26/09/2009

140


Megumi não ficou muito tempo dentro da cozinha.

-Saki-chan, as garotas estão te chamando.

A colegial vai até lá, e o garoto se aproxima do grupo de adultos. Todos estavam o olhando, e ele não falava nada, mas era evidente que algo o estava incomodando muito.

-E aí pivete?

-A maldição da Saki-chan é melhor do que as minhas. Me pergunto como foi que ela conseguiu ficar tão boa assim. E olha que essa foi a sua primeira vez.

-Então não conseguiu desfazer a maldição?

Megumi olha para o Hatori.

-Ainda não.... Mas achei a Aa-chan muito bonita!

#Sim... Coragem é um dos nomes da família Hanajima. Será que a nossa maldição também não foi lançada por uma simples criancinha como essa?#

O médico vai se sentar no sofá, agora só lhe restava à medicina para reverter àquela situação.

-Pesquisarei mais sobre isso também. Deve ter uma maneira de desfazer sim. Não existe nenhuma maldição no mundo que não possa ser desfeita, ou controlada!

Todos os possuídos olham para o garoto, mas nenhum chegou acreditar que a sua própria maldição poderia ser desfeita.

-Eu também acredito nisso! E irei ajudá-lo. Tentarei encontrar o máximo de informações possíveis sobre a maldição do Jûnishi lá na mansão, acredito que como sendo o patriarca, terei acesso a muitas coisas.

-Que? O Mestre vai ficar como o patriarca?

-Sim, mas será apenas por um tempo.

O som das risadas das garotas na cozinha chama a atenção de todos.

-É difícil acreditar que ela esteja rindo dessa maneira também.

Megumi olha para o Shigure e dá um pequeno sorriso com o canto dos lábios.

#Acredito que o meu gesto egoísta será favorável para eles também.#

O garoto, ao ver o quanto que todos estavam curiosos sobre o que as garotas estavam conversando, resolve se aproveitar de sua posição como criança e vai até a cozinha, deixando todos os outros com inveja dele.

-Puxa... eu também queria ir lá.... Queria ficar com a Tohru-chan.

-Como é bom ser criança nessa hora. A gente também fazia muito isso, né Aaya?

-Vocês dois faziam isso e coisas muito piores também. Mas foi bom que o Hanajima-kun foi para a cozinha. Preciso esclarecer uma coisa. O Haru-kun, não foi para a sede para conversar com Akito. Ele foi para se consultar comigo.

-Eu passei na casa do Hatori e a empregada falou que ele tava lá na mansão. Na verdade eu fui até a mansão atrás do Hatori e não do Akito.

-Mas você tinha me falado antes que ia até a sede para contar ao patriarca sobre a Hanajima e o Kyo porque estava com ciúmes deles.

-Yuki, você me fez ver que eu estava errado. Eu percebi que se contasse a verdade para Akito não estaria apenas prejudicando as garotas e o Kyo. Estaria prejudicando principalmente a pessoa que mais amo. Aquela por quem eu tinha feito de tudo para salvar, para tirá-la da sede, e assim, ficar longe das torturas de Akito. Se a Tohru-kun se esquecesse de tudo, era você a pessoa que mais iria sofrer. Eu sempre disse que eu gosto do Kyo, mas é você quem eu amo, e eu não queria te magoar mais com isso. Não queria que você sofresse por causa da minha obsessão pelo Kyo. Por causa da minha doença.

-O que o Haru-kun tem é chamado em inglês de Dissociate Type. É a teoria que explica os casos de dupla personalidade. Normalmente, se alguém não é capaz de ultrapassar uma barreira psicológica durante o período da sua infância, outra personalidade pode nascer dentro dela, para proteger e confortar esta criança. Não importa a personalidade, ela existe, porque a pessoa deseja isso. Eu descobri isso alguns anos atrás, mas ele sempre tinha se recusado a começar um tratamento até hoje. O que aconteceu, é que a Akito acabou ouvindo o final da nossa conversa, justamente a parte que o Haru-kun estava dizendo que queria ser capaz de desejar felicidade para o Kyo e a sua namorada.

Todos olham para o Haru como se lhe pedissem desculpas.

by DonaKyon

23/09/2009

139


Akito já não estava suportando ficar ali na sala com aqueles olhares tão espantados para ela, tudo o que ela queria era sair um pouco dali.

-Onde fica a cozinha? Tem coisas que precisam ir para a geladeira aqui!

-Ah, pode me dá Aki-chan. A cozinha é ali naquela porta.

As duas garotas vão para a cozinha e todos os outros que estavam na sala olham imediatamente para o Hatori, que estava encostado na parede com os braços cruzados.

-Eu avisei.

-Talvez tenha tido uma grande idéia quando a trouxe para cá. Acredito que lhe fará muito bem respirar ares mais leves do que os da sede.

-Eu me lembrei do que o senhor fez pelo Kyo. E eu queria que ela ficasse próxima da Honda-san e da Hanajima, e isso seria impossível se ficasse dentro da sede. Eu quero que ela finalmente descubra quem ela é.

-Mas agora, precisamos comunicar a sede. Provavelmente nem todos do clã irão aceitar que eu seja o patriarca por esse tempo.

-Akito terá que assinar algum documento para podermos provar que essa foi uma decisão do próprio patriarca.

-O Shigure tem razão. Com esse documento em mãos, todos terão que aceitar que o Kazuma-san é no novo patriarca.

Os possuídos mais novos, apenas se limitavam a escutar. Tudo aquilo estava parecendo muito complicado para os três. Estavam sentados no sofá e em silêncio, e assim ficaram por alguns minutos. Só se levantaram quando escutaram o barulho da porta se abrindo.

Hanajima e o Kyo haviam entrado de mãos dadas na sala, mas agora a garota a solta e se ajoelha na frente dos possuídos.

-Me perdoem pelo que fiz!

Kazuma vai até a garota e a faz com que se levante do chão.

-Não precisa pedir perdão. Somos nós que temos que nos desculpar por tudo o que a senhorita passou. Podemos imaginar um pouco do que aconteceu. Eu sou o Kazuma Sohma, sou o pai do Kyo. Muito prazer em lhe conhecer.

A garota se inclina para lhe cumprimentar.

-O Haa-san nos contou como foi. Não precisa se preocupar.

-Ah, Hana-chan, muito obrigado por já ter contado que eu sou o namorado da Tohru-chan.

-Como é que é?

-É verdade. Me esqueci de te contar isso. Eles começaram a namorar na hora do almoço.

-E vocês dois na hora da janta! Muito prazer, sou o Megumi Hanajima.

-Agora eu entendi o motivo da sua vinda aqui. O Kyo me contou essa tarde que você ia pesquisar sobre a maldição do Jûnishi.

-Sim.. Eu já comecei a pesquisar, mas ainda não encontrei nada, apenas vários relatos da lenda. A Saki-chan me chamou para ver se eu consigo reverter a maldição que ela lançou, se bem que lançar maldições é a minha especialidade e não a dela.

-Um garotinho tão novinho como você sabe lançar maldições?

-Sim.. Basta eu saber o nome da pessoa que posso lhe lançar qualquer maldição que eu queira.

-Eu sou o Hatori Sohma.

-Então era o senhor quem ia apagar as memórias da minha irmã?

-Sim. Eu apagarei as memórias dela, se assim o nosso kamisama decidir. Mas, por hora, isso não será necessário.

-Entendo! E onde estão a Tohru-chan e a Aa-chan?

-Elas estão ali na cozinha.

O médico aponta na direção e o garoto vai sozinho até lá.

-Pelo visto a coragem é uma característica da família Hanajima.

-O Megumi-kun aprendeu tudo o que sabe por causa da minha maldição. Tudo para me proteger. Mas, não se preocupe Hatori-san, ele não lhe lançará maldição alguma se tiver que apagar a minha memória e da Tohru-chan.

-Mas isso ainda pode acontecer Hatori?

-Se o Hanajima-kun conseguir que a Akito recupere a memória dela. Isso poderá acontecer sim.

Depois daquela frase era impossível falar qualquer coisa.

by DonaKyon

20/09/2009

138


Akito abria a porta da casa se sentindo um pouco assustada. Todos os que ali estavam a conheciam muito bem e há muitos anos, mas para ela, aquela seria a primeira vez que se encontraria com eles.

#Está tudo bem... Ficará tudo bem... Em breve irei me lembrar de tudo.... A Saki-chan falou que eles são as pessoas em quem eu mais confiava e que eram os meus amigos.... Então, está tudo bem......#

O patriarca começa a recordar da mão da garota lhe acariciando quando ela tinha acordado do desmaio.

#Não tenho motivos para não acreditar nela. Ela estava sendo tão gentil e carinhosa comigo naquele momento.... Aquela só poderia ser a atitude de uma amiga.#

Ela tira os sapatos e entra na sala, onde todos aqueles rostos estranhos a estavam esperando.

-Akito, como você está? Está sentindo alguma dor? Já se lembrou de alguma coisa?

A garota recebia aquele abraço tão afetuoso, daquele jovem rapaz que vestia um quimono cinza, se sentindo um pouco sem jeito.

-Shigure, a deixe se familiarizar um pouco.

O jovem a solta, e lhe olha cheio de afeto e com um pouco de tristeza em seu olhar. Estava sendo muito difícil para o possuído, ver o seu kamisama sem se lembrar de nada do que tinha acontecido.

Todos os possuídos estavam sentindo a mesma sensação de abandono. Desde que nasceram, sabiam que tinham que obedecer, amar e temer aquela pessoa que estava parada na entrada da casa. Mas, agora, tudo estava diferente, o kamisama não se lembrava que era o kamisama deles, não se lembrava de seus possuídos. Akito estava ali, parada na frente deles, mas não era o kamisama, era apenas uma pessoa que eles, também, tinham acabado de conhecer. E para aquela Akito Sohma, eles não eram obrigados a sentir nenhum tipo de sentimento. Não eram mais obrigados a lhe obedecer, a lhe amar e nem a lhe temer. Ela era somente uma garota que tinha acabado de chegar a suas vidas, e que era impossível saber até quando ela existiria.

Aquela garota que estava um pouco assustada, sem saber de nada sobre o que tinha vivido, e que olhava perdida para cada um daqueles rostos, podia deixar de existir a qualquer momento ou ficar para sempre em suas vidas. Tudo agora era muito incerto, é era por isso que eles estavam se sentindo tão abandonados.

- Hatori, está tudo bem... Shigure, ainda não me lembro de nada e estou bem... Desculpem-me por deixá-los tão preocupados.

#Definitivamente essa pessoa não é Akito Sohma!#

Esse foi o pensamento que passou na cabeça de todos os Sohmas que estavam na sala. Nunca antes tinham visto aquele leve sorriso de sinceridade em seu rosto e nem escutado aquelas palavras com aquele tom de voz e atenção.

-Mas você não se lembrou do meu nome?

-Não. A Saki-chan me descreveu um pouco de cada um de vocês. Acho que ela não queria que vocês passassem pelo sofrimento que o Hatori e ela passaram. De me verem diante de vocês, sem que ao menos, eu soubesse os seus nomes.

-Então a Akky sabe o meu nomezinho?

-Você deve ser o Ayame, e aquele garoto é o seu irmão, o Yuki. Você é o Hatsuharu, e você, com os cabelos loiros, é o Momiji, o namorado da Tohru-chan. Como é a única garota que está aqui, certamente é a Tohru-chan.... Mas, do senhor, acredito que a Saki-chan não me falou nada....

-Sou o Kazuma Sohma. Você é a minha prima de terceiro grau, e também sou o pai do Kyo.

-Ah, daquele garoto bonito de cabelo laranja?!

Todos tiveram que se segurarem para não caírem no chão naquele instante. Não estavam acreditando que Akito Sohma tinha se referido ao possuído do gato como sendo um “garoto bonito” e não um monstro como ele sempre fazia.

-Exatamente dele... Onde ele está?

- O seu filho está lá fora com a Saki-chan. Estão esperando pelo irmãozinho da Saki-chan.... Como é mesmo o nome dele?

-MEGUMI-KUN.... É Megumi Hanajima...

-Isso, o Megumi-kun está vindo pra cá.

Akito já não estava suportando ficar ali na sala com aqueles olhares tão espantados para ela, tudo o que ela queria era sair um pouco dali.

by DonaKyon