06/05/2009

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Tohru chegava até a parte de fora das residências dos Sohmas destinadas aqueles que não conheciam o segredo da maldição dos treze possuídos. Seu novo local de trabalho era a casa dos pais do Momiji, ela iria ficar como uma espécie de babá da Momo no período da tarde, após a sua saída do colégio até o começo da noite. Estava muito feliz, não só porque passaria a trabalhar menos e a ganhar mais, mas principalmente pelo fato de ficar perto da Momo.

#Nhaaa... Ainda me lembro do lindo sorriso que o Momiji deu quando lhe contei que ia cuidar da Momo.#

-TOHRU-CHAN... AQUI! AQUI!!

Momiji gritava de cima do muro que separava os dois mundos dos Sohmas. Ao ver o garoto, a colegial corre e fica lhe falando olhando para cima.

-O senhor irá comigo até a casa da Momo-chan?

-Eu não posso Tohru-chan. Não temos a permissão do patriarca para irmos para o lado de lá.

O possuído falava sem ter nenhum tom de tristeza ou magoa em sua voz. Tohru já sabia que o patriarca era alguém muito influente nas vidas dos possuídos, mas não imaginava que ele também era o kamisama dos mesmos.

-Que pena, Momiji-kun. Então por que está aí?

-Eu queria ver a Tohru-chan.

-Ahahah, mas acabamos de nos encontrar na escola.

-Sim, mas nunca é demais ver a Tohru-chan.

O garoto havia dito aquela frase de uma maneira diferente. Não parecia aquela criança de sempre, mas sim um rapaz apaixonado. O coração da garota se aquece um pouco, e ela fica um pouco envergonhada.

#Isso só pode ser coisa da minha cabeça. O Momiji-kun é apenas um garotinho.#

-Né, Né Tohru-chan, o que acha de amanhã brincar comigo e uns colegas de classe de polícia e ladrão?

-Ahahahhaha... Muito obrigada pelo convite, Momiji-kun, mas já combinei com a Uo-chan e a Saki-chan de almoçarmos juntas.

-Então fica para outro dia. Ah! Mande um beijinho meu para a Momo-chan, tá?

-Sim.

Tohru lhe acena e o garoto fica de pé no muro lhe acenando com os dois braços levantados.

#Viu, o Momiji-kun é apenas um garotinho. Não fique criando coisas em sua cabecinha Tohru Honda.#

A colegial caminhava pela calçada da estreita rua toda arborizada até a rica mansão da família do Momiji, e quando lá chega, vê que a Momo a esperava sentada na frente da porta principal da casa.

-Tohru-chan, aqui!

#Ahahah, igualzinho o Momiji-kun. Sem dúvida alguma seriam ótimos irmãos.#

-Muitíssimo boa tarde senhorita Momo.

A menina se levanta e corre para abraçar a Tohru, que estava a poucos passos da entrada.

-Tohru-chan, cadê o Momiji-kun? Ele não vinha também?

-Ele não pode vir Momo-chan, mas te mandou um beijinho.

-Nhooo, mas eu queria brincar com ele também...

Tohru segura em sua mão e as duas entram na casa. A casa era ricamente decorada no estilo ocidental e com vários objetos que tinham vindo diretamente da Alemanha.

-Bom tarde Honda-chan.

-Muitíssimo boa tarde senhora Sohma, mas uma vez agradeço pelo novo trabalho.

A garota havia dito enquanto se inclinava na frente da mulher para lhe cumprimentar.

-Somos nós quem lhe agradecemos. E pode me chamar de Elisa.

-Sim, Elisa-san. #Até o nome da mãe do Momiji é bonito.#

Momo solta da mão da Tohru e caminha até a mãe fazendo a típica carinha que as crianças fazem quanto querem fazer um pouco de manha e a mulher se abaixa para ficar na mesma altura que a filha.

-Mamãe, mamãe, o Momi-kun não pode vir brincar com a gente.

-É mesmo, filhinha?! Que pena, né? A mamãe também queria que o Momiji-kun viesse.

Ao escutar aquilo o coração da Tohru bate mais alegremente. E ela tem que se segurar para não ficar emocionada. Afinal a mãe do Momiji havia pensado nele e esperado pela sua ida até a casa.

-Err, o Momiji-kun não tem autorização para sair de casa, por isso não pode vir.


by DonaKyon

03/05/2009

78


Assim que chega diante da porta do quarto do Patriarca o médico a abre de uma vez se esquecendo de bater antes. Akito estava sentada na varanda do quarto. O frio vento do inverno balança os seus curtos cabelos negros, e ela estava tão distante com os seus pensamentos que nem ao menos escuta o barulho da porta se abrindo. Aquela imagem lhe pareceu tão triste e solitária que fez com que o seu coração batesse um pouco mais forte.

-Akito-san...

Ao escutar o seu nome, Akito lhe olha assustada, mas imediatamente os seus olhos se enchem de lágrimas.

-Hatori...

O médico vê que os olhos delas estavam com lágrimas e ele já imagina como ela poderia estar se sentindo naquele momento. Ele caminha até ela e se senta ao seu lado.

-Eu me encontrei com a Kana. Já sei que ela foi lhe pedir para cancelar o casamento.

Akito, agora, lhe olhava ainda mais espantada, como ele poderia estar ali sentado ao seu lado mesmo depois de ter conversado com a Kana?

-Eu acho que o patriarca fez o que deveria ter sido feito.

-Mas essa era uma segunda oportunidade para vocês dois! Não me odeia mesmo depois disso? Como pode ficar aqui ao meu lado, mesmo sabendo que ela ainda te ama?

-Não podemos voltar atrás com a palavra dada.

Akito abaixa a cabeça se sentindo um pouco envergonhada. O seu principal motivo para não ter cancelado o casamento, não era por causa da palavra dada pelo patriarca dos Sohmas, mas porque estava agindo como uma mulher apaixonada, que não queria perder para a rival o homem que amava.

-Obrigado.

O patriarca nada lhe pergunta, mas lhe olha como se perguntasse o motivo daquele agradecimento.

-Obrigado por não ter feito nada contra ela.

Hatori olha para o rosto de Akito e percebe que o seu lábio inferior estava machucado. Ele delicadamente segura em seu queixo para ver o ferimento e se aproxima com o rosto bem próximo ao da garota.

O coração de Akito não poderia bater mais rápido do que já estava. O médico olhava o tamanho do ferimento atentamente e o patriarca não conseguia tirar os olhos do rosto do médico. Sua vontade era de beijar aqueles lábios, mas a sua razão falava mais alto.

-Ficou um machucado feio aqui. Como se feriu assim?

O médico levanta o olhar e encontra os olhos negros de Akito. Naquele instante um pode se enxergar dentro do olhar do outro. Akito é a primeira a desviar o olhar, mas não consegue evitar de dar um pequeno sorriso de felicidade, e que não foi visto pelo médico por que ela virou a cabeça na direção oposta.

#Eu posso te fazer feliz também. Um dia ainda terei coragem para te falar o que sinto. Obrigada por não me odiar mesmo destruindo a sua felicidade pela segunda vez.#

by DonaKyon

77


O coração de Hatori fica um pouco mais aliviado quando escuta que Akito não tinha a ferido fisicamente, mas sabia perfeitamente que as palavras do patriarca poderiam muitas vezes machucar muito mais do que uma violência física.

-O que o patriarca te falou então?

-Akito-sama disse... disse que não pode voltar atrás com a sua palavra dada ao clã dos Hitachins....

-Ele apenas disse isso?

-Sim. Mesmo sabendo que eu te amo, disse que tenho que me casar, porque tudo já está acertado entre os dois clãs.

Hatori a solta e volta a se sentar na sua frente, não podia acreditar que Akito só tinha lhe falado aquilo. Aquela não era a atitude do patriarca que todos já estavam acostumados. O esperado era que o patriarca tentasse matar a Kana, não só pelo fato dela querer voltar atrás com a palavra dada, o que era uma grande vergonha para o clã dos Sohmas, mas principalmente pelo fato dela falar que o amava.

#Naquele dia, Akito-san a olhava com tanto ódio quando ela soube que a Kana me amava. Gritava que os possuídos não podiam ser amados por ninguém. Que eles apenas deveriam amar o kamisama e ser amado por ele. Mas agora ela não fez nada contra a Kana. O que aconteceu?#

-Mas eu mesma não sei o que sou. Não sei se sou o patriarca, se sou o kamisama, se sou um homem ou se sou uma mulher, já nem mais sei se ainda sou um ser humano. Eu gostaria de saber quem sou eu..... Gostaria que alguém me disse-se quem realmente eu sou....

Ao se lembrar daquela frase dita de uma forma tão desesperada por Akito, o médico volta a sentir uma forte vontade de ir ver como o patriarca estava. Tinha certeza que ela não estaria bem.

-Por favor, Dr. Hatori. Fale com Akito-sama. Não posso me casar amando tanto como te amo.

Aquelas palavras ferem um pouco o médico. Ele também a amava, mas sabia que para os dois uma segunda oportunidade não poderia ser dada.

#Tem coisas que não podemos recuperar por mais que queremos. Por mais que desejamos, há coisas que nunca mais voltarão a ser como era antes. É o mesmo com o nosso amor. Não podemos mais recuperá-lo como se nada tivesse acontecido.#

-Me desculpe, Kana-san. Mas não posso aceitar os seus sentimentos por mim.

-O que?? Mas por quê??

Hatori a segura no braço direito e se levanta a trazendo junto para que fique de pé.

-Akito-san tem razão. Não podemos voltar atrás com a palavra dada.

-Mas...

-Tenho certeza que será feliz ao lado do seu noivo. Ele gosta muito da senhorita e com o tempo, a senhorita passará a amá-lo muito mais do que me ama agora.

A garota coloca as mãos na frente dos olhos e volta a chorar um pouco mais. Sabia que a culpa era dela mesma. Odiava-se naquele momento por não ter tido coragem antes para se declarar para ele. Ela conhecia um pouco o médico e sabia que para ele a questão da honra vinha sempre em primeiro lugar, mas no fundo do seu coração ela queria acreditar que por ela, ele poderia abrir mão daqueles valores que prezava tanto.

Hatori ainda a amava, mas sabia que era impossível para os dois ficarem juntos. Tudo o que ele poderia fazer era desejar de todo o coração que ela fosse feliz com o seu marido.

-Eu preciso ir examinar o senhor patriarca. A senhorita ficará bem?

-Sim. Não precisa se preocupar comigo. E muito obrigada Dr Hatori.

Os dois se inclinam para se despedirem. E o médico caminha normalmente até a porta da biblioteca, mas depois, quando já estava no corredor, ele começa a correr até o quarto de Akito, sem se importa se alguma das empregadas iria vê-lo.

#Como será que Akito-san está?#

by DonaKyon