12/12/2009

173


-Hanajima-kun, o Kazuma-san lhe mandou alguns documentos para a sua pesquisa.

-Muito obrigado.

-Conseguiu descobrir alguma coisa sobre o problema da Akito?

-Ainda não.

Diferentemente do dia anterior, escutar aquela resposta do garoto havia lhe deixado um pouco mais tranqüilo.

-Então é por isso que acabou aquele barulho todo. É o Hatori quem está lavando a louça.

-Boa tarde Hatori-san, Megumi-kun.

Kyo e Saki apareciam na porta da cozinha.

-Espero que tenha cozinhado direito para a Akito.

O gato fica imediatamente roxo de vergonha. Ele nem tinha imaginado no que os outros possuídos iriam pensar quando ficassem sabendo que ele tinha lhe cozinhado.

#Só espero que ela não tenha contado o que me obrigou a cozinhar, graças a minha namorada.#

-Hatori-san, creio que a Aa-chan se lembrou de algo do passado dela.

Ao escutar aquilo o médico coloca o prato que lavava na pia e olha atentamente para a garota.

-É. Ela se lembrou de um lance que a minha mãe fazia. Acho que as duas brincavam daquilo.

-Mas porque ela foi se lembrar de algo que lhe aconteceu quando era criança? Será que a memória dela voltará dos fatos mais antigos para os mais recentes?

Megumi apenas acompanhava a conversa dos três sem demonstrar a menor intenção de que falaria alguma coisa.

#Pelo visto eu estou certo. Creio que a minha teoria está certa, e isso explicaria o fato da Saki-chan ter lançado a maldição tão perfeita na sua primeira vez.#

-Hatori, como estão as coisas lá na sede?

-Deu tudo na reunião, e o Kazuma-san pediu para que não vá até o Dojo nos próximos dias.

-E por que não?

-Os motivos ele não me disse.

Kyo olha um pouco desconfiado para o médico, mas se o Mestre tinha dado aquela ordem alguma razão deveria haver por detrás dela.

-Ahahahah... Quer dizer que a omelete com nirá do Kyo é muito boa...

-A batata ao misô estava um pouco salgada
, mas estava bom também.

Akito, Momiji e Tohru retornavam para a cozinha enquanto conversavam sobre o menu do almoço, e ao chegarem percebem que o Hatori estava se segurando para não ri e que o garoto dos cabelos laranjas estava com o rosto todo vermelho.

-Mas o Kyo pode deixar que eu cuidarei do jantar. Vou preparar algo muito especial para comemorarmos as aulas de violino que o Momiji-kun irá dar a Momo-chan.

Querendo mudar o tema da conversa, Kyo olha para a Tohru como se fosse o seu tutor e lhe pergunta cheio de autoridade.

-Eih? Não vai trampar hoje não?

-Hihihihi... O Kyo não quer que ninguém mais cozinhe para a Akky... hihihihihi...

-CALA A BOCA SEU COELHO IDIOTA!!

-AHAHAHHA

Momiji sai correndo da cozinha com o gato correndo atrás dele. Akito acha estranho o fato de o Kyo ter chamado o primo de “coelho”, mas não faz nenhuma pergunta e volta a secar a louça.

Megumi observava atentamente a tudo que estava acontecendo e a reação de cada um enquanto estava sentado à mesa e comendo um dos pêssegos que estavam na fruteira sob a mesa. Hanajima olha para o irmão e percebe que ele tinha descoberto algo muito importante. Os olhares dos dois irmãos se cruzam e sem dizerem nada os dois saem da cozinha, deixando o casal de namorados terminando de lavarem a louça do almoço e a Honda já a procura do que iria cozinhar para a janta.

Os irmãos Hanajima vão para o jardim ao lado da casa para poderem conversar, sem que os outros ouvissem.

-O que descobriu Megumi-kun?

-Provavelmente a razão de a sua maldição ter dado tão certo. A Saki-chan também já descobriu?

Saki caminha até a beira do pequeno laguinho que havia no jardim e se abaixa para mexer em algumas pedrinhas, o seu irmão se abaixa ao seu lado.

-Sim.... A minha maldição só funcionou porque a Akito também desejava se esquecer de quem era.

-Exatamente isso.

-É por isso que ela não quer saber do seu passado, a sua intuição lhe diz que ela não deve se lembrar de nada.

-Creio que ela só se lembrará dos momentos que a fizeram feliz.

by DonaKyon

10/12/2009

172


#Você não pode voltar a ser aquela pessoa triste e solitária. Eu não permitirei que o clã dos Sohmas a transforme naquela Akito novamente. Lhe protegerei até o fim. De agora em diante, você não será mais a refém daquele clã maldito e nem dos possuídos, você será livre para ser a Akito que quiser se tornar, e eu estarei ao seu lado para proteger a sua liberdade.#

Hatori se afasta um pouco para lhe olhar e pergunta todo sorridente.

-Como está sendo a sua primeira vez lavando uma louça?

- É a minha primeira vez?

O possuído apenas confirma que sim com a cabeça abrindo ainda mais o seu sorriso.

-Então é por isso que estou sendo esse desastre. Já acabei com dois frascos de detergentes e ainda nem lavei a metade da louça.

-Ahahahha, dois frascos??... ahahah

-Por que está rindo? Vai-me dizer que estou usando pouco detergente?

-AHAHAHHA...

Hatori ria como há muitos anos não fazia, ele mesmo, já nem se lembrado dos motivos que o tinham feito parar de rir daquela maneira. Ele a vira e desamarra o laço do avental.

-Pode deixar que eu termino. É melhor que você as enxugue.

O médico veste o avental e começa a lavar a louça, enquanto que a garota ia secando com um pano as peças que ela já havia lavado.

#Só espero terminar de lavar isso antes que aqueles dois idiotas apareçam por aqui. Certamente eles iriam me azucrinar até os dias finais da minha vida.#

-Obrigada por me ajudar, Hatori.

-Não precisa agradecer. Afinal, essa é a minha obrigação como seu namorado.

plafttt

Akito havia deixado cair a vasilha de alumínio que estava secando ao escutar aquilo e aquela reação faz com que o médico se sinta um pouco sem jeito, afinal acreditava que não tinha mais idade para falar aquele tipo de frase tão piegas.

-Namorados?

-Você não quer? Acha melhor esperar retornar a sua memória?

-Não! Não! Quero sim!

O médico vira um pouco a cabeça para olhar a garota e vê o quanto que ela estava sorrindo e um pouco vermelha enquanto secava mais um prato.

-Cadê os outros?

- A Tohru chegou chorando e saiu com a Saki. Os outros eu não sei onde estão.

-Quem te colocou para lavar a louça?

-Foi o Kyo. Como ele cozinhou, eu tive que lavar a louça.

BLANTH

Agora era a vez de o médico derrubar a louça dentro da pia. Mas o choque de saber que o gato tinha cozinhado para o Kamisama, que o Kamisama havia comido e que depois o Kamisama estava obedecendo a uma ordem dada pelo possuído, tinha sido enorme.

-Como foi a reunião?

-Está tudo acertado. Não precisa se preocupar com o clã nos próximos dias, e amanhã cedo lhe levarei ao Hospital para realizarmos alguns exames.

-Precisamos mesmo?

A voz da garota havia saído um pouco mais baixa e manhosa. Tudo estava indo tão bem desde que ela tinha acordado daquele desmaio, e agora sentia medo de voltar a ter a vida de antes. A sua intuição lhe dizia que ela não iria mais ficar feliz se voltasse a se lembrar de tudo.

O médico entende que ela não estava querendo retornar tão rapidamente para a sede, e começa a suspeitar que ela tivesse se lembrado de algo.

-Se lembrou de alguma coisa?

-Ainda não.

-Tudo bem. Então amanhã iremos a outro lugar. Aonde quer ir?

-Ahahahha, como é que eu vou saber? Esqueceu-se que eu não me lembro de nada do que tem nessa cidade?

-Porque não a leva num parque de diversão? Certamente a Aa-chan gostará de andar na roda gigante.

Aquela voz infantil que vinha por de trás de suas costas, faz com que os dois fiquem arrepiados ao mesmo tempo.

-Olá Megumi-kun.

-Boa tarde Aa-chan, Hatori-san.

-Boa tarde, Hanajima-kun.

-Aa-chan, sabe onde a minha irmã está? A Tohru-chan me falou que ela entrou.

-Não a vi Megumi-kun, e cadê a Tohru?

-Está lá na frente com o Momiji-kun.

-Hatori, eu já volto para terminar de secar.

Akito coloca o pano sob a pia e sai para falar com a colegial, deixando os dois na cozinha.

by DonaKyon

08/12/2009

171


O coração da Tohru ao ver o namorado naquele estava fica muito dolorido. Ela então percebe que ele tinha passado o dia todo naquele estado, e assim como ela, ele também estava com medo, mas o seu medo era de perdê-la.

As duas garotas se aproximam da casa e Hanajima vê que o namorado estava na janela do quarto e que lhe fazia sinal para ela ir até lá. A colegial entra na casa sem falar nada, e deixando a Tohru sentada ao lado do garoto que nem tinha percebido que a namorada estava ao seu lado.

Honda delicadamente encosta os seus lábios em sua bochecha lhe beijando docemente. Ao sentir aquele suave toque, o coração do possuído volta a bater tranquilamente, ele não precisava lhe perguntar mais nada, pois já sabia que ela havia entendido o seu medo e que iria permanecer ao seu lado até o último momento.
O coelho se levanta e começa a agitar os braços enquanto falava com a namorada.

-Né... né... Tohru-chan... Não irá acreditar no que acabou de acontecer?

-O que foi, Momiji-kun?

-A Akit....

O som de um veículo se aproximando faz com que o garoto pare de falar, e rapidamente eles olham. Sabiam que naquela tarde aconteceria a reunião do clã dos Sohmas para comunicar o afastamento de Akito. Hatori sai do carro cheio de pressa, tudo o que ele queria era ver como a Akito estava.

-Boa tarde Momiji-kun, Honda-san.

-Muitíssimo boa tarde Hatori-san.

-Olá Harry. Como foi a reunião?

-Deu tudo certo.

O médico lhes cumprimentavam enquanto caminhava e lhes respondiam ao mesmo tempo em que passava ao lado deles, era visível que ele não queria parar para conversar, mas um pouco antes de entrar na casa, o dragão para e se vira para olhar o Momiji.

-Ah, Momiji-kun. Você será o professor de violino da sua irmã.

-É SÉRIO, HARRY?

Hatori apenas lhe sorri vendo o brilho de felicidade em seus olhos e depois entra na casa do escritor deixando do lado de fora os gritos de felicidade do meigo casal. Ele tira os sapatos enquanto procurava pela Akito na sala, mas não a encontra.

#Será que ela está no quarto?#

O médico estava caminhando diretamente para as escadas, sem se importar com o grande barulho que vinha da cozinha, mas o som da panela caindo no chão foi tão alto que ele acabou virando a cabeça para ver quem era aquela pessoa tão desajeitada.

-A-KI-TO???

A garota que estava pegando a panela do chão, com as mãos e várias partes dos seus cabelos cheios de espumas, olha e vê que o médico estava parado na porta da cozinha lhe olhando todo chocado.

-Boa tarde Hatori.

-Mas...? Mas...?

O médico olha para os lados, para ver se encontrava alguma explicação para aquela visão. Nunca em toda a sua vida tinha pensado que veria algo parecido com aquilo, o patriarca dos Sohmas cheia de espuma de detergente lavando a louça do almoço.

Akito se levantava com a panela em suas mãos e abre um lindo sorriso para o médico. Era o mesmo sorriso que ela tinha quando era criança, quando não sabia que seria o patriarca do clã e nem o que representaria em sua vida ela ter nascido como o kamisama dos possuídos.

Hatori não consegue mais se segurar e rapidamente a abraça. Akito podia sentir o quando que o coração do médico estava batendo forte naquele momento. Ela fecha os olhos e sente o calor daquele abraço preenchendo a sua alma. Era um sentimento tão forte que ela queria que nunca mais acabasse. Parecia que não haveria nenhum outro lugar do mundo capaz de lhe dar a aquela mesma felicidade e segurança que ela estava sentindo naqueles braços. Novamente o som da panela caindo no chão ecoa pela cozinha, e Akito, agora o prendia em seus braços também. Não precisavam falar nada e nem se beijar, somente aquele abraço já era o suficiente para eles declararem o amor que um sentia pelo outro.

O toque das mãos de Akito em suas costas, a suave pressão que ela fazia ao encostar a cabeça em seu peito, o coração dela batendo no mesmo ritmo que o dele, tudo aquilo, fez o médico desejar que ela nunca mais voltasse a ser o patriarca de antes.

by DonaKyon