05/09/2010

197


Akito caminhava de mãos dadas com o Hatori por um pequeno bosque, e a seu pedido ela mantinha os olhos fechados. Como estava sem o sentido da visão, a garota prestava mais atenção nos outros sentidos, e assim o som dos passarinhos cantando, a suave brisa que tocava nas folhas das árvores, os latidos distante dos cachorros, o sol que delicadamente esquentava a sua pele, e o próprio calor que vinha da mão do namorado, tudo lhe parecia como se fossem pequenos tesouros da vida.

-Para onde está me levando?

-Já irá saber. Não abra os olhos.

-Por que precisa fazer esse mistério todo?

-A nossa vida toda sempre foi um mistério.

Akito não consegue compreender aquela frase dita pelo médico, mas no instante que iria lhe perguntar, ele para de caminhar.

-Chegamos.

Hatori solta à mão de Akito e lhe abraça com muita força.

-Você é a mulher da minha vida. Você foi a única que me aceitou como eu sou. Eu quero me casar com você.

O coração da garota se enche de uma felicidade da qual nunca antes havia provado. Ela era amada por aquele que sempre amou.

-Hatori....

Akito também lhe abraça. Porém o sorriso que tinha em seus lábios logo desaparece ao perceber o quanto que o médico estava tremendo naquele momento.

-Não posso te perder. Ele precisa aceitar que eu te amo.

-Ele? De quem está falando Hatori?

O possuído a segura em seus ombros e lhe olha um pouco apreensivo.

-Não deixarei que lhe machuque. Por favor, fique com a cabeça baixa o tempo todo.

-Quem irá me machucar? Por que está com tanto medo?

O médico volta a segurar novamente em sua mão, mas dessa vez ela está tremula e gelada. O coração de Akito começa a bater um pouco mais assustado. Eles voltam a andar por uma pequena trilha e logo estão num silencioso jardim.

-Onde estamos Hatori?

-Shhiii...

Akito olha para o médico e depois começa a reparar na casa que surge a sua frente.

Apesar de estar diante de apenas um cômodo da casa, ela sabia que se tratava de uma casa de arquitetura japonesa e bem luxuosa. O médico caminha até a varanda e ajoelha.

-Senhor patriarca, posso entrar?

-Entra Hatori.

#-Mas essa não é a voz do pai do Kyo.#

Hatori se levanta e segura na mão da Akito e lhe fala baixinho.

-Fique ao meu lado, não fala nada e fica apenas olhando para o chão.

O médico abre a porta e Akito entra atrás dele. Estavam numa sala bem ampla, e sentado numa rica almofada estava um rapaz vestido com um quimono arroxeado. Hatori se ajoelha a sua frente e fica com a testa no chão. Akito se ajoelha ao lado do médico e abaixa a cabeça.

# O Hatori o chamou de patriarca, mas esse não é o senhor Kazuma. Quem é esse homem?#

-Eu... eu vim pedir a permissão do senhor patriarca para me casar.

-O QUE? SE CASAR? NUNCA!! NUNCA!!

-Senhor patriarca, eu a amo. Quero me casar com ela.

-NUNCA!! NUNCA IRÁ SE CASAR COM ESSA MULHER. VOCÊS SÃO MEUS!! MEUS!! MEUSSS!!

Akito se mantinha de cabeça baixa, mas agora estava tremendo da cabeça aos pés. Os gritos daquele rapaz eram os gritos de uma pessoa descontrolada.

-Mas eu a amo...

-VOCÊS SÓ PODEM AMAR O KAMISAMA. OS POSSUÍDOS SÓ PODEM AMAR A MIM!!

#Estou com medo. Quem é esse rapaz? Do que ele está falando?#

Akito olha com os cantos dos olhos para o Hatori e vê que ele ainda se mantinha com a testa no chão. A garota começa a escutar os passos do jovem caminhando até o médico, e logo depois ele o segura pela gravata fazendo com que ele fique de pé. Akito ao ver aquele rapaz tão descontrolado segurando o namorado pela gravata, finalmente consegue dominar o pavor que estava sentindo e levanta a cabeça.

-Hat...

-Continue sentada e com a cabeça baixa!

Akito obedece ao médico e volta à mesma posição.

-Ela já sabe que você é um monstro?

-Já!

#Monstro? Do que é que eles estão falando?#


by DonaKyon