24/04/2009

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-NÃO ME TOQUE.

Akito lhe dá um grande tapa em sua mão lançando assim o lenço para longe e deixando a mão da garota bem vermelha.

-NÃO ME TOQUE SUA CRETINA! COMO OUSAR ME PEDIR PARA VOLTAR ATRÁS COM A MINHA PALAVRA DADA AOS HITACHINS?? VOCÊ IRÁ SE CASAR SIM COM O TAMAKI-KUN. IRÁ CASAR E IRÁ MORAR BEM LONGE DAQUI DA SEDE!!

-Akito-sama, por favor, eu lhe imploro. Eu lhe imploro. Eu não posso ser feliz ao lado do Tamaki-san. Eu só posso ser feliz ao lado do Dr Hatori.

-E VOCÊ ACHA QUE FARIA O HATORI FELIZ??? ACHA QUE UMA MULHER COMO VOCÊ O FARIA FELIZ???

O coração de Akito estava sangrando muito mais do que a sua boca tinha sangrado, porque ela sabia a resposta daquela pergunta. Ela sabia que a única possibilidade do Hatori ser feliz era ao lado da Kana, mas novamente ela não era capaz de abrir mão de seu próprio egoísmo. Ela sabia que não poderia viver sabendo que o Hatori era feliz ao lado de uma outra mulher. Ela preferia morrer ao ver aquilo, mas ela não poderia morrer, ela era o patriarca dos Sohmas, o kamisama dos possuídos. A ela era proibido morrer por amor.

Kana agora chorava sem parar na sua frente. E lhe olhava como se implorasse por sua própria vida.

-Por favor Akito-sama! Por favor!! Eu lhe imploro. Eu não posso me casar com o Tamaki-san... não posso...

Aquela imagem só fazia com que o ódio de Akito aumentasse ainda mais. Odiava aquela mulher porque ela ainda amava o Hatori, mesmo depois de tudo o que tinha acontecido, mesmo após dois anos, ela ainda o amava. E a odiava ainda mais por estar ali sentada no chão a poucos passos dela, chorando desesperada, implorando pela sua ajuda e lhe ofertando a oportunidade de se redimir de seus pecados do passado. Ela não poderia devolver a visão que tinha roubado do médico mais poderia lhe dar a sua felicidade.

-Eu sei que posso fazer o Dr Hatori feliz. Ontem quando o vi abraçado com aquela garota lá no aquário, percebi que o amo e que somente eu o posso fazer feliz.

-O QUE??? DO QUE ESTÁ FALANDO?

Kana olha bem nos olhos de Akito e fecha as duas mãos que estavam pousadas em suas coxas.

-Eu o encontrei ontem no aquário. O Doutor estava acompanhado por uma jovem. Quando eu os vi abraçados, percebi que não poderia me casar. Por isso estou aqui, lhe implorando para que me ajude.

#Essa desgraçada é tão egoísta como eu! Ela não está fazendo isso apenas motivada pelo amor que sente por ele, mas sim porque o viu comigo. #

Akito se levanta e vai até a janela para ver o seu próprio reflexo.

#Ela me viu como uma mulher, como a rival dela. Ela está aí me implorando porque acha que aquela mulher que estava com o Hatori pode fazê-lo feliz.#

O coração de Akito bate mais aliviado agora e ela dá um pequeno sorriso.

#Obrigada Kana por me fazer ver. Obrigada por me mostrar que eu também posso fazê-lo feliz. Eu sou tão egoísta quanto você e é por isso que não vou te dar essa oportunidade.#

O patriarca volta a caminhar e sentasse novamente em sua cadeira.

-Como patriarca do clã dos Sohmas eu não posso permitir isso. Não posso quebrar com esse compromisso. Um patriarca não pode voltar à palavra dada a outro patriarca.

-MAS...

-Kana-san, quem veio pedir a permissão para se casar foi você mesma. Agora assumirá essa responsabilidade. O casamento será daqui alguns dias como ficou decidido.

Akito se levanta se sentindo um pouco diferente do que estava antes. Ela passa ao lado da Kana que estava ainda sentada com a cabeça baixa e chorando muito.

#Quem vai fazer o Hatori feliz será eu!#

O patriarca deixa a mulher chorando sozinha na biblioteca e volta para o quarto.

by DonaKyon

22/04/2009

72


-O que você quer? Já não tem a permissão para se casar?!

Akito falava enquanto caminhava para a cadeira que era reservada para se sentar num local de destaque da sala. Kana ainda sentada se inclina colocando a testa no chão enquanto falava mantendo aquela mesma posição.

-Mil desculpas Akito-sama. Sei que é uma pessoa muito ocupada e com alguns problemas de saúde, mas precisava muito conversar com o patriarca dos Sohmas. Poderia me receber por alguns minutos?

-Já não estou aqui?! Pergunto novamente, o que você quer?

Era difícil não ficar com medo diante daquela pessoa. Todos do clã já conheciam o humor do patriarca e suas atitudes que muitas vezes eram autoritárias.

-Eu... eu... eu não quero... não quero me casar mais com o Tamaki Hitachin! Por favor, senhor Patriarca, interceda por mim junto ao clã dos Hitachins.

Kana que ainda mantinha a testa grudada no chão não viu a cara de pavor que tomou conta do rosto de Akito.

-O QUE VOCÊ DISSE?? NÃO QUER MAIS SE CASAR COM O HITACHIN-SAN???

-Eu imploro senhor patriarca Akito-sama.

-Impossível. O casamento já foi confirmado pelos patriarcas dos dois clãs e eu não irei voltar atrás com a palavra dada pelos Sohmas.

-MAS... Mas...

-MAS NADA! QUER QUE O CLÃ DOS SOHMAS FIQUE MAL VISTO PELOS OUTROS CLÃS? COMO PODEMOS VOLTAR ATRÁS DE NOSSA PALAVRA DADA?? A SENHORITA IRÁ SE CASAR COM O HITACHIN-SAN SIM!

-...mas eu não o amo suficiente para isso, eu amo o doutor Hatori.....

Akito sente um imensa vontade de se levantar e de bater naquela mulher que nem tinha coragem de levantar a cabeça para falar que amava o Hatori.

-O QUE???? O QUE ESTÁ DIZENDO COM A CABEÇA METIDA NO CHÃO??? OLHE PARA MIM, KANA SOHMA. OLHE-ME E REPITA O QUE ACABOU DE FALAR!!

Kana levanta o tronco, mas permanece sentada sob os joelhos e Akito pode ver os olhos dela cheios de lágrimas.

O coração da Kana batia dolorido e com medo. Ainda não acreditava que tinha tido a coragem de estar ali na frente do patriarca implorando pela sua ajuda para não se casar mais com o seu noivo, mas ela sabia que não seria feliz se casasse com ele, não era ele quem ela amava. O seu único amor era o Hatori Sohma, o seu ex-chefe, aquele para quem ela nunca tinha tido a coragem suficiente de se declarar.

-Eu amo o Dr Hatori Sohma. Sempre o amei, mas nunca tive coragem de lhe contar.

#Ela não se lembrou de nada!#

Akito a olhava com o coração batendo muito acelerado. Nunca tinha imaginado que aquilo poderia acontecer. Estava diante da sua rival, da mulher que amava o mesmo homem que ela, e que também era a mulher que ele amava. Suas mãos estavam tremendo e Akito as fecha com grande força. Diante dela não estava apenas a Kana, era na realidade um passado que estava ali sentado na sua frente. Era como se lhe estivesse sendo dada uma segunda oportunidade. Novamente ela estava com a felicidade de Hatori em suas mãos.

-Você já contou para ele os seus sentimentos?

-Ainda não. Mas assim que sair daqui, irei correndo para o consultório dele. Por favor Akito-sama, me ajude. Ajude-me a terminar esse compromisso com o clã dos Hitachins.

Algumas lágrimas escorriam pelos olhos de Kana agora. Akito a olhava com grande pavor, e mordia o seu lábio inferior.

#Maldita mulher! Por que está fazendo isso comigo? Por que está esfregando na minha cara essa oportunidade de eu pagar pelo meu pecado? Se ela não se casar com o Hitachin, ela irá atrás do homem que eu amo. Ela irá falar que o ama, e o Hatori ainda a ama. Eles iriam ficar juntos. Ela pode fazer o Hatori feliz. Como poderei impedir o casamento deles dessa vez? Eu não poderia!#

-SENHOR PATRIARCA, SUA BOCA ESTÁ SANGRANDO.

Akito nem percebia que estava se ferindo e só acorda de seus pensamentos quando vê que a Kana estava na sua frente com um lenço para limpar o sangue que saia de sua boca.

by DonaKyon

19/04/2009

71


Akito voltava para o quarto. Tinha se levantado há uma hora mais ou menos e havia permanecido esse tempo todo no ofurô. Seus pensamentos não podiam ser outros que não os acontecimentos do dia anterior. A garota fica parada segurando a toalha e olhando para cima da cama. O terno do Hatori estava ali. Era uma sensação um pouco triste, a roupa da pessoa amada vazia em cima daquela cama, como se fosse apenas alguns pedaços de tecido, mas o seu coração sabia que não era isso. Aquela era um pedaço do médico, o seu cheiro estava ali.

O patriarca caminha até a cama, se senta e começa a passar delicadamente a mão na roupa como se estivesse acariciando o seu próprio dono, quando escuta o barulho da porta se abrindo e imediatamente as joga no chão bem distante dela.

-Ainda bem que o senhor patriarca já está acordado. Tem visita.

-YOKO SUA IDIOTA!! QUANTAS VEZES JÁ FALEI PARA BATER NA PORTA ANTES DE ENTRAR???

O coração de Akito batia acelerado, por medo da governanta ter visto aquela cena ridícula dela alisando um pedaço de tecido, e ao mesmo tempo batia desapontado por ver que não era o médico que estava entrando para mais um exame de rotina.

-Me desculpe. Acabei me esquecendo de suas ordens.

-EU AINDA VOU TE MANDAR EMBORA DA SEDE!! QUEM É A TAL VISITA?? É ALGUM DOS POSSUÍDOS??? EU NÃO QUERO OS VER AGORA!!!

-Não. É a senhorita Kana Sohma.

Aquele nome faz com que Akito se sinta completamente perdida. Justamente a Kana era a última pessoa que ela queria ver naquele dia. Desde o acontecido, nunca mais as duas tinham estado juntas. Nem mesmo quando a Kana foi pedir uma audiência para falar sobre os preparativos do casamento.

#Mas o que ela quer? Eu já mandei a Yoko acertar todos os detalhes do casamento com ela.#

-Fala que não estou me sentindo bem.

-Ela insiste em conversar com o senhor patriarca. Disse que é muito importante.

#Será que ela se lembrou de algo?? Não! Isso é impossível!#

Akito joga a toalha que estava em seu colo no chão e se levanta.

Sabia de suas obrigações como o patriarca dos Sohmas, sendo que essa era ainda mais pesada do que como kamisama dos possuídos, uma vez que não podia todas as vezes que desejava mandar todos os Sohmas para o inferno como era a sua vontade. Ser patriarca era uma posição quase que política, e ela sabia que muitos outros Sohmas, muitos dos quais mais velhos do que ela, queriam muito aquele posto. Um posto que era dela, apenas pelo fato de fingir que era um homem, seguindo a vontade de seu pai e avôs. Se a infeliz da Ren tinha tido alguma boa idéia, sem duvida tinha sido aquela, porque graças a isso, o clã tinha permanecido para o filho de Akiro Sohma, o filho mais velho do antigo patriarca.

-Fale para ela me esperar na biblioteca.

-Sim, senhor patriarca.

Yoko sai do quarto e Akito corre até a mesa para atirar o vaso contra a parede. Uma atitude que sempre fazia quando era obrigada a fazer algo contra a sua vontade.

#Odeio ser o patriarca dos Sohmas! Odeio ser o Kamisama dos possuídos! Odeio ser quem eu sou!#

Esse último pensamento a garota tem quando olha o seu reflexo refletido na janela do quarto. Ela odiava ser aquela pessoa desde que era adolescente, desde que descobriu que não era um menino de verdade. Só ela sabia qual era aquela dor. Os sentimentos de amar como uma mulher e ter que agir como um homem. Os sentimentos de amar um dos possuídos, quando não deveria ter amor por nenhum deles em especial.

O patriarca veste o seu tradicional quimono e vai até a biblioteca. Durante o caminho até o local, seu coração era o coração de uma mulher que iria encontrar com a antiga namorada do seu grande amor. Akito abre a porta de uma vez e com um pouco de violência e encontra Kana sentada de maneira toda formal no meio da ampla sala. Aquela era a imagem que Akito odiava, por ser exatamente a imagem que nunca veriam dela, uma mulher toda delicada, toda meiga e toda feminina, sentada esperando por uma pessoa superior a ela.


by DonaKyon