31/10/2009

155


....desejarei vê-lo rindo.... não só sob o luar, mas sob o azul do céu... desejarei vê-lo não apenas conosco... mas também rodeado pelos humanos... e vislumbrar seu sorriso de felicidade.

Akito percebe que algumas lágrimas tinham saído de seus olhos, e uma forte mistura de vários sentimentos tomam conta de sua alma; sentia saudades, tristeza, dor, e de traição.

#Por quem estou chorando? Quem falou isso?#

-Aa-chan?!

Saki se senta ao lado da garota e o possuído pelo espírito do gato fica parado na frente delas. Akito abraça a colegial e começa a chorar em seu ombro. Sentia algo gritando dentro dela, mas não conseguia entender o que era aquele sentimento.

-Não tenha medo. Estamos aqui com você.

Kyo só a observava, na verdade, aquela era a primeira vez que fazia aquilo com mais atenção. Às poucas vezes que tinha estado com Akito, o seu olhar era sempre de raiva e ódio, pois era esse mesmo olhar que ele recebia do kamisama. Mas agora, aquela pessoa que chorava na sua frente não era mais o kamisama que lhe odiava e nem o patriarca dos Sohmas. O possuído pelo gato não diz nenhuma palavra, e simplesmente se senta ao lado de Akito.

-De repente eu comecei a chorar, quando me lembrei algo.

-O que lembrou Aa-chan?

-Agora não me lembro direito, mas era alguém que queria me encontrar sob um céu azul.

- Em breve se lembrará de tudo.

As duas garotas se afastam e Hanajima vê que o Kyo estava sentado ao lado da Akito.

-Kyo, fique aqui com a Aa-chan. Vou buscar um copo de água para ela.

A colegial se levanta deixando os dois sentados na varanda sem falarem nada, permanecendo apenas um ao lado do outro. O garoto enfia a mão no bolso e tira o seu lenço e coloca sob as pernas de Akito. O patriarca pega o lenço e começa a secar suas lágrimas.

-Obrigada.

Kyo os escutar aquele “obrigada” sente que seus olhos estavam a ponto de ficarem com algumas lágrimas. O garoto não entende o que estava acontecendo, mas aquela simples palavra fez a sua alma se recordar de algo e estava tentando despertar um sentimento que tinha existido dentro dele a muito tempo atrás.

-Eu sempre fui tão chorona assim?

-Não.

-Será que é uma conseqüência da perda de memória?

-Não sei.

Akito olha para o garoto, e ao ver que o Kyo olhava os pássaros que voam livremente pelo céu, a garota também começa a observá-los. O vôo tão desordenado dos pássaros dava aos dois a mesma sensação de liberdade e ao mesmo tempo de saudades.

-De repente me deu uma vontade de ficar girando....

Kyo olha espantado para Akito, que continuava a falar enquanto olhava para os pássaros.

-... de abrir bem os braços e ficar girando até ficar bem tonta. Acho que os pássaros devem ficar com essa sensação quando estão voando dessa maneira.

#A minha mãe que fazia isso. Lembro-me de que algumas vezes eu a vi olhando sozinha para o céu e quando ela olhava para os pássaros voando assim, ela abria os braços e ficava rodando até cair sentada no chão.#

Hanajima que tinha escutado a conversa, e ao ver a reação do Kyo quando o patriarca falou aquilo, logo deduz que aquilo deveria ser algo relacionado à mãe dele.

-E por que é que a Aa-chan não faz isso?

-Acho que seria muito estranho.

Saki, sem dizer mais nada, entrega o copo de água nas mãos de Akito, depois tira os sapatos e as meias e solta a longa trança ficando com os cabelos soltos. Caminha até o meio do jardim e começa a rodopiar. Os dois ficam a olhando, muito espantados. Hanajima rodava cada vez mais rápido, e como a sua saia batia um pouco abaixo do joelho, ela podia girar sem ficar com receio de que a sua calcinha estivesse aparecendo. Seus longos cabelos negros pareciam que estavam brincando com ela.

Aquela imagem da Hanajima rodando tão livre estava encantando os dois, Saki agora ria e balançava os braços enquanto girava. Akito não consegue mais ficar apenas olhando e vai girar ao lado da Saki. As duas agora riam mais alto e rodavam mais rápido, sendo que em alguns momentos quase que uma bate na outra, o que fazia com que elas rissem ainda mais.

Kyo nunca tinha visto a Saki tão linda e feliz como naquele momento. Ele se levanta desabotoando a camisa escolar, deixando à mostra a camiseta preta que vestia por baixo, e começa a girar próximo das garotas. Inicia de maneira bem tímida e se sentindo um pouco bobo, mas depois estava indo mais rápido e ria também.

A colegial é a primeira que cai no chão, pouco tempo depois é a vez do Kyo cair sentado. Os dois ficam rindo enquanto olhavam a Akito que rodava ainda mais rápido, feliz por ter sido a última a cair no chão.

-Ahahahah, eu ganhei.... ahahahah

-Mas eu comecei muito antes.

-Não importa! O que vale é que eu fui a última a cair no chão.

Kyo deitasse no chão e abre os braços. O céu estava ainda mais azul agora e outro bando de pássaros estava voando.

#Finalmente descobri o porquê que a minha mãe fazia aquilo. Ela queria sentir a sensação de estar voando como os pássaros.#

-Cadê? Eles sumiram!!

Akito começa a procurar algo pelo chão.

-O que foi, Aa-chan?

-Eu perdi os bichinhos da Tohru. Me ajudem a procurá-los.

Saki se levanta e começa a procurar enquanto que o gato, que ainda estava deitado no chão apenas se limitava a olhá-las.

-Como eles são?

-São aquelas miniaturas de bisqui do gato laranja e do cavalo-marinho. Vamos Kyo, ajuda também!!

Kyo ao escutar as palavras “gato laranja” tinha se levantado de uma vez do chão e agora está em pé ao lado delas.

-E por que é cê tava com elas?

-Eu as coloquei no bolso. Achei que tinha escutado alguém e vim ver. Que droga! Espero não ter perdido.

Os três começam a procurar pelos dois animais, mas continuam conversando enquanto realizam a busca, sem perceberem que estavam sendo observados por alguém.

by DonaKyon

28/10/2009

154


O escritor percebe que Akito tinha se lembrado em algo muito bom, pois involuntariamente tinha começado a sorrir.

-Shigure... O Hatori me falou ontem que de todos, você era a pessoa que mais esteve próximo de mim, que era como um irmão mais velho para mim.

-Puxa, por que é que o Haa-san não fala essas coisas bonitas na minha frente?

-Você sabe se eu gostava de alguém?

-Sim. Você sempre foi apaixonada pelo Hatori.

#Então a minha intuição estava certa. Era isso que estava queimando dentro de mim naquele momento. Mesmo sem me lembrar de nada, eu não consegui esquecer o meu sentimento por ele.#

-Aproveite esse tempo para você, Akito. Em breve terá que voltar para a sede, se lembrando de tudo ou não, então, aproveite ao máximo essa “folga” que conseguiu. E é claro que eu estou falando para você aproveitar com o Haa-san... aahahahah

-Ele te falou o que aconteceu ontem?

-Não. Mas pela cara dos dois percebi que finalmente se acertaram.

Ao escutar aquilo o patriarca fica mais tranqüila, pois de fato, ele a conhecia muito bem. Shigure olha o relógio e se levanta da cama.

-Agora vamos tomar o café da manhã que a Tohru-kun deixou preparado. Depois irei para a sede e a madame ficará aqui em casa com os garotos e a Hanajima, depois que eles voltarem da escola.

Ao chegar à cozinha, Akito percebe que aquele ambiente era novo para ela, um café da manhã acompanhada em uma cozinha.

-Tem algumas coisas que eu sei que não fazem parte da minha vida. Não sei explicar o porquê, mas eu sinto.

-Sim, creio que terá várias situações assim nos próximos dias. Mas, permita-se a vivê-las também, quem sabe não começará a gostar?

O café da manhã dos dois ocorre de uma maneira bem sossegada. Akito evitava perguntar sobre o seu passado, a sua intuição lhe dizia que ela não ficaria feliz se o recorda-se.

Shigure, logo depois do café, foi para a loja do Ayame. Queria chegar mais cedo na casa do médico para se prepararem para a reunião do clã.

Akito estava sozinha no quarto da Tohru, e se aproxima novamente dos bichinhos de bisqui segurando o gato e o cavalo marinho.

#Mas por que será que ela colocou esses bichos com os outros onze animais do doze signos? E por que está faltando o dragão?#

A garota começa a caminhar em direção da cama com as pequenas figuras em suas mãos e se deita.

#Acho que deveria me preocupar com outras coisas agora. Como por exemplo, o que vestirei, pois nenhuma das roupas da Tohru me agrada.#

Ela deixa os dois animais sob a cama e começa a abrir as gavetas da garota a procura do que vestir. Após jogar quase tudo no chão ela encontra uma blusa preta e uma bermuda jeans um pouco surrada já. Ela veste as roupas e repara como a blusa tinha ficado bem larga em cima.

#Eu não tenho quase nada de seio. Olhando assim, eu até me pareço com um homem. O que será que o Hatori via em mim?#

Ao se lembrar do primo, ela se senta na cama e vê novamente aquelas duas figuras sob a cama, e as segura mais uma vez.

#Espero que essa tarde passe bem rápido. Quero muito vê-lo.#

Akito escuta uma voz vindo do jardim da casa, sem pensar no que estava fazendo, ela coloca os dois animais de bisqui dentro do bolso da bermuda e desce para ver quem havia chegado. Ela sai descalça e começa a caminhar em volta da casa para ver se encontrava alguém.

#Ué? Eu tinha certeza de que tinha escutado algo.#

Estava fazendo uma linda manhã naquela quarta-feira. Tudo estava brilhando, era o começo da primavera que estava se aproximando cada vez mais. Akito sente-se na varanda e fica olhando para aquele céu tão azul.

by DonaKyon

25/10/2009

153


Akito abre os olhos e tenta reconhecer onde estava. Sabia que havia algo de errado, mas era incapaz de dizer exatamente o que é que tava errado. O quarto era iluminado pela luz do sol que entrava pela janela, pois nem mesmo a fina cortina de tecido claro, era capaz de impedi-lo. A garota olha para o relógio e vê que eram 10 da manhã.

#Será que é essa hora que me levanto mesmo? Como será que é o meu quarto? Como será a minha vida?#

O patriarca se levanta e começa a descobrir o quarto da Tohru. Ela segura o porta-retrato com a foto da Dona Kyoko e logo deduz que aquela mulher era a falecida mãe da garota, ao seu lado havia um conjunto dos 12 signos do zodíaco que a garota mesma tinha feito, mas dois detalhes chamaram a atenção de Akito, no lugar do dragão tinha um pequeno cavalo marinho e no meio dos doze havia um gato.

#Por que será que a Tohru-chan fez esse conjunto assim?..... Tohru-chan..... Será que eu sempre a chamei assim? Eu acho isso tão estranho, me parece que nunca a tinha lhe chamado assim.#

Akito se olha no espelho e se vê de camisola de tecido de algodão na cor rosa com pequenas flores vermelhas desenhadas. A sua sensação era de que aquela pessoa refletida para os seus olhos não era ela. Ela rapidamente sai do quarto e corre para o quarto do Shigure, abrindo a porta sem ao menos ter batido e vê que o escritor ainda dormia. Ela começa a sacudi-lo e a chamá-lo para lhe acordar.

-Shigure... Eih Shigure.

Shigure abre os olhos e vê um pedaço de tecido rosa com flores vermelhas até a altura do joelho, quando olha para cima e vê que era o patriarca que estava com aquela roupa ele começa a ter um acesso de riso.

-AHAHAHAH AHAHAHAHHA

#Ele me respondeu o que eu queria saber. É claro que eu nunca usaria esse tipo de roupa na minha vida.#

-Me desculpe Akito, mas é que.... Ahahahahah..... é que..... ahahahah

-Eu já entendi. Nunca tinha me visto assim antes.

-Ahahahahah.... Exatamente isso.... Ahahahah

Akito se senta na cama e espera que o primo acabe de rir.

Após rir por mais alguns minutos, Shigure se senta na cama e olha para a garota.

-Pelo menos eu sei o que eu nunca usaria.

-A que pena... Já ia encomendar do Ayaa um monte de vestidos cheios de laçinhos para você.

-Isso é mais a cara da Tohru e não a minha..... Tohru?! Tohru-chan?!

-O que foi?

-Como eu a chamava antes?

Shigure já tinha entendido o que é que a Akito estava procurando, a garota queria saber quem ela era antes.

-Akito, desde que tinha oito anos, você é a líder de uma das famílias mais tradicionais do Japão. Acredita que a líder do clã Sohmas, um dos mais ricos desse país, a chamaria de Tohru-chan?

-Não.

-É claro que não. Você sempre chamou as pessoas pelos seus nomes. Então não precisa começar a fazer isso agora. Mas, as meninas sempre te chamaram daquela maneira.

- Então, o meu pai morreu quando eu tinha oito anos?

-Não. O Akira-sama morreu quando tinha sete anos.

-E que doença a minha mãe tem?

-A Ren é louca!

Ao escutar aquilo Akito não sente vontade de lhe perguntar mais nada.

-Akito, acha que alguém que é líder a tantos anos de uma família como a nossa, teve tempo para viver a sua própria vida? Acha que teve oportunidade para descobrir quem realmente é? Você sempre teve muita pressão e responsabilidades nas suas costas. Teve que crescer muito rápido e nem teve tempo de se descobrir. Foi por isso que o Haa-san achou melhor que ficasse longe da sede por esse tempo.

Shigure segura nas mãos de Akito. Ele também desejava que ela encontrasse a verdadeira Akito Sohma, não queria que ela começasse a fingir quem ela não era novamente.

-Pense sempre como a líder dos Sohmas, pois essa é você.

-Pensar como a líder dos Sohmas.

-Isso e também acredite em seus instintos ou na sua intuição.

Akito se lembra do que tinha acontecido entre ela e o médico na noite anterior.

by DonaKyon