03/10/2009

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O patriarca estava tendo que fazer tudo por ela mesma, e não estava se saindo muito bem. Havia derramado muita coisa pela mesa antes de colocar no prato. Hatori dá um pequeno sorriso e vai se sentar no único lugar disponível e que ficava próximo da Hanajima e do irmão dela. Apesar de tudo, era divertido ver Akito naquela situação tão desastrada.

#Como eu vou a convencer para que fique aqui por alguns dias? Para ela, não posso dar a mesma desculpa que darei na sede.#

Hanajima olha para o médico e depois vira o rosto e olha para a Akito.

-Aa-chan, por que é que não fica aqui, na casa do Shigure-san, por alguns dias?

-Mas por quê? Eu não moro na sede?

-Sim, mas não acha que a sua memória poderia voltar mais rápido se ficasse mais tempo comigo e a Tohru-chan?

-E por que é que não vão para a sede comigo?

-É que a gente não se sente muito bem lá. A sua família é bem tradicional e cheia de etiquetas. A Aa-chan mesmo estava pensando em morar um tempo fora da sede. Nos últimos tempos, sempre falava que estava se sentindo muito presa e cheia de coisas para fazer, e que queria umas férias.

Akito coloca o hashi sob a mesa. Não adiantava duvidar da amiga, se ela estava falando aquilo é porque era a verdade. Mas, não saber nada do seu passado a estava deixando muito angustiada. Naquelas horas que tinha conversado com as garotas, pouco tinha perguntado sobre ela mesma, não sabia o que fazia antes, se ia a uma faculdade, quem eram os seus pais, não sabia nem que idade tinha. Ela olha para todos que estavam comendo e conversando naquela mesa, e já se sente um pouco mais familiarizada com eles.

#Talvez a Saki-chan tenha razão. Acho que vou me sentir pior na sede, lá haverá muito mais rostos estranhos. E eu estou me sentindo bem aqui com elas. #

Hatori se limitava a escutar a conversa das duas, mas sem demonstrar que ouvia tudo, continuava comendo de cabeça baixa e em silêncio.

-Tem razão Saki-chan.... Acho que ficaria melhor se ficasse aqui por um tempo.
Hanajima segura em sua mão e lhe sorri.

-Verá como isso te fará se sentir bem melhor.

#Muito obrigado, Hanajima!#

Saki apenas olha para o médico e depois chama a Tohru, que até então conversava com o Momiji, para falar a novidade.

-Ela disse “de nada”.

-O Hanajima-kun também consegue ouvir os pensamentos?

-Não. É que conheço muito bem a Saki-chan. Aquele olhar dela para você queria dizer isso.

-Como descobriu a nossa maldição?

-O Kyo me contou ontem. Por algum motivo, a Saki-chan não consegue ouvir os pensamentos dele e ele quer que eu descubra o porquê para que assim ela deixe de escutar os pensamentos dos outros também.

-Entendi.

-Portanto, se tiver que apagar as memórias das garotas, terá que apagar as minhas também.

O menino volta a comer, e o médico novamente observa a Akito.

#Será que ela se lembrará depois de tudo isso? ... Eu deveria ter me especializado em neurologia como o meu pai queria.#

O jantar ocorre de maneira muito descontraída. O Shigure e o Ayame começaram a inventar várias histórias divertida da infância da Akito com o trio amigos do peito, e faziam aquilo tão bem, que todos estavam começando a acreditar que tudo era verdade. Diziam que naqueles dias em que ela ficaria na casa, eles iriam contar muitas outras histórias do passado vergonhoso da garota. Ao final do jantar, Akito sentia que estava um pouco mais próxima dos primos. Hatsuharu estava sentado a sua frente e durante todo o jantar, ela ficou vendo o machucado em seu rosto, sem se lembrar que tinha sido feito por ela mesma.

-Hatsuharu, como foi que se machucou assim?

-Err... Foi numa briga que tive essa tarde.

-Tomará que não fique marca. Você parece ser bem vaidoso, acho que isso te deixaria um pouco chateado.

-É você tem razão..... Mas, talvez tenha valido a pena ganhar essa marca.

A garota não entendeu o que ele estava falando, mas não teve a oportunidade de continuar a conversa, porque o médico estava ao seu lado e lhe chamava.

by DonaKyon

01/10/2009

142


Yuki que estava em pé, assim como os demais, abaixa a cabeça e continua falando a respeito da carta.

-Ele falou de uma carta que ela tinha deixado dizendo que não suportava mais estar ao lado dele, e que se ao menos ele fosse o possuído pelo rato, eles teriam sido felizes.... E que o Kyo me odiava por causa daquilo. Por que a mãe dele tinha desejado ser a mãe do rato.

Mesmo não se sentindo mais culpado pela morte de sua mãe, era difícil para o garoto escutar tudo aquilo.

-Mas o que me chamou a atenção hoje é que, no final, quando Akito me disse que eu tinha conseguido a proeza de ter sido odiado por todos, ele naquele momento me olhou da mesma maneira que o Kyo sempre me olhava, estava cheio de ódio por mim. Eu acredito que Akito também me culpava pela morte da Eiko-san, e foi por isso que ele começou a me torturar.

Shigure para um pouco para pensar.

-Sim... Isso faz sentindo. Creio que o descontrole emocional da Akito começou após a morte da Eiko-san.

-A Saki me falou que o patriarca achava que a minha mãe só deu a luz ao possuído do gato como sendo uma punição ao fato dela ter gostado dele.

-Akito me falou isso ontem também. Ela mencionou que a maldição do kamisama era perder todos aqueles que gostassem dela.- Hatori fala olhando para os demais.

-Acho que nem o pai do Kyo sabe da existência dessa tal carta. Ele nunca me contou nada a respeito disso.

-Provavelmente isso ficou apenas entre o pessoal da mansão. Nem mesmo eu sabia de tal carta.

#Pelo visto irei descobrir muitos outros segredos depois que estiver na mansão do patriarca.#

-Talvez a Yoko-san seja a única pessoa que saiba de todos os segredos do clã.

-Talvez, Tori-san? Eu tenho certeza! Aquela velha está há muitos séculos como a governanta da mansão, acho até que ela está ali o mesmo tempo que existe a maldição nos Sohmas.

-Sim, a Yoko-san já estava na sede quando eu nasci.

-Foi isso mesmo Megumi-kun... A Tohru-chan tomou um banho com a água do tofu e tudo ficou no chão.... A Uo-chan depois falou que o tofu fez muita falta no missoshiro.

-A Arisa-chan acredita que a Tohru-chan, naquele dia, correu tão rápido que era possível que ela ganhasse até uma medalha de ouro numa competição.

-E depois, quando já estávamos dentro da minha casa, levei a maior bronca da Uo-chan. Falou que sabia se virar sozinha.


Hanajima tinha falado um pouco mais alto que o normal para chamar a atenção dos demais que elas estavam voltando para a sala e o Shigure faz sinal para eles voltarem para lá. Ainda custava muito para todos verem aquela pessoa na frente deles. Akito estava ajudando as garotas a colocar os pratos na mesa, justamente ela, que nunca tinha precisado ir até a cozinha para conseguir um copo de água, agora estava arrumando a mesa para o jantar.

Akito escutava mais do que falava. Ainda estava se sentindo muito confusa e estranha. Mas, escutar a história de quando a Tohru-chan tinha conhecido a outra amiga de escola delas, estava sendo muito divertido para ela. E ela sorria de uma maneira muito tranqüila.

Hatori é o último a voltar para a sala. Todos os outros já tinham escolhido um lugar e estavam sentados. Akito estava sentada quase na ponta da mesa, no meio das duas garotas. Era evidente que ela só estava conseguindo se sentir um pouco mais a vontade com elas. Ele fica por algum tempo apenas olhando para Akito. Para ele, aquela garota não era tão estranha assim, sentia como se a tivesse olhado de relance naqueles últimos dias. Parecia que a tinha visto correndo pela sua frente, mas que depois ela tinha ido se esconder num lugar muito escuro e de difícil acesso, dentro do coração do patriarca.

#A primeira vez que a encontrei foi quando ela acordou daquele pesadelo e começou a chorar imaginando que tinha me ferido novamente. Após tantos anos, eu descobri o quanto que ela sofria por ter quase me cegado.#

by DonaKyon

27/09/2009

141


-Quer dizer que o Haru só gosta de mim por que ele é doente?

-A obsessão doentia que ele desenvolveu por você nesses últimos dias, isso sim, era uma doença. Na verdade, o Haru e a Kagura, em algum momento de suas infâncias criaram uma outra pessoa dentro deles. A Kagura aceitou fazer o tratamento um tempo atrás, e foi através dela, que eu descobri o real motivo deles terem criando essa dupla personalidade. Tanto a Kagura, como o Haru, queriam ser amigos do possuído do gato. Os dois a criaram para poderem sobreviver dentro do clã. Eles desenvolveram a dupla personalidade para assim terem coragem de enfrentar os demais e até mesmo a eles próprios, que se sentiam mal por desafiarem o kamisama, e dessa forma poderem ser seus amigos.

-Tudo isso por causa da mente distorcida de alguns do clã, que ainda insistem em isolar o possuído do gato. Eu ficarei muito feliz, se nesse período em que serei o patriarca, se conseguir consertar um pouco as coisas para os possuídos. Para todos vocês e não apenas para o Kyo.

Ao ouvir aquilo, Kyo se recorda da conversa que tinha acabado de ter com a Saki.

-Mestre, por que nunca me contou que a minha mãe tinha sido a babá do patriarca?

-A Eiko-san? Eu não sabia disso também.

Kazuma olha para os três possuídos mais velhos. Tinha acabado de descobrir outra informação que apenas alguns sabiam. Shigure olha em direção da cozinha e depois aponta para o seu escritório. Depois do que tinha acabado de saber sobre o ocorrido daquela tarde, ele acha melhor levar todos para lá e assim evitar qualquer tipo de problema.

O trio amigos do peito olham-se entre si. Nenhum deles queria falar sobre aquilo.

-É melhor você contar tudo Guretti. Afinal você foi o único que ficou mais próximo da Akky e que sabe de todos os detalhes.

-Tudo bem. Sim, a mãe do Kyo foi a babá da Akito quando ela era criança. Pode-se até dizer que a Eiko-san era a mulher que mais estava próxima da figura de mãe para a Akito. Após a morte do Akira-sama, a Eiko-san era a única pessoa que a Akito deixava chegar perto dela. Ela trabalhou na mansão até o dia em que se casou com o pai do Kyo, e a Akito se sentiu abandonada, ou melhor, se sentiu trocada. Depois de um tempo a Eiko-san ficou grávida e o Kyo nasceu. Após o nascimento do gato, Akito nunca mais viu a Eiko-san. Sempre se recusou a falar com ela.

-É por que esconderam isso de todos?

-Isso eu não sei ao certo, Kazuma-san. Só sei que alguns dias depois do casamento da Eiko-san, a velha da Yoko veio e nos proibiu de tocar naquele assunto para não deixar a Akito ainda mais triste. E com o tempo a gente até acabou se esquecendo que a Eiko-san tinha sido a babá da Akito.

-Hoje eu me lembrei de algo que o Akito me falou quando eu era criança. Foi um pouco depois que o Hatori apagou as memórias dos meus amigos. Ele contou sobre uma carta que a Eiko-san tinha deixado quando ela morreu.

-Carta? A minha mãe deixou uma carta?

-Disso nem mesmo eu estava sabendo Yuki-kun. E o que dizia essa carta?

Yuki olha para o possuído do gato. Não queria falar na frente dele o conteúdo da carta, pois sabia que o garoto iria odiá-lo ainda mais depois daquilo.

-Errr... Eu não me lembro bem... Era uma criança...

- A Ratazana pode falar o que tinha na carta. Tá na cara que você se lembra.

-Eu só me lembrei disso, depois que o Shigure me contou a história da Eiko-san. Um dia durante mais uma das sessões de tortura psicológica de Akito. O patriarca mencionou sobre o suicídio da mãe do Kyo. Acho que aquela foi a primeira vez que ele me contou sobre a morte da mãe dele.

by DonaKyon