em direção da casa, enquanto levava consigo a pequena menina pelas mãos, enquanto que a Momo caminhava olhando para trás, e Momiji podia ver o quanto que os olhos da menina estavam brilhando.

Elisa, que havia chegado primeiro do que eles, fica os esperando ao lado da porta de casa deixando que as duas meninas passem e depois quando o possuído passa ao seu lado ela sorri e coloca delicadamente a mão direito no ombro do garoto.
Aquela era a primeira vez que o possuído sentia o toque da sua mãe sob o seu corpo. Desde que Momiji tinha nascido Elisa sempre se recusou a tocar na criança porque tinha medo que ela se transforma-se numa criatura estranha. Momiji por alguns segundos não consegue nem caminhar e nem respirar. Queria guardar para sempre aquela sensação tão delicada e carinhosa da mãe.

Ao ver que o garoto havia parado de andar, Elisa olha para o garoto e lhe sorri.

-Pode entrar Momiji-kun. Fiquei muito feliz por você ser o professor de violino da Momo-chan, assim poderá estar sempre em minha casa.
Momiji ao escutar aquilo abaixa a cabeça e fecha os olhos.

-O-oobrigado....

Aquelas foram as únicas que o coelho conseguiu falar antes que silenciosas lágrimas saíssem de seus olhos. Momiji coloca o braço diante dos olhos para esconder o quanto que ele estava chorando naquele momento.

Elisa lhe olhava toda preocupada, não entendia o que havia dito para o menino chorar daquela forma. Tohru ao ver que o namorado estava chorando fica igualmente emocionada, por ela sabia a razão daquelas lágrimas. Momo estava tão assustada que não conseguia falar nada, e fica imaginando que os dois por serem namoradores deveriam estar sentindo a mesma dor.

-Por que está chorando Momiji-kun?

-Me... me desculpe... é que fiquei com saudades da minha mãe....

Elisa passa a mão delicadamente pelos cabelos do garoto e sente que algumas lágrimas também estavam saindo de seus olhos. Ela se ajoelha no chão e esconde os olhos atrás de suas duas mãos.

-Eu sei como é triste sentir saudades de alguém..... Mas no meu caso eu nem ao mesmo sei de quem é que sinto tanta saudade assim....

Momo solta da mão da Tohru e vai abraçar a sua mãe.

-Mamãe, onde é que está doendo? Não chora mamãe.

-O que dói é a alma da mamãe.... A mamãe sente que se arrepende muito de alguma coisa..... e eu não sei o que é....

Momiji e Tohru olham-se imediatamente, ambos estavam bem surpresos com aquela declaração. No olhar dos dois estava escrita a mesma frase.

#Ela se arrependeu da sua escolha#

-Me desculpem por chorar na frente de vocês, mas é um que sinto esse arrependimento desde que a Momo-chan nasceu.

Tohru se recorda da conversa que teve com a senhora Sohma no dia em que começou a trabalhar na casa.

# -É que a Momo-chan é a minha vida. Acho que morreria se ela não existisse. Sinto que ela curou uma grande dor que sentia na alma, mas nunca descobri o que era. Às vezes sinto como se tivesse me esquecido de algo que foi muito importante em minha vida.#

#A Elisa-san sente a falta do filho que ela esqueceu.#

by DonaKyon

23/01/2010

188


Tohru tenta disfarçar a insegurança que estava sentindo, mas depois se recorda do que Arisa lhe tinha acabado de falar, ela abaixa os olhos e lhe responde com a voz um pouco trêmula.

-Eu não sei.

-Seria tão bom se ela mantivesse esse sorriso que tem em seu rosto agora, e também a sua amizade e a da Hana-chan.

-Eu não conhecia o patriarca antes dela perder a memória. Mas ficaria muito feliz se ela continuasse a ser a nossa amiga.

Momiji olha para frente e percebe que o motorista estava prestando atenção na conversa, mas assim que ele percebe que o garoto estava olhando para ele, através do retrovisor, o homem olha para frente.

#Será que ele escutou o que a gente tava falando?#

-Momiji-kun... o que foi?

-Hum hum nada não. Né né Tohru-chan... será que a Momo-chan irá gostar de ter aulas comigo?

-É claro que sim, Momiji-kun. Vou adorar lhe ver tocando violino.

Momiji encosta a sua testa na testa da Tohru e apenas fica olhando o brilho do seu olhar. Com medo de o motorista escutar a conversa deles sobre Akito, o garoto havia mudado de assunto e agora se mantinha em silêncio.

#Por que estou com essa sensação de que conheço esse senhor de outro lugar. Nunca prestei atenção nos nossos motoristas, mas tenho quase certeza de que esse homem nunca tinha vindo me buscar antes.#

Tohru fecha os seus olhos e segura nas mãos do garoto, e percebe que essas estavam agora um pouco mais frias que o normal, a garota abre os olhos e vê que o garoto olhava com desconfiança para o motorista. Ela se aproxima de seu ouvido e lhe pergunta baixinho.

-O que foi Momiji-kun.

O garoto se arrepia todo, parecia que tinha levado um forte choque por todo o seu corpo. Nunca antes tinha sentido aquilo. Ele olha fixamente e tem a certeza de que não importava o que iria acontecer no dia de amanhã, o que lhe era mais precioso era aquele instante que estava vivendo com ela.

O casal de namorados fica durante o resto do trajeto apenas se olhando. Seus corações batiam um pouco mais dolorido, pois a incerteza havia aumentado na noite anterior quando a Akito começou a se lembrar da sua infância.

O carro para diante da ampla alameda que levava para as casas dos Sohmas que ficavam ao lado de fora da sede. O motorista sai do carro para abrir a porta, se mantendo de cabeça baixa e assim, não deixa que o possuído veja o seu rosto.

Momiji e Tohru o agradecem e começam a caminhar de mãos dadas até a casa. A ansiedade do menino aumentava a cada passo que dava. Estava para realizar um sonho, iria ficar algumas horas do seu dia perto de sua mãe e irmã. Assim que se aproximam da luxuosa casa em estilo ocidental, ele vê que a Momo-chan estava sentadinha na escada que levava a entrada principal da casa. A menina assim que os vêem se levanta e corre com os braços abertos em direção do coelho.

-MOMIJI-KUN...

Um sentimento de alegria e tristeza invade a alma do Momiji. Tudo o que ele mais desejava era correr para abraçar a irmã, mas o pânico o impedem de dar um passo à frente, e ele fica parado e com a mão gelada. Tohru rapidamente solta da mão do namorado e corre para abraçar a menina.

-Muitíssimo boa tarde, Momo-chan.

-Ahh... Tohru-chan, eu ia abraçar o Momiji-kun.

-Quer dizer que a Momo-chan não gosta de mim?

-Eu gosto, mas gosto muito mais do Momiji-kun.

-Momo-chan, a Honda-chan poderá ficar triste com você, não se esqueça que o Momiji-kun é o namorado dela.

Elisa estava conversando com eles no alto da escada de cinco degraus, saiu da casa assim que escutou o grito da filha. A mulher estava tão ansiosa como a menina esperando pela chegada dos dois.

by DonaKyon

21/01/2010

187


Finalmente mais um dia de aula havia terminado. Kyo e Saki caminhavam de mãos dadas pelo pátio do colégio, e era impossível não sentir todos aqueles olhares pesados, cheios de inveja, ódio e fúria para a garota, mas a presença do Momiji que caminhava ao lado deles e da Tohru deixava a situação um pouco mais leve. O garoto conversava e pulava em quanto ia falando, realmente ele estava muito eufórico, afinal naquela tarde, começaria a sua primeira aula de violino para a sua irmãzinha.

Kyo não estava prestando a menor atenção no que o coelho estava dizendo, sua vontade era de mandar todos aqueles que estavam olhando daquela maneira para a sua namorada para o inferno. Já não lhe bastava a sua preocupação com o patriarca, agora tinha essa situação na escola.

#Droga! Como ficará a Saki sozinha aqui na escola, caso eu seja aprisionado? Ela não irá se defender com medo de ferir alguém. Eu não quero deixá-la sozinha... Droga!! Será que a Akito já recuperou a memória dela?#

O garoto sem perceber estava apertando com um pouco mais de força a mão da Saki. A colegial delicadamente puxa a sua mão, depois cruza o seu braço no dele, e volta a segurar em sua mão, mas desta vez entrelaçando os dedos. Ao mesmo tempo em que o coração do garoto dispara, ouvisse vários gritos de protesto e frases de insultos para a garota.

#Não se preocupa. Eu não ligo para elas. Já estou acostumada com isso.#

-Mas eu não acho isso certo! Como você ficará se eu for aprisionado hoje?

Momiji para de falar e tanto ele como a Tohru olham espantados para o Kyo que de repente cortou a conversa do menino e começou a conversar com a Saki. A colegial para de caminhar, mas sem soltar da mão do garoto lhe pergunta com o olhar cheio de incerteza.

-Por que está falando isso?

Momiji também tinha aquele mesmo olhar para a Tohru. A garota não conseguia olhar nem para a amiga e nem para o namorado e acaba abaixando a cabeça. Naquela manhã os três haviam acertado durante o café da manhã que não contariam para eles, que a Akito estava recuperando a sua memória, para dessa forma poupá-los daquela angustia que eles estavam sentindo.

-Deixa pra lá.

-“Deixa pra lá” o caramba, cabeça de mexerica. Não tá vendo que os dois estão aflitos?

Kyo olha com a cara um pouco mais fechada para a Arisa que se aproximava deles. A garota carregava a mochila atrás das costas com a mão direita e a esquerda enfiada no bolso da longa saia.

-U-uo-chan...

-Não quero nem saber o que é que está pegando. Mas acho que vcs devem contar para eles sim.

Arisa para de caminhar ao lado da Tohru e bagunça todo o seu cabelo, enquanto lhe acariciava ao mesmo tempo.

-Precisa perder essa mania de quer segurar tudo sozinha. Agora tem uma pessoa que te ama e que quer dividir todas as suas preocupações com você. Confia no baixinho aí. Já o senhor de cara feia, ficará com ela ainda mais feia se deixar a minha amiga preocupada. Tó indo nessa.

Uotani dá uma piscada de olho para a Hanajima e continua a caminha para sair da escola e ir para o trabalho.

-Tohru, conta tudo para o coelho. Eu falarei para a Saki.

Ele começa a caminhar levando consigo a namorada. Momiji e Tohru entram no carro que esperava pelo possuído e que estava estacionado na frente da escola. O possuído espera que o motorista saia com o carro para começar a conversar com a Honda.

-O que foi Tohru-chan?

-A senhorita Akito se lembrou do pai dela na noite passada.

Momiji lhe olha um pouco assustado, mas depois abre um lindo sorriso e segura em sua mão.

-Que bom, né Tohru-chan? Deve ser muito triste a gente não poder se lembrar daqueles que a gente ama.

-Sim, ela ficou tão feliz quando se lembrou do rosto do seu pai.

-Como será que Akito-san ficará depois que se lembrar de tudo?

by DonaKyon

15/01/2010

186


-O gato foi o primeiro dos animais a se aproximar do Kamisama.

O médico olha para o homem com um olhar ao mesmo tempo de espanto e tristeza, queria que o dragão tivesse sido o primeiro. Ele abaixa a cabeça e pergunta com um tom mais baixo em sua voz.

-E porque me disse que principalmente eu terei que ficar ao lado da Akito?

-Porque o dragão foi o último dos animais a sair do lado do kamisama.

Era impossível não sentir certa nostalgia ao escutar aquilo, e sem entender os motivos, Hatori agora estava chorando. Ele esconde o rosto atrás das mãos e chora baixinho.

-Parece que eu já vivi isso.... Estão vindo cenas como se fossem de um filme muito antigo... Vejo uma pessoa tão linda, de cabelos negros bem longos, e sentada na minha frente. O gato está todo sorridente ao meu lado. Estamos sentados em círculo com os outros 11 animais. Ela está tão feliz e sorridente.....

O Médico agora começa a chora ainda mais, e apóia os cotovelos nas pernas e cruza as mãos atrás da cabeça. Não conseguia dizer nada naquele instante, chorava e sentia a mesma dor que havia sentido há muitos anos atrás.

-....Era isso que ele queria....... Ele não queria que ela fosse feliz apenas com a gente.... Queria vê-la sorrindo e feliz, ao lado das pessoas que eram iguais a ela também.... O gato não nos traiu.....

Kazuma ao escutar aquelas palavras sobre o gato fica emocionado. Pelas lembranças do possuído, aqueles relatos que explicavam o surgimento da maldição eram realmente verdadeiros.

-A verdadeira forma do gato ficou sendo aquela, devido aos sentimentos que os dozes animais e o Kamisama sentiram por ele, por acreditarem que ele não desejava a eternidade porque não queria ficar ao lado de vocês.

-Eu vi cada um deles morrerem depois, mas não havia tristeza em seus olhares, porque sabíamos que nos encontraríamos novamente, e que a nossa festa iria continuar na próxima lua cheia. Eu não queira ter a deixado sozinha novamente.... Fiz de tudo para que ela não perdesse aquele lindo sorriso de seu rosto, mas não consegui..... Eu a deixei sozinha e abandonada...

Hatori agora mordia o lábio inferior e depois aperta com mais força os seus braços, fazendo uma grande pressão sob sua cabeça.

-AAHHHH, Quando foi que começamos a desejar não está mais ao lado dela?..... Como foi que o Kamisama ficou assim? Será que ela ficou ainda mais solitária e triste por nossa culpa? O gato tinha razão, ela tinha que encontrar a felicidade entre os dela, e não isoladamente conosco.... Agora entendo o porquê que ela e o Kyo se aproximaram nesses dias. Na verdade era um antigo sentimento muito adormecido nos dois, e que finalmente teve uma oportunidade de surgir novamente.

Ao escutar aquilo, Kazuma arregala os olhos e sente um frio em sua espinha, lentamente ele vai se sentando no mesmo lugar que estava antes.

-Foram uns quatro dias antes.

Hatori levanta a cabeça e vê que o professor estava um pouco pálido, ele rapidamente passa a mão no rosto para limpar as suas lágrimas e se levanta para medir a pressão do homem.

-O que é que o senhor está sentindo?

-A Eiko-san se matou depois de quatro dias que a Akito retirou o bracelete do Kyo.

-Que?

-Lembro-me de ter encontrado o Kyo chorando alguns dias antes da sua mãe morrer. Vi aquela criança abaixada por entre as árvores perto do Dojo, estava nua e chorava baixinho. Eu já sabia que aquele menino era o possuído do gato. Quando comecei a caminhar para ver o que tinha lhe acontecido, vi a Eiko-san se aproximando dele. Ela chorava muito também enquanto colocava o bracelete no seu bracinho. Depois de cinco dias, eu falei com o Kyo pela primeira vez, no dia do funeral da sua mãe.

by DonaKyon

11/01/2010

185



-Eu não sei que poderei ficar ao seu lado. Ontem eu percebi o quanto que fui cruel com a Akito. Nunca deveria ter mentido dessa maneira para ela.

-O que aconteceu Hatori?

-Parece que ela está recuperando a memória. Ontem ela estava com o Kyo e se lembrou do Akira-sama.

-Com o Kyo?

-Sim, o Shigure acabou de me contar pelo telefone, que os dois ficaram muito próximos nesses dias em que ela está lá na casa.

Ao pensar nos sentimentos do filho, Kazuma consegue finalmente entender o pavor que o médico estava sentindo naquele instante. Aquela Akito que estava morando na casa do Shigure iria desaparecer, assim que voltasse a morar na sede dos Sohmas, retornando a sua memória ou não. Ela não teria a mesma liberdade que estava tendo. Uma vez que Akito colocasse os pés na sede, todos os demais não deixariam que ela e o Kyo continuassem com a amizade deles.

-Você já falou o que sente para a Akito?

-Estamos namorando. E ontem a noite.....

O médico para de falar e Kazuma dá um longo suspiro, ele não precisava continuar a frase, estava no brilho do olhar do médico, na expressão estampada em seu rosto que eles haviam tido a primeira noite deles juntos.

-Fizemos uma enorme crueldade com todos vocês.

-Mas quem irá sofrer mais será ela. Ela irá perder aquilo que nunca pode ter aqui dentro. Certamente, o clã a obrigará continuar com se fosse um homem, para não acabar com a honra dos Sohmas perante as outras famílias.

-Akito precisará mais do que nunca de todos os possuídos do lado dela. Pelo menos os que estão sabendo de tudo devem ficar ao seu lado e protegê-la. Principalmente você, Hatori.

Kazuma agora estava de pé ao lado do médico e com a mão direita em seu ombro esquerdo. Hatori lhe olha certo de que aquele “principalmente você” era pelo fato dele ser o seu namorado, mas o professor continua a falar.

-Durante a pesquisa que estou realizando sobre a maldição de vocês, nos antigos livros da biblioteca, encontrei várias histórias que explicariam o surgimento do enlace de vocês com o kamisama. Mas, existe uma, que já a encontrei em vários relatos de diferentes épocas, acredito que essa seria a provável explicação da maldição dos treze animais e a da verdadeira forma do possuído do Gato.

Ao escutar aquilo o coração do médico bate mais forte. Mais do que nunca ele queria saber sobre a maldição para encontrar dessa forma uma maneira de salvar a Akito.

- Qual seria a explicação, Kazuma-san? Existe uma maneira de quebrar essa maldição?

O professor retira a sua mão do ombro do médico, mas continua a lhe olhar.
-Só encontrei relatos de como tudo começou, mas não há nem um fragmento a respeito de como terminar com a maldição.

-E como começou a nossa maldição.

-O primeiro Kamisama era uma pessoa muito solitária, por que ela temia as pessoas normais, uma vez que ela possuía vários poderes que as outras pessoas não tinham. Ela temia a rejeição dessas pessoas, e por esse motivo preferia viver isolado e num local muito distante de todos. O kamisama nunca conseguiu aceitar que tinha aqueles poderes, nunca se aceitou por ter uma vida tão diferente das outras pessoas que eram iguais a ela fisicamente. Ela sentia uma enorme solidão em seu coração.

Hatori se recorda da conversa que havia tido com a Hanajima no dia em que a Akito perdeu as suas memórias. Se aproveitando de alguns minutos que o patriarca tinha voltado para o carro para descansar, ele conversou com a garota tentando entender as suas razões para mentir daquela maneira para a Akito.

#É por isso que as duas ficaram tão próximas. A Hanajima se sentia exatamente dessa maneira até encontrar a Tohru Honda e a outra amiga delas. As duas se sentiam solitárias por terem poderes diferentes das outras pessoas#

by DonaKyon

09/01/2010

184


O Kazuma e a Ren foram os únicos que perceberam a visível alteração na mulher, já o médico estava tão alterado por ver a Ren falando da Akito que não consegue mais se segurar.

-Akito era uma criança quando fez aquilo.

-Continua o mesmo estúpido de sempre, não é mesmo Hatori? Vocês e o maldito enlace com o Akito.

-Ren-sama, por que está perguntando sobre esse fato agora?

-Kazuma-san, o que a Ren está fazendo aqui na mansão?

Yoko percebe que aquele era o momento perfeito para mudar de assunto e assim conseguir um pouco mais de tempo para colocar o seu plano em prática.

-Ela mesma acabou de me falar. Quer voltar a morar na mansão como esposa do patriarca.

Hatori ao escutar aquilo olha espantado para o professor Kazuma. Era impossível não perceber a beleza da Ren, assim como não dava para evitar de perceber a sua loucura também.

-Hatori, vamos conversar lá no Dojo. Creio que as senhoras precisam esfriar um pouco os seus ânimos.

Os dois saem da biblioteca deixando as duas mulheres sozinhas e que se olhavam cheias de ódio.

-É impressão minha ou não quer mesmo que eu fale com o Kazuma-sama sobre esse assunto?

-É realmente uma mulher louca e desequilibrada. Mas os seus dias serão curtos nessa mansão. Até o final de semana Akito-sama estará de volta.

Ren sabia que aquilo iria acontecer, mas não queria que fosse tão rápido. Tinha que antes se vingar daquela mulher, todos no clã precisam saber que o antigo patriarca era o filho de uma empregada. Assim ela se vingaria não apenas da Yoko, mas de todos os Sohmas que sempre a humilharam por ela ter sido uma empregada. E também da própria Akito que sempre sentiu vergonha por causa disso.

-Mas muita coisa pode acontecer antes disso.

Ren com a mão direita joga seus longos cabelos negros para trás e passa pela velha governanta.

#Maldita louca. Somente uma coisa irá acontecer aqui.#

Yoko caminha até a mesa e coloca o antigo livro no meio dos livros que estavam sendo pesquisados pelo Kazuma.

#Preciso conversar com o idiota do meu sobrinho.#

Kazuma e Hatori caminhavam em silêncio para o Dojo e ao notar que o médico estava um pouco nervoso, Kazuma coloca a mão em seu ombro e lhe sorri.

-Está muito apaixonado por ela, não é mesmo?

O médico lhe olha espantado. O Shigure e o Ayame fazerem aquele comentário era algo bem esperado, mas já o professor, que não sabia do que estava acontecendo entre Akito e ele, falar aquilo, o faz perceber qual foi a verdadeira razão para o Kazuma sair da biblioteca com ele.

-Podemos conversar na minha casa?

Kazuma apenas confirma que sim com a cabeça e os dois caminham em silêncio até a casa do médico, ao chegarem lá, Kazuma se senta no sofá e tira o maço de cigarros do bolso do paletó, e antes de se sentar na poltrona a frente do professor, ele acende o cigarro.

-Já realizou os exames que precisava na Akito-san?

-Ainda não. Vou levá-la hoje à tarde.

-E mesmo assim ela poderá voltar no final de semana?

-Por mim ela não voltaria nunca mais. Foi esse clã que a transformou naquela pessoa. A Akito verdadeira não é daquele jeito.

-Mas ele tem que voltar. Ela é a líder desse clã.

Hatori dá uma longa tragada e depois apaga o cigarro.

-Ela precisa voltar mesmo?

-Akito-san pode não se lembrar de nada, mas ainda é o patriarca dos Sohmas e a kamisama dos possuídos. E ela precisará assumir a essas funções, mesmo sem se lembrar de nada.

-Como iremos explicar para a Akito que ela sempre foi criada como se fosse um homem e sobre a nossa maldição?

Kazuma percebe o quanto que o médico estava angustiado.

-Você conseguirá protegê-la aqui também.

O médico apóia a cabeça nas mãos e os cotovelos em suas pernas. Sentia uma angustia que o amedrontava todo por dentro.

by DonaKyon

07/01/2010

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Ren retira a sua mão do braço da velha governanta.

-O que tinha na carta da Eiko-chan?

-É por isso que está aqui? Pois, pode ir embora. Eu não sei de carta alguma.
Yoko volta a caminhar em direção da porta.

-Acabei de me recordar que a Eiko-chan se matou poucos dias depois que Akito retirou o bracelete do gato.

A governanta ao escutar aquilo para de andar, mas ainda se mantém de costas para a Ren, que agora estava parada em pé no meio do quarto, olhando atentamente para descobrir qual seria a reação da mulher.

-Não foi isso? Creio que ela se matou depois de três ou quatro dias.

-Não me lembro.

-É mesmo?! Creio que o possuído do gato deverá se lembrar. Afinal, aquela experiência deve ter lhe marcado.

#Maldita Ren. O que o Kazuma-kun está pretendendo com essa mulher aqui?#

Yoko volta a caminhar deixando a Ren sozinha em seu antigo quarto.

#Por que nunca me lembrei disso? Sempre achei estranho o fato de aquela menina ter se matado, a Eiko-chan não era o tipo de pessoa que faria isso. E se ela realmente o fez, certamente teve um forte motivo para isso. Mas qual seria?#

Yoko volta para o seu quarto e retira de dentro do armário o antigo livro que havia retirado da biblioteca na noite anterior.

#Malditos! Malditos! Mil vezes malditos!#

Yoko, devido a sua idade, não conseguia andar tão rápido como ela gostaria. As empregadas que a encontram entre o percurso realizado entre o quarto da Ren e o da velha governanta, mal se atreviam a olhar em seu rosto, sabiam que a mulher estava morrendo de ódio por alguém.

#Onde a idiota da Akito se meteu? Ela tem que voltar. Tem que tirar essa mulher daqui. O Kazuma-kun não pode ficar nem mais um dia aqui na mansão#

Ela entra e se tranca no quarto. Caminha até uma gaveta de sua cômoda retiramdo o antigo livro, que havia pegado da biblioteca na noite anterior.

#De uma maneira ou de outra, o Kazuma-kun irá sair daqui. #

A mulher esconde o livro dentro da manga de seu quimono e caminha até a biblioteca. Ela bate na porta e espera o professor responder e entra.

-Kazuma-sama, por favor, me diga onde Akito-sama está?

-Infelizmente não poderei lhe dizer.

-Entenda que sou uma mulher velha. Sempre cuidei do patriarca, ele deve estar sentindo a minha falta também. Preciso saber como está a saúde do patriarca.

-Akito nunca se sentiu tão bem como está agora.

Kazuma e Yoko olham em direção da porta e encontram o médico que entrava.
-Se o patriarca está bem de saúde, por que é que não está aqui?

Hatori fica um pouco desconcertado por ter cometido aquela gafe .

-Que ótima notícia Hatori. Acredita que Akito voltará dentre de quantos dias?

-Creio que até no próximo final de semana.

-É uma grande notícia mesmo. Mas não posso falar com Akito-sama, nem por telefone?

Hatori olha para Kazuma, a espera de mais uma ajuda, mas agora, tão pouco o professor, sabia o que falar.

-Já vai correr para falar ao Akito que estou aqui e ver se assim ele volta antes?

-Era exatamente isso. Não acho certo que você fique nessa casa. Akito-sama ainda é o patriarca oficial do clã dos Sohmas, e sabe o que ele sente por você!

-Ele me odeia, tanto quanto eu o odeio!

Hatori estava um pouco chocado ao ver que a Ren estava dentro da mansão, mas ao escutar aquilo, ele precisa se controlar para não lhe responder, afinal ela estava falando à respeito da mulher que ele amava.

-Se sabe disso, o que faz aqui? Essa casa é o local onde nunca deveria ter entrado.

-Por favor, senhoras...

-Kazuma-sama, pergunte ao filho da Eiko-chan, qual foi o dia em que o Akito tirou o seu bracelete e viu a sua forma monstruosa pela primeira vez.

Ao escutar aquilo, Yoko fica completamente branca e olha para o Kazuma com os olhos bem arregalados. Era impossível se controlar naquele instante. Sentia que a qualquer momento tudo poderia ser revelado.

by DonaKyon