04/10/2010

200


O tom choroso e de pavor em sua voz chama a atenção do Yuki, e o garoto para de guardar o material e olha para a colegial. E ao perceber o quanto que aquelas palavras a tinham ferido ele se sente um pouco culpado.

#A Honda-san sempre recebeu muito amor de sua mãe, é natural que ela pense que todas as mães são como a que ela teve. #


O possuído pelo espírito do rato se aproxima dela e fala com um pequeno sorriso nos lábios.

-Não precisa ficar assim, Honda-san. Acredito que a rejeição das nossas mães deve ser parte da nossa maldição. Até mesmo o Kamisama foi rejeitado pela sua mãe.

Aquelas palavras provocaram uma reação oposta ao que o Yuki queria. Em vez de confortá-la, agora a garota estava chorando. E para esconder a sua tristeza ela tampava o rosto com as mãos. O jovem lhe olhava todo preocupado, não sabia o que fazer para que ela parasse de chorar. Ele abaixa a cabeça e segura o seu braço esquerdo, aquele era um gesto que sempre fazia quando estava muito inseguro.

-Me desculpe, Honda-san. Deveria ter lhe contado de outra maneira.


A garota passa as mãos nos olhos e limpa o nariz passando o braço, e lhe olha de uma forma carinhosa e triste.

-Não precisa se desculpar. Os possuídos são muito mais fortes do que eu – Tohru se lembra dos dias de tristeza que viveu logo após a morte de seu pai.

Yuki se lembra que a garota havia lhe dito algo de ajudar também a Akito e lhe parece uma boa oportunidade para mudar de assunto naquele instante.

-Como possuído, fico muito feliz por ver o carinho que a senhorita sente pelo nosso kamisama.

-Yuki-kun – a garota faz uma breve pausa e continua – teria alguma maneira da Hana-chan e eu continuarmos a ser amigas da Aki-chan depois que ela voltar para a sede?

O garoto continuava a lhe olhar, mas não sabia o que lhe responder. Tudo era tão incerto para todos. Shigure que estava escutando toda a conversa do lado de fora do quarto, sentia o mesmo que o garoto.

O escritor começa a coçar a cabeça e pensa que o futuro deles nunca tinha estado tão incerto como naquele instante, e em solidariedade ao primo, resolve acabar com aquela conversa tão séria em plena madrugada. Sem a menor cerimônia o possuído abre a porta do quarto e encontra os dois estudando em pé de frente um para o outro no meio do quarto.

-O que é que estão fazendo? Vou contar tudo para o Haru-kun e para o Momicchi amanhã mesmo.

Tohru imediatamente começa a agitar os braços e lhe responde vermelha de vergonha.

-Não! Não é nada disso! E-eu... Apenas vim ser se o Yuki-kun estava passando bem.

Yuki cruza os dois braços diante do corpo, mas não olha com fúria para o primo, na verdade, estava bem aliviado com a sua repentina chegada. Tudo o que ele não queria naquela noite, era pensar em como ficaria o futuro dos possuídos e do Kamisama.

Shigure, que ria sem parar vendo o desespero da garota à sua frente, olha para o Yuki e lhe sorri também. Aquela atitude deixa o rato um pouco contrariado, pois lhe pareceu que ele estava insinuando que os dois estavam como amantes naquele quarto. Como não recebeu um gesto amigável do Yuki, o escritor deduz que o menino não havia entendido o seu sorriso.

-O que vocês acham da gente viver um dia de cada vez? Não adianta tentarmos adivinhar qual será o nosso futuro. E agora como o grande e responsável tutor está mandando as duas crianças irem dormir.

Tohru olha sorrindo para o Shigure, pois havia entendido o recado.

#O Shigure tem razão. Tenho que pensar no que posso fazer pela Aki-chan agora. E farei de tudo para fortalecer ainda mais a minha amizade com ela.#

-Muitíssima boa noite. – Tohru se despede dos dois com um sorriso e vai para o quarto.

Ao ficar sozinho no quarto com o Yuki, Shigure caminha até o garoto e lhe fala enquanto colocava a mão direita em seu ombro esquerdo.

-Não se esqueça que a mãe do Hiro-kun o ama acima de tudo. – ao terminar a frase Shigure segura com um pouco mais de força o ombro do rapaz – quem sabe esse milagre não pode acontecer para os outros possuídos também?

Yuki abaixa a cabeça e o primo retirar a mão de seu lhe ombro e lhe afaga os seus fios de cabelos cinza.

-Mas você tem um irmão que lhe ama muito. Nunca se esqueça disso, meu querido irmãozinho.

O rato imediatamente olha para o Shigure e entende a principal razão do escritor por ter lhe acolhido em sua casa; estava fazendo aquilo pelo grande amor que sentia pelo Ayame.

by DonaKyon