20/11/2009

164


Hatori e Kazuma olham para o Ayame, realmente era quase impossível que pelo menos um deles não soubesse de tal carta.

-Alguém está mentindo!

A voz de Shigure era repleta de acusação e todos olham espantados para o escritor.
-Mas por que mentiriam sobre isso, Guretti?

-Porque tem alguma coisa por trás dessa carta. Kazuma-san, o senhor contou a Yoko-san como ficou sabendo da carta?

-Não, Shigure. Apenas lhe perguntei se ela sabia onde estava a carta.

-Então não lhe faça mais nenhuma pergunta sobre isso. E vamos ver como ela irá reagir.

-Guretti, você acha que a Yoko-san está mentindo?

-Tenho quase certeza que sim.

-E agora nem poderemos perguntar a Akito sobre isso.

Shigure olha para o Hatori com um pequeno sorriso nos lábios, sem perceber o médico tinha falado o nome do patriarca de uma maneira muito mais leve.
Uma das empregadas bate na porta para visar ao novo patriarca que todos já estavam o esperando no local da reunião.

-Boa sorte, Kazuma-san. E nos desculpe por deixar essa ingrata missão em suas mãos.

-Não se preocupe Hatori.

Kazuma sai na frente sendo seguido pelos três possuídos.

Apenas um grupo é que faziam parte das reuniões dos Sohmas, e nelas participavam as famílias de todos os possuídos e mais algumas de “fora” que nada sabiam sobre a maldição, portanto, nem uma palavra sobre aquele assunto era dada durante essas reuniões.

Assim que Kazuma entra na sala todos ficam em silêncio, e o professor recebe olhares de raiva e ódio de boa parte das famílias dos possuídos. Os três amaldiçoados se sentam no local reservados para eles, bem como Kazuma, que se senta no local que sempre tinha sido ocupado pela Yoko.

-Muito obrigado por terem vindo. Serei bem breve para não ocupar o tempo dos senhores. Devido a um problema de saúde o nosso patriarca precisará se afastar por alguns dias de suas funções e me deixou responsável pelo clã até o seu retorno.

Imediatamente vários múrmuros tomam conta da sala.

-Mas por que foi o senhor a pessoa escolhida para ficar no lugar de Akito-sama? A minha família é a que tem um status mais privilegiado dentro do clã. O meu marido é quem deveria ser o indicado.

Ayame e Shigure precisam se segurar para não rirem, Shinsen, a mãe do Ayame e do Yuki, havia falado exatamente o que eles imaginaram.

-Infelizmente eu também não sei os motivos do Akito-sama. Apenas recebi uma carta do patriarca com a sua decisão. Aqueles que não acreditarem em minhas palavras poderão ler a carta que está aqui em minhas mãos.

-Creio que não será necessário. Se essa foi a decisão de Akito-sama temos que acatá-la.

O pai do Momiji é o primeiro a manifestar o seu apoio e respeito pelo novo patriarca, inclinando a sua cabeça, logo esse gesto vai sendo copiado pelos demais, mas os pais do Ayame e da Rin foram os últimos a fazerem.

Era visível que aquelas duas famílias foram as que menos haviam gostado daquela decisão. Não conseguiam aceitar que justamente o neto do antigo possuído pelo gato e o pai adotivo do atual gato fosse a pessoa escolhida pelo kamisama para ficar em seu lugar.

-E onde está o Akito-sama, Hatori-kun?

O pai do Shigure finalmente faz a pergunta que todos queriam fazer.

-Está em repouso numa das nossas propriedades. O patriarca me proibido de revelar onde ele está.

Os familiares dos possuídos sabiam que não adiantava perguntar mais nada ao médico.

-Se não tiverem mais nenhuma pergunta a nossa reunião acabou.

-Kazuma-sama, eu gostaria de lhe pedir a sua autorização para que o Momiji-kun possa ensinar violino a minha filha Momo.

Os pais dos amaldiçoados olham diretamente para Elisa, o que a deixa bem constrangida. Era impossível para a mulher decifrar o que aqueles olhares queriam lhe dizer.

-Tem a minha permissão, Shirou-san.

Os pais do possuído pelo coelho se inclinam em agradecimento.

-Essa daí é que se deu bem. Nem se lembra que pariu uma aberração, mas tem o direito de receber a mesma quantia que você.

Shinsen fala baixinho para a mãe de Rin que estava sentada ao seu lado.

-Ás vezes, tenho vontade de fazer o mesmo que a Elisa-san fez. Eu imagino o sofrimento que a Shinsen-san sente por ter parido duas aberrações.

-Pelo menos um deles é o possuído do rato, o que me rende uma “mesada” muito maior que a de vocês.

A mãe do Yuki e de Ayame olha para a mulher cheia de superioridade, e a mãe da Rin vira o rosto e volta a olhar para frente.

-Será que o Kazuma-sama poderia conceder uma parte do seu tempo a algumas das famílias que estão aqui?

O pai do Shigure é novamente o porta-voz dos demais, e era evidente que aquelas “algumas famílias” eram os pais dos possuídos.

-Creio que isso poderá ser feito outro dia, meu querido papai. O Kazuma-sama não poderá tratar sobre esse assunto agora.

Shigure sente que está sendo fuzilado pelos olhares dos seus pais naquele momento.

-Garanto aos senhores que essa situação será por pouco tempo. Em breve o nosso patriarca estará de volta.

Kazuma se levanta e todos os presentes inclinam a cabeça em sinal de respeito à função que ele está ocupando, o professor saí da sala, deixando todos os Sohmas com suas cabeças abaixadas, uma vez que só poderiam a levantar quando o patriarca não estivesse mais na sala.

#Ufa, foi mais difícil do que a final de uma competição. Ainda estou tremendo por dentro. Pobre daquela garota que vive essa pressão há tantos anos. Ninguém faz idéia do peso que esse cargo tem. Acredito que agora entendo um pouco mais as razões do patriarca ter aquela personalidade.#

Kazuma retornava a biblioteca para separar os documentos que seriam enviados ao Megumi-kun.

by DonaKyon

17/11/2009

163


-A senhora pode me solicitar um chaveiro?

-Certamente que sim. Providenciarei agora mesmo. Ah, Kazuma-san, eu tomei a liberdade para enviar uma jovem empregada para o Dojo. Akito-sama não queria que ela trabalhasse aqui dentro da sede, mas a jovem deseja ficar por perto de sua mãe. O senhor tem alguma objeção?

-Nenhuma. Muito obrigado.

A mulher sai da biblioteca sentindo ainda mais raiva do que antes.

#Aquela idiota da Akito precisa voltar. Acredito que ele só sairá dessa forma. Ainda não posso revelar que quem deveria ficar como patriarca é o possuído do rato. O meu sobrinho tem razão, se a Eiko-san tivesse parido o rato, tudo estaria resolvido. Akito-san perderia o direito como o patriarca por não ser homem, e por ter o meu sangue, já que seria o filho do meu sobrinho, a linhagem direita dos patriarcas continuaria, mesmo o rato, não sendo o filho do meu filho.#

O salão que estava reservado para a reunião já estava com tudo quase preparado. As duas longas fileiras de almofadas já estavam dispostas em seus devidos lugares. Na hora da reunião todos ficariam sentados um de frente para o outro em seus lugares já previamente determinados, na frente das duas fileiras ficavam a almofada de Akito e ao seu lado direito outra de menor tamanho, que era sempre ocupada pela velha governanta. Yoko olha para verificar se faltava alguma coisa.

-Tirem o local reservado ao patriarca.

-Mas o Kazuma-sama não é o patriarca?

-Não. Esse local pertence ao Akito-sama.

As duas empregadas retiram a pesada almofada onde o patriarca se sentava naquelas ocasiões.

#Eu me recuso a participar dessa palhaçada.#

A governanta ao sair do salão encontra com os três possuídos.

-É claro que vocês seriam os primeiros a chegarem. Aposto que estão adorando o fato do Kamisama estar longe da sede.

-Estamos tão preocupados com a saúde de Akito-san quanto o senhora.

Shigure responde a governanta colocando realmente um tom de preocupação em sua voz.

-Hatori-san, eu exijo saber onde é que Akito-sama está.

-Já falei para a senhora. Foi o próprio patriarca que me proibiu de dizer onde ele está.
#Se isso for verdade, eles nunca irão falar. Esses monstros são incapazes de contrariarem ao kamisama deles.#

A governanta passa por eles sem dizer mais nenhuma palavra.

-Nossa, ela está uma fera mesmo. – Shigure olha com certa desconfiança para a velha mulher.

Os possuídos vão até a biblioteca e encontram o Kazuma no meio de vários papeis antigos.

-O Kazuma-san encontrou algo?

-Ainda não. Mas já descobri que precisaremos de um tradutor de chinês antigo.

-O que é natural, afinal a lenda dos doze signos surgiu na China.

Shigure pega alguns dos papeis para ver, mesmo sem entender muito do que estava escrito a sua curiosidade falava mais alto.

-Shigure, como está Akito-san?

-Está bem.

-Eu gostaria que levasse algumas coisas para o Megumi-kun. Peça ao Kyo para entregar a Saki.

-Pode me entregar que levarei sim.

-O professor Kazuma acredita que a nossa maldição possa ser desfeita?

-Sinceramente acho muito difícil, mas acredito que devemos tentar.

-Vocês não estão achando a velha Yoko ainda mais estranha do que o normal?

-Mas isso não é normal já que ela está preocupada com Akito-san?

-Ayame, o Shigure tem razão. Ela não está apenas preocupada, me parece que ela está um pouco amedrontada também, e tenho quase certeza que esse medo está relacionado ao fato do Kazuma-san estar aqui na mansão.

-Também acredito nisso Haa-san. Como falei ontem, essa velha deve saber de muitos outros segredos dos Sohmas.

-Mas a Yoko-san não sabia da carta da Eiko-san, disse-me que o Higuchi-san lhe afirmou que a esposa não deixou nenhuma carta.

-Será que essa carta existiu mesmo? Afinal Akito-san poderia ter inventado isso para o Yuki, com o objetivo de lhe torturar.

-Algo me diz que não, Aaya. Essa carta existiu sim.

-Mas como ela pode ter existido sem que o pai do Kyo ou a Yoko-san soubessem dela?

by DonaKyon

15/11/2009

162


- Só ela percebeu a minha solidão. A Ren foi a única... A Ren chorou por mim..

-Se..senhor Akira.... Não se deixe iludir por essa.... Não a deixe enganá-lo, senhor.... Akira-sama!


#Eu também chorava por você, Akira-sama. Eu ainda choro por você, meu filho. #

A velha governanta entrava com lentos passos na mansão, aquele lugar que era o seu lar a mais de sessenta anos. Yoko não conhecia o mundo de fora, para ela simplesmente não existia um mundo fora da sede dos Sohmas. Ela conhecia cada canto daquela mansão, e sabia de todos os segredos do clã dos Sohmas.

#A maldita Ren não sabia qual era o seu lugar. Se Akira-sama a desejava, bastasse que se deitasse com ele. Essa era a nossa função, foi assim comigo também. Mas eu sabia que não estava altura de ser a esposa do patriarca. Mesmo eu sendo a mãe do seu único filho, eu sabia que nunca poderia desejar o posto de esposa do patriarca.#

A mulher entra em seu quarto e fecha a porta. O ambiente era tão luxuoso como as partes principais da casa. Ela caminha até o armário e tira uma caixa com vários objetos dos dois antigos patriarcas dos Sohmas, do pai e do avô de Akito.

#A Ren não aceitou ser apenas a sombra do meu Akira-sama, para ela isso era muito pouco. Aquela mulher suja desejou ser a sua esposa. Ela se casou com ele, mas ela não foi capaz de lhe gerar um filho homem como eu fiz. Eu gerei a continuidade para o meu amado patriarca. Eu fui a única que lhe gerou um filho homem, nem mesmo a sua esposa legítima conseguiu isso. Mesmo tendo parido um filho com uma saúde tão fraca, o meu Akira-sama era tão belo, como o amor que eu sentia pelo seu pai. Já aquela desgraçada pariu uma mulher. Não lhe bastava ter desonrado a vida do meu Akira-sama ao se casar com ele, ela ainda conseguiu acabar com longa linhagem de descendentes diretos dos patriarcas. Eu odeio aquelas duas. Odeio a mãe e a filha. Eu só morrerei depois que enlouquecer as duas.#

Yoko retira da caixa a única foto que tinha dos três juntos, tirada no dia em que Akira tinha completado 4 anos e alguns dias antes de seu amado Akio-sama morrer.

#Eu imaginei um futuro tão bonito para o meu filho. Eu sabia que ele ia morrer cedo, mas queria que ele tivesse se casado com uma mulher a sua altura, que tivesse um filho homem para ser o próximo patriarca e que eu cuidaria do meu neto como não consegui cuidar do meu filho.#

-Yoko-san, o Kazuma-sama está lhe chamando lá na biblioteca

#Tenho que tirá-lo daqui logo. Se continuar aqui na mansão ele saberá de tudo. Ninguém pode saber que o Akira-sama era filho de uma empregada como eu. Esse segredo será levado ao túmulo comigo, assim como foi com o meu amado e com a sua esposa.#

A governanta guarda a caixa e vai até a biblioteca.

-O que deseja, Kazuma-san?

-A senhora tem a chave dessa parte do armário?

-É o Akito-sama quem as guarda.

-Então terei que chamar a um chaveiro....

-O senhor não acha que isso seria um pouco abusivo?

-Quando o Akito-san retornar, tenho certeza que o patriarca irá aprovar todas as minhas ações.

A mulher olha em sua volta e vê que tudo estava revirado.

#Não deve estar apenas atrás da carta da Eiko-san.#

-O possuído pelo gato irá entrar na sede?

-Não. Vou poupar o meu filho desse ar tão pesado.

-Quem lhe vê falando assim, até pensa que realmente é o seu pai.

-Ainda bem que poucos se recordam que ele é filho do Higuchi-san.

-De fato! Essa foi a maior desgraça que aconteceu a minha família. O senhor que é da família do antigo possuído pelo gato, sabe muito bem o que isso significa dentro do clã.

-Será que o seu sobrinho não sabe de nada da carta da Eiko-san?

-Não! Estive a pouco em sua casa para lhe perguntar isso. O Higuchi-kun me afirmou que a sua falecida esposa não deixou carta alguma.

by DonaKyon