07/08/2009

119


As três amigas caminhavam pelo pátio da escola, uma ao lado da outra sendo que a Tohru estava no meio delas. Assim que voltaram para a sala de aula depois do almoço, a garota contou as amigas à linda declaração que o Momiji havia lhe feito, queria dividir a alegria que estava sentindo com elas. E agora, caminhavam em direção da saída do colégio.

-Lá está o príncipe encantado da Tohru-chan.

-Vocês não querem realmente uma carona?

-Nem... Vou caminhando até o trampo.... O dia está bom pra bater perna.

-.... Eu ficarei mais um pouco aqui na escola.

As duas amigas olham espantadas para Hanajima, aquela era a primeira que a colegial não fazia questão de sair correndo do colégio. A garota era do tipo que quando estava faltando três minutos para tocar o sinal já estava com todo material guardado na mochila.

-O que? A Hana-chan quer ficar mais tempo na escola? O que está acontecendo? Por um acaso alguma daquelas loucas do Prince Kyo te chamou pra uma briga depois da aula?

-É isso Hana-chan? Eu.. Eu não sou boa de briga, mas se for isso eu fico pra te ajudar... A minha tia fala que eu tenho o sangue de delinqüente da mamãe dentro de mim.

-Não se preocupem.... Apenas senti vontade de ficar mais um pouco por aqui.

-Tohru-chan, vamos?

Momiji se aproximava das garotas e sem fazer a menor cerimônia segura à mão da Honda. A garota fica um pouco corada, mas não consegue evitar um pequeno sorriso.

-Eih... Cê é um garotinho bem ousado heim....

-A Tohru-chan é a minha namorada. Então não tem nada demais, né Tohru-chan?

-Ahahah, cê tem razão. Pra que complicar o que é simples?

-Até amanhã Uo-chan, Hana-chan..

A garota começa a caminhar em direção do luxuoso carro que esperava por eles e pela janela vê a Arisa caminhando pela calçada e a Saki voltando para dentro do colégio.

#Será que a Saki-chan ficará bem, mesmo?#

-Tohru-chan, eu liguei na casa do Shii-chan e ninguém atende.

-Será que aconteceu algo grave com o Yuki-kun? A essa hora o senhor Shigure sempre está em casa.

-Se algo aconteceu com o Yuki-kun, eu ficarei sabendo quando chegarmos à sede. Mas tenho certeza de que nada de grave aconteceu ao Yuki-kun, afinal, hoje é o dia mais lindo da minha vida e nada poderá dar errado.

O largo sorriso de felicidade do Momiji tranqüiliza o coração da Tohru.

-Tem razão Momiji-kun. Tudo será perfeito hoje.

-O papai ficará feliz quando eu lhe contar que estou namorando a Tohru-chan.

-O senhor irá contar para o senhor Sohma?

-Claro. Não tenho motivos para esconder do papai. Apenas não contarei para o patriarca, mas para todos os outros possuídos irei contar sim. Assim nenhum deles irá começar a gostar da Tohru-chan também.

Ao ouvir o nome do patriarca, Honda se recorda da história do Hatori e da Kana.

-Momiji-kun, o senhor acha que o senhor patriarca ficaria bravo se descobrisse que estamos namorando?

-Humm... Eu não sei, mas acho que não, porque ele te deu autorização para morar com o Shii-chan, mesmo sabendo que a Tohru-chan sabe da nossa maldição.

-Eu sou muito grata ao senhor patriarca por isso. Graças a sua bondade, eu tenho um lar novamente.

-E eu tenho uma linda e gentil namorada.

Momiji encosta bochecha na bochecha da garota e esfrega gentilmente. Tudo aquilo parecia um sonho, finalmente podia ter os seus dedos entrelaçados aos dedos dela e a chamar de namorada.

#Não, isso é melhor do que um sonho, porque quando eu acordar eu ainda continuarei vivendo isso. #

Tohru mesmo se sentindo muito envergonhada encosta sua cabeça no ombro do garoto. Sempre tinha visto aquela cena nos mangás shoujo que lia, mas imaginava que aquela felicidade nunca seria lhe dada, entretanto agora estava ao lado de um belo garoto que tinha lhe feito uma declaração de amor tão linda. Ao sentir a aproximação de Tohru, o coração do Momiji bate ainda mais calmo do que já estava, e ele vai acariciando os seus cabelos até chegarem à sede.

Como a entrada da garota era proibida dentro da sede, o carro para diante da entrada principal e os dois descem de mãos dadas e vêem que outros três possuídos estavam em pé ao lado do portão.

-Olá Momicchi, Tohru-kun.

-Boa tarde Shii-chan. Aya. Yuki-kun.

-Muitíssimo boa tarde. Yuki-kun, o senhor está bem?

-Sim. Apenas perdi o horário do colégio.

-Que bom... Fiquei tão preocupada achando que o senhor tinha tido algum problema mais grave.

-Me desculpe por ter lhe preocupado tanto. Momiji-kun, não deveria ficar segurando na mão da Honda-san.

-Ahahahah... Eu posso sim segurar a mão da Tohru-chan.

-Momiji-kun, não vê o quanto que a Honda-san fica envergonhada com esse seu comportamento?

-O meu amado irmãozinho tem toda a razão. A jovem donzela está vermelha como essas flores de tsubaki.

-É??? Ahahahah, é verdade. A Tohru-chan está vermelhinha... ahahahah.... Mas não preocupe Tohru-chan, logo ficará acostumada em ser a minha namorada.
-Não deveria ficar inventando essas coisas, Momiji-kun.

-Mas eu não estou inventando nada. A Tohru-chan é a minha namorada sim. Né, Tohru-chan?

Momiji olha todo sorridente para a garota. E os três possuídos já esperavam por uma resposta dada por uma Tohru toda desajeita, aflita, e com medo de magoar os sentimentos de um pobre menininho.

-Sim.

-Viu? Viu? A Tohru-chan e eu estamos namorando.

-Isso é verdade, Tohru-kun?

-É sim, senhor Shigure.

A garota lhe respondia toda segura de si e com um sorriso nos lábios.

by DonaKyon

04/08/2009

118


O patriarca fica a espera de alguma resposta do possuído, mas depois de alguns minutos escuta o barulho da porta do quarto se fechando e afunda a cabeça no ôfuro ficando por alguns segundos com a cabeça dentro da água.

#Querer ser amada é só um ciclo vicioso de esperança e desespero. Ontem, ao escutar aquelas palavras do Hatori senti uma grande esperança dentro de mim. Era como se ele também pudesse me amar, mas isso é impossível. Eu sou o kamisama dos possuído, sou o patriarca desse clã maldito. Sou uma mulher que é obrigada a agir como se fosse um homem. Eu nasci para ser temida e não amada.#

Akito tira a cabeça da água e escuta algumas vozes. Não conseguia entender o que falavam e nem de quem eram.

#O que está acontecendo?#

Akito sai do ôfuro, vesti um quimono branco, vai para o quarto que estava vazio, e escuta as vozes de Haru e Hatori vindo do outro lado da porta.

-... deve ter uma maneira de me curar logo....

-Calma Haru-kun, irei ajudá-lo.

-Eu não posso continuar a magoar o Yuki dessa maneira.

-Vamos até a minha casa.

-Eu quero ser capaz de desejar que o Kyo e a namoradinha dele sejam felizes....


Ao escutar o nome do possuído pelo espírito do gato, Akito sente um grande ódio dentro de si e abre a porta com grande violência.

-QUEM É A NAMORADA DAQUELE MONSTRO?

Hatori e Haru olham com pavor para Akito.

-É AQUELA TOHRU HONDA, NÃO É?? ME RESPONDA HATSUHARU!

Akito avança para cima do possuído pelo espírito do boi e o segura pela gola de sua blusa. Os olhos do garoto estavam preenchidos pelas lágrimas e pelo medo. Era como se estivesse de repente dentro de um pesadelo.

-A-Aki-to-san...

-É ELA, NÃO É?

-Por favor, Akito-san... Solte o Haru-kun....

Hatori se aproxima do patriarca, mas é empurrado para longe.

-NUNCA ME DÊ ORDENS! QUEM É VOCÊ PARA ME DÁ UMA ORDEM? VOCÊ ME TRAIU. VOCÊ SABIA DE TUDO E NÃO ME CONTOU NADA.

Akito crava as unhas no rosto do Haru e o impressa contra a parede.

-FALA HATSUHARU! É A HONDA?

-N-não... não é ela...

O patriarca crava ainda mais as suas unhas e um pouco de sangue começa a escorrer pelo rosto do garoto.

-É muito feio mentir para o seu kamisama, Hatsuharu....

-Eu... eu não estou mentindo... Eu juro. Não é a Tohru-kun.

Akito solta o seu rosto, e Haru completamente atordoado sentasse no chão. Não podia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo. Por sua culpa, o patriarca havia descoberto sobre o namoro do Kyo.

-Se não é a Honda, quem é a namorada daquele monstro?

-É... é uma garota da classe dele.

-AHAHAH...Uma garota da escola? AHAHAHAHAH...Aquele monstro se esqueceu de quem ele é?? AHAHAHAHAHA..... Pobre garotinha.... AHAHAHAHH....Gostaria de ver a cara de pavor dela quando ela abraçar aquela coisa.... AHAHAHAHAH.... Imaginam então se ela tirar a pulseira dele?.... AHAHAHAH.... A coitada vai cair durinha no chão.... AHAHAHAHAHA

O patriarca volta para dentro do seu quarto rindo bem alto. Hatori se abaixa para ver o ferimento do rosto do garoto.

-O que foi que eu fiz? O Kyo nunca irá me perdoar.

-Fica calmo Haru-kun.

-Hatsuharu, venha aqui me contar como é essa pobre infeliz.

Haru se levanta com a ajuda do Hatori, e o médico sente o quanto que o primo estava tremendo. Ele sabia melhor do que ninguém que era impossível contrariar aos pedidos de Akito. O patriarca estava sentado no tatame e ainda ria muito.

-AHAHAHAH... Acho que nem vou mais precisar daquela órfã na casa do Shigure.....AHAHAHAH..

Hatori e Haru se mantinham em pé e olhavam-se sem entender do que o patriarca estava falando.

-Do que é que está falando Akito-san?

Akito para de rir e olha para o médico.

-Eu só deixei aquela garota morar na casa do Shigure para castigar aquele monstro. Eu queria que ela também descobrisse sobre a forma horrenda daquele monstro, mas agora que aquela coisa está namorando, será ainda mais divertido quando a sua “namorada” descobrir toda a verdade sobre ele.

-Foi por isso que deixou a Tohru-kun morar com o sensei?

-Foi. Quando o Shigure me contou que ela era fã do gato da lenda dos doze signos, eu logo percebi que a garota poderia começar a gostar do monstro, ou ele se aproximar dela. Mas, tenho certeza que mesmo a Honda não seria capaz de aceitar a sua verdadeira forma.

Akito se levanta do tatame e se aproxima do médico.

-Mais tarde irá até a casa do Shigure. Você já sabe o que tem que fazer.

-Akito-san... Você está mandando o Tori-san apagar a memória da Tohru-kun?

-Até que você não é tão burro como eu imaginava, Hatsuharu.

-MAS POR QUE?

-Porque eu não preciso mais daquela órfã. E como sou muito caridoso, você pode apagar a memória da namoradinha do monstro depois que ela descobrir tudo. A infeliz não merece viver o resto de sua vida com aquela imagem grotesca em sua mente.

Haru joga-se no chão diante de Akito e começa a lhe implorar.

-Por favor, Akito-san... Por favor, não apague as memórias da Tohru-kun e da Hanajima.

-Hanajima? Então é esse o nome da namoradinha do monstro.

-Akito-san, eu também lhe peço para não apagar as memórias dessas garotas.

Hatori estava com o tronco um pouco inclinado diante de Akito.

#Mas o que essas garotas tem em especial para provocar esse comportamento neles? Eu preciso vê-las com os meus próprios olhos, principalmente a tal da Hanajima.#

-Eu quero conhecer essas garotas. Hatori, me leve até o colégio deles.

-Oque? O patriarca quer ir até o nosso colégio agora?

Akito finge que não tinha escutado a pergunta do Haru e vai até o closet para vestir uma calça cinza escura e uma camisa de gola alta na cor negra. Quando ela volta para o quarto, Hatori vê novamente a imagem masculina de Akito.

#Aonde é que está aquela linda e solitária mulher?#

-Vamos Hatori.

O médico é incapaz de lhe dizer alguma coisa e segue Akito pelo longo corredor. Haru continuava ajoelhado no tatame, não conseguia encontrar forças para se levantar dali, e ainda podia sentir as unhas de Akito entrando em seu rosto.

by DonaKyon

02/08/2009

117


#O meu maior desejo era de desaparecer desse mundo. Gostaria de simplesmente deixar de existir. Que agora, ao abrir os meus olhos, eu estivesse num outro mundo, começando uma nova vida. Queria sumir sem deixar nenhum rastro de lembrança para trás. Que todos esquecem que um dia me conheceram, assim ninguém sentiria saudades de mim.#

Akito abria os olhos lentamente desejando realmente estar em outro mundo e não naquele quarto, entretanto ao firmar sua visão vê o mesmo teto branco de todos os dias.

#Hehe... como eu sou uma idiota mesmo, até parece que alguém sentiria saudades de mim..... Se eu desaparecesse desse mundo todos do clã ficariam satisfeitos e os possuídos aliviados. As únicas pessoas que poderiam sentir a minha falta já não estão mais nesse mundo.#

O patriarca escuta o bater na porta e volta a fingir que estava dormindo. A empregada entra com todo cuidado para não fazer barulho e coloca a bandeja com chá e alguns onigiris sob a pequena mesa no canto do quarto e retira a bandeja que tinha sido levada por ela duas horas antes. Ao ouvir o barulho da porta se fechando o Kamisama dos possuídos volta a abrir os seus olhos negros novamente.

#Como eu gostaria de voltar a viver aquela alegria que sentia quando o meu pai estava vivo e depois com a Eiko-chan, mas isso é impossível. Nunca mais viverei dias parecidos com aqueles. Desde que a Eiko-chan se matou, o meu mundo se transformou nesse mundo negro e solitário. Teria sido muito melhor se aquele monstro não tivesse nascido. Sem ele todos seriam felizes. A culpa é toda dele. Foi ele quem a matou.#

Uma pequena lágrima sai dos olhos de Akito molhando o travesseiro.

#Pobre Eiko-chan, apesar de ter dado à luz a um monstro horrendo, ela ainda assim conseguiu amá-lo.... Ela o criava com muito carinho.... Aquele mesmo carinho que um dia foi meu..... Como eu o odeio.... Aquele monstro maldito não derramou uma lágrima sequer por sua própria mãe. Aquele monstro não é capaz de amar ninguém.#

Akito passa a mão nos olhos secando as lágrimas e fica sentada na cama. Ela olha para o relógio que ficava ao lado de sua cama e vê que já estava no começo da tarde. Não tinha a menor vontade de se levantar daquela cama, mas sabia que tinha várias responsabilidades como o patriarca dos Sohmas.

#Por que é que eu não nasci como outra pessoa? Por que é que eu tinha que ser o kamisama e o patriarca? O meu pai não sentiu em seus ombros o peso de ser o kamisama dos possuídos, mas me lembro como ele falava com orgulho o fato de seu filho ser o kamisama.#

-É você Akito! A criança especial. A criança escolhida. A criança que nasceu para ser amada. Todos estávamos esperando por você. No seu futuro não haverá solidão ou medo.

Ao se lembrar das palavras de seu pai, a garota abaixa a cabeça e começa a chorar baixinho.

# Papai, o senhor estava errado..... Eu não sou amada por ninguém e só existe solidão em minha vida.#

-Todos nós podemos mudar o nosso destino....... Lute para não morrer na solidão.

#Será que o kamisama pode mesmo mudar o seu próprio destino? Não! Certamente que não pode. O Hatori também está errado. Nada posso fazer contra a solidão. Eu não posso nem contar os meus sentimentos para você.#

Akito ainda chorava baixinho quando sente que alguém sentou ao seu lado na beirada da grande cama de casal. Por alguns segundos ela ainda se mantem com a cabeça baixa e as mãos diante dos olhos, mas não chorava mais. Ela não sabia o que fazer naquele instante, não adiantava gritar e xingar uma vez que a pessoa já a tinha visto tão fragilizada. Seu desconforto fica ainda maior quando sente que uma suave mão afagava os seus curtos cabelos negros.

-Akito-san.

Ao escutar aquela voz, o patriarca abriu o máximo que conseguia os seus olhos e ao mesmo tempo a sua respiração ficou um pouco mais forte. Lentamente ela abaixa as mãos e vai erguendo o seu corpo para ficar sentada na cama, mas se mantem olhando para frente.

-Foi a Yoko quem te chamou?

-Não.

Hatori tira a sua mão que ainda afagava os cabelos da garota. Estava se sentindo um pouco envergonhado por ter a acariciado sem pensar. Mas quando entrou no quarto e a viu chorando tão dolorosamente, desejou fazer alguma coisa para que ela parasse de chorar. Na verdade, desejava que ela nunca mais tivesse motivos para chorar daquela maneira.

O patriarca se descobre e veste o seu quimono vinho que estava nos pés da cama e se levanta. Agora que ele estava ali no quarto era impossível não se lembrar de seu abraço e de suas palavras da noite anterior. Não querendo que o médico visse o quanto que ela tinha chorado, ela caminha para o banheiro sem lhe olhar, deixando a porta aberta.

-Por que está aqui tão cedo? Sempre vem me examinar no começo da noite.

Akito verifica a temperatura da água do ôfuro e começa a se despir para tomar um banho, achava que assim teria tempo para tirar qualquer evidencia de choro de seus olhos.

-Como estava passando ao lado da mansão quis vim ver como estava.

-Hunf...achei que era porque não queria me deixar sozinha.

Akito havia dito aquilo com um forte tom de deboche em sua voz, e entra no ôfuro com o coração batendo mais rápido. Estava muito irritada consigo mesma. O fato do médico a ver tão frágil nos últimos dias, agora a incomodava muito. Ela havia se esquecido que era a kamisama dele e a patriarca do clã.

Hatori fecha as mãos com um pouco de força e abaixa a cabeça, estava se sentindo ainda mais idiota agora.

#Como pude achar que ela queria me ver também? Akito-san é o nosso kamisama. É claro que ela nunca iria sentir algo especial por mim.... Ela pode até se sentir sozinha às vezes, mas a verdade é que ela não precisa de mim.#

by DonaKyon