08/10/2009

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-Ai... ai.... casa cheia é casa vazia.... que dia tivemos hoje....

O escritor praticamente se joga no sofá ao lado do local onde Akito estava sentada. Tohru voltava da cozinha trazendo algumas xícaras de chá para eles tomarem antes de dormirem. Kyo estava sentado no chão, encostando-se à parede e Yuki estava numa das cadeiras. Para todos que ali estavam aquela tarde tinha sido um pesadelo, mas agora estavam se sentindo um pouco mais tranqüilos. Akito olha para o rosto deles e percebe que cada um tinha uma alegria diferente em seu olhar.

Shigure olha para a Akito e também percebe que ela estava diferente depois que tinha ido até a biblioteca com o Hatori.

-Estou com um pouco de ciúmes, mas fazer o quê? Boa noite crianças. E Yuki, tente não perder a hora do colégio amanhã....

#Mas eu não posso reclamar, até que demorou muitos anos para ela encontrar alguém que deixasse aquele brilho em seu olhar.#

O escritor pega a sua xícara e sobe para o seu quarto.

-Aki-san, eu lhe emprestarei uma camisola e algumas peças de roupa para amanhã. O Ayame-san disse que a noite lhe trará um guarda-roupa novo.

-Tohru-chan, por que é que mora aqui com eles?

Kyo e Yuki ao ouvirem aquela pergunta olham para Akito. Era realmente espantoso ver que o patriarca não se lembra nem de suas próprias ações.

-Isso foi graças a você, Aki-chan. Eu fiquei órfã em maio, depois de um tempo morando com o meu avô tive que me mudar e não tinha onde morar. Quando você ficou sabendo do que estava acontecendo comigo, me permitiu morar aqui.

#Mal sabe a lesada das reais intenções que ele tinha.#

Kyo se levanta do chão e começa a subir as escadas sem ao menos falar “boa noite” para os outros que ficavam.

-Você pode até ser bem bonitinho, mas é muito mal educado.

ZA-ZAASHHH TUUMMMM

-KYOOO! O SENHOR SE MACHUCOU??

O garoto, ao escutar Akito o chamando de “bonitinho”, tinha caído de testa no meio do degrau da escada.

-É CLARO QUE NÃO ME MACHUQUEI. E BOA NOITE PRA VOCÊS!!!

O gato volta a subir a escada pisando bem mais firme dessa vez.

-Ele não deve considerar uma testa com um galo daquele tamanho como machucado.

Akito havia falado aquilo mais para ela mesma do que para os outros dois.

-hihihi....hihihi.... HIHIHIHI....... AHAHAHAHAHAH

Yuki não tinha conseguido se segurar, agora estava rindo bem alto.

-PARA DE RIR SEU RA... SEU CRETINO!!


O gato gritava do corredor dos quartos, e o Yuki começa a rir ainda mais, aquela era a primeira vez que tanto Akito como o Kyo ouviam os sons das risadas do possuído. Aquela cena parecia ser tão irreal que era impossível não rir.

As duas garotas olham para o possuído que estava chorando de tanto rir.

-É curioso, as duas são lágrimas.....

Akito olha para a Honda para entender sobre o que ela estava falando.

-Tanto as lágrimas de tristeza, como as lágrimas de alegria, são lágrimas, mas elas estão bem longe uma da outra.

-Sim... Mas em alguns casos, as duas são preciosos tesouros. Tudo vai depender dos sentimentos contidos nessas lágrimas.

-A senhorita tem razão.

Yuki apenas escutava aquela conversa, tentado controlar ao máximo o seu espanto ao escutar aquelas palavras do patriarca.

by DonaKyon

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Hatori afasta os seus lábios dos dela, mas ficam ainda abraçados.

-Akito, você sabia que há algo nesse mundo que ninguém viu antes? É suave e doce. Talvez, se pudesse ser vista, todos lutariam por ela, por isso, ninguém nunca a viu.
Acho que foi por isso, que o Kamisama a escondeu de uma forma que ninguém pudesse facilmente colocar suas mãos nela. Aquele que a merecesse deveria definitivamente achá-la, e para encontrá-la, teria que sofrer muito antes, pois somente assim, é que iria conseguir enxergar o local onde ela estava escondida. Mas, o destino sabia que de algum jeito, algum dia, alguém a iria achar. Mesmo se essa pessoa ficasse quase cega, se ele realmente a merece-se, ele iria encontrá-la.

Hatori segura no queixo de Akito e levanta o seu rosto para ela lhe olhar. O seu coração batia muito acelerado. Depois de tantos anos, ele finalmente tinha percebido que a Akito sempre tinha lhe amado, que sempre tinha sofrido em silêncio por lhe amar. Ele não era amado pelo patriarca e nem pelo kamisama, era amado pela verdadeira Akito Sohma. Aquela suave e doce mulher que o kamisama tinha escondido numa pequena parte do coração do patriarca.

-Me perdoe, Akito. Me perdoe por ter te encontrado apenas agora. Eu precisei ficar quase cego; você precisou se esquecer de todo o seu passado, se esquecer de quem é, para que assim eu pudesse enxergar que o meu amor por você era correspondido. Eu sempre te amei, mas sempre quis fingir que não era o Hatori quem lhe amava, porque sempre acreditei que você nunca iria aceitar o meu amor, mas você sempre me amou. A Akito Sohma também sempre amou o Hatori Sohma.

Mesmo sem se recordar de seu passado, a garota já sabia que sentia algo diferente por aquele homem. Sentia em seu peito uma força que lhe lembrava que ela sempre esteve esperando por aquelas palavras.

-Hatori, obrigada.... De verdade, muito obrigada por não ter me falado tudo isso antes. Mesmo que eu tenha sofrido muito, ainda bem que não falou antes. Acredito que eu poderia até morrer se tivesse me esquecido dessa linda declaração que me fez agora.

-Não precisa se preocupar. Eu prometo, que se algum dia, você se esquecer de tudo novamente, eu prometo que lhe falarei tudo, palavra por palavra. E se novamente, o kamisama te esconder, eu juro que irei te procurar e te encontrarei.

-Me prometa outra coisa?

-O que é?

-Que me encontrará bem rápido.

-Eu prometo!

O médico primeiro lhe sorri e depois volta a lhe beijar delicadamente.

#Finalmente eu encontrei! E nunca mais quero me separar de você, Akito Sohma. Minha doce e suave, Akito.#

Toc toc

O som da batida da porta faz com que aquele beijo fique pela metade. Os dois se afastam um pouco e o médico manda a pessoa entrar.

-Harry, você vai voltar para a sede agora?

-Vou sim, Momiji. Pode deixar que levo você e o Haru-kun.

-Akito-san, a Hana-chan quer se despedir de você.

O patriarca volta para a sala. E assim que Hanajima a vê, percebe que as suas ondas estavam suaves e a áurea estava rosada, ela olha o médico entende o que havia acontecido.

#Então ele finalmente lhe falou os seus sentimentos.#

-Aa-chan, eu estarei aqui amanhã depois da escola. E aí a gente conversa mais sobre o seu passado e também sobre o seu presente.

É claro que a garota, ao falar sobre o “presente”, tinha olhado para o médico e lhe dado um sorrisinho. Os irmãos Hanajima se despedem de todos e vão embora pegando uma carona com o Ayame. Hatori se despede de todos da casa, deixando a Akito por último.

-Tente descansar bem essa noite. Como teremos a reunião na sede, virei à noite. Amanhã conversaremos sobre tudo.

-Sobre tudo o quê, Haa-san?

-Shigure, amanhã a gente se vê na reunião. Tente não se atrasar.

O médico e os dois possuídos voltam para a sede com o mesmo sentimento de que queriam passar a noite na casa do Shigure.

by DonaKyon

04/10/2009

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Hatori se abaixa um pouco e lhe fala baixo para não atrapalhar as conversas paralelas da mesa.

-Akito, como ficará aqui, a gente precisa resolver uma coisa. Pode vir até a biblioteca?

A garota se levanta e segue o médico e o Kazuma até o escritório do escritor. Os outros ainda continuaram a mesa, conversando e rindo com as histórias dos dois amantes. O ambiente estava muito mais leve entre os possuídos agora.

-O que é, Hatori?

-Akito, você não se lembra, mas é a atual líder da nossa família. Está exercendo essas responsabilidades desde que o nosso antigo patriarca, o seu pai, faleceu.

A garota ao escutar aquilo precisa se sentar.

#Então eu não tenho pai. Eu não consigo nem me lembrar de seu nome ou rosto.#

-Como seu médico, lhe aconselho a se afastar dessa obrigação por um tempo. Acho que só deveria voltar à sede apenas depois que tivermos feitos todos os exames necessários, mas o clã não pode ficar sem alguém a sua frente.

-Eu tenho mãe?

-Tem, mas a sua mãe é muito doente.

-Tenho irmãos?

-Não.

-Se a Akito-san confiar em mim, eu fico como o patriarca dos Sohmas por esse tempo.

-O que preciso fazer?

-Por favor, escreva uma carta, dizendo que se afastará por alguns dias para tratamento médico e que eu serei a pessoa indicada por você para ser o patriarca durante a sua ausência.

Ela se levanta e vai até a mesa do escritor para escrever a carta. Kazuma sabia que as coisas no clã não seriam tão fáceis como tinha sido com ela, mas ele estava disposto a fazer tudo para ajudar aos possuídos, e o próprio kamisama. Akito escreve a carta e a entrega.

-Estou voltando para a sede agora Hatori. Marcarei uma reunião familiar amanhã pela tarde, e é muito importante que vocês três estejam lá.

-Estaremos. Eu avisarei na mansão assim que voltar para a sede.

Kazuma se despede dos dois e sai do escritório fechando a porta. Hatori se aproxima de Akito e lhe afaga os seus cabelos.

-Não se preocupe. Em breve se lembrará de tudo.

-E eu irei gostar de ter me lembrado?

-Algumas partes sim. Outras não.

A garota olha nos olhos do médico e lhe sorri.

-Eu ficarei muito feliz quando me lembrar de tudo o que o Shigure e o Ayame contaram.

Hatori sente um pouco de tristeza em seu peito. Era impossível ela se lembrar de algo que nunca tinha existido. Ao ver que o olhar do médico tinha ficado com um pouco de lágrimas, ela se levanta e segura a sua mão.

-De todos, o seu olhar foi o mais triste. Por que Hatori? Por que o seu olhar é o mais triste? Por que a sua mão tremia tanto? Naquela hora, eu senti vontade de chorar porque não conseguia me lembrar de você. Por quê? Por que só por você eu senti vontade de chorar quando não me lembrei quem era?

A garota abaixa a cabeça e fecha os olhos. Não conseguia entender o que estava acontecendo, mas naquele instante ela tinha começado a chorar.

-Por que é que está doendo tanto assim agora? Por que é que estou sofrendo por não me lembrar de você? Por que é que eu desejo tanto...tanto... tanto assim, me lembrar apenas de você e me esquecer de todo o resto?

#Ela sempre me amou...... A Akito sempre me amou....#

O médico segura em seu rosto e ela abre os olhos. O corpo de ambos estava tremendo muito naquele instante. Sem tirar os seus olhos dos olhos tão assustado de Akito, Hatori a abraça e vai aproximando os seus lábios dos dela, e apenas, quando suas bocas estavam separadas pela pequena linha vermelha do destino, é que ele fecha os seus olhos e lhe beija. Akito lentamente fecha os olhos, não sabia o que estava acontecendo, mas algo gritava dentro dela como se estivesse tentando lhe avisar que ela sempre tinha esperado por aquele beijo. Ela o abraça e lhe beija como se soubesse do quanto que o amava e de como havia sofrido por causa daquele amor.

by DonaKyon