14/08/2009

122


Yuki enquanto corria começa a se lembrar da primeira vez que se encontrou com o Kyo. Tinha sido durante uma comemoração da festa dos doze, a qual o gato nunca pode participar.

-Eu não vou te perdoar. Nunca vou perdoá-lo...! A culpa é toda sua! Tudo culpa do rato idiota!! Tudo, tudo por sua causa...

#O Kyo devia me culpar da mesma forma que o Haru me culpava quando éramos crianças. Eles não odiavam a mim, mas sim, o rato. Foi por culpa do rato que o gato não pode entrar para o grupo dos doze signos, e por ele ter faltado à festa o gato foi punido com aquela forma. O Kyo deve ter me odiado ainda mais depois que soube da carta da sua mãe dizendo que se ao menos ele fosse o possuído do rato..... Se não fosse pelo rato, a mãe dele estaria viva ainda.#

Yuki para de correr e coloca as mãos diante dos seus olhos. Não queria que ninguém o visse chorando.

#Por que não percebi isso antes? O Haru quando me conheceu, disse que me odiava, e que era a culpa do rato o boi ser um motivo de piada para todos do clã, mas eu consegui conversar com ele e ficamos amigos. O Kyo apesar de não ter falado que me odiava como fez o Haru, ele me olhou cheio de ódio, e aquele olhar só me fez sentir vontade de chorar. Nunca consegui conversar com o Kyo como conversei com o Haru. Acreditei que o seu ódio por mim era irracional. Não era apenas isso, eu comecei a lhe odiar porque Akito lhe odiava. Diferentemente do Haru e da Kagura, que nunca ligaram para o clã, eu não consegui me aproximar dele porque sempre acreditei que o clã estava certo. Até hoje, eu não tinha visto que o Kyo tem um forte motivo para odiar o rato. Cabia a mim lhe mostrar que eu era muito diferente do rato, assim como eu fiz com o Haru.#

-Yyu-ki...

O garoto passa as mãos nos olhos, não tinha conseguido reconhecer de quem era aquela voz que lhe chamava. Quando tira as mãos dos olhos, vê o Haru, com o rosto ferido, e com os olhos vermelhos de tanto que havia chorado, parado na sua frente.
-Haru, o que aconteceu?

-Yuki.... por favor.... por favor, não me odeie.. por favor....

O possuído pelo boi começa a chorar novamente e se ajoelha com a cabeça baixa diante do primo. Yuki se abaixa, não sabia o que estava acontecendo, mas não queria ver o outro naquela situação tão humilhante. Ao olhar de perto o tipo de machucado que estava no rosto do Haru, Yuki sente que a sua alma estava sendo consumida pelo pavor.

-Haru.... você esteve com o Akito?

-Não me odeie, por favor, não me odeie.... Juro que eu não ia contar nada ao patriarca...

-Você contou ao Akito que a Hanajima-san sabe da maldição?

-Não.... Mas o patriarca sabe que o Kyo está namorando a Hanajima.

Yuki sente muita pena do primo ao ver o quanto que ele estava sofrendo com aquilo e lhe abraça bem forte.

-Akito mandou o Hatori apagar as memórias da Tohru-kun e da Hanajima.

Haru podia sentir o quanto que o Yuki estava tremendo naquele momento. O possuído estava tão apavorado que nem conseguia quase respirar.

-Ele mandou apagar as memórias da Honda-san e da Hanajima-san?

-Eles já foram lá para o colégio.

Ao escutar aquilo o garoto fica um pouco mais aliviado. Ele sabia que Akito não tinha se encontrado com a Honda.

-Akito não se encontrou com a Honda-san. Ela estava a pouco com o Momiji-kun lá do lado de fora da sede. Acho que o patriarca também não vai encontrar a Hanajima-san lá na escola, ela é sempre uma das primeiras a sair do colégio, mas a gente tem que avisá-las. Elas não podem se encontrar com Akito.
Hatsuharu começa a chorar abraçado com o Yuki.

O possuído pelo boi sabia que era apenas uma questão de tempo para que as duas garotas tivessem as suas memórias apagadas.

-Temos que ligar para a Hanajima-san. O Kyo está lá no Dojo, vamos até lá.

-O Kyo nunca irá me perdoar.

Yuki sabia que o garoto tinha muita chance de estar certo, mas naquele momento o mais importante era tentar falar com a garota. Ele se levanta e ajuda o Haru a se levantar também. Os dois começam a correr agora até o Dojo, e em pouco tempo eles estavam lá.

Kyo ainda estava treinando com o Kunimitsu sendo observado pelo seu pai adotivo. Estavam apenas os três no Dojo. Quando Kazuma vê os dois garotos, faz sinal para que eles entrassem e se sentassem ao seu lado, e começam a falar num tom baixo de voz.

-A quanto tempo Yuki-kun. Cresceu ainda mais.

-Professor, estamos com um sério problema.

Kazuma olha com mais atenção no rosto dos possuídos e vê o machucado no rosto do garoto.

-O que aconteceu lá dentro?

-Akito mandou o Hatori apagar as memórias da Honda-san e da Hanajima-san.

-O patriarca então já sabe que a outra jovem tem conhecimento da maldição.

-Kazuma-sensei..... O Akito sabe que a Hanajima é a namorada do Kyo.... Tudo isso foi minha culpa.

Kazuma se levanta do tatame aplaudindo aos dois lutadores que estavam treinando com tanto afinco e nem tinham percebido que os dois garotos estavam ali sentados.
-Vocês dois estão de parabéns, mas agora preciso conversar com o Kyo. Desculpe-me, Kunimitsu.

O gato então vê os outros dois possuídos. Hatsuharu não conseguia nem levantar a cabeça para olhar o Kyo. O assistente do Mestre pega as suas coisas deixando apenas os Sohmas no Dojo.

-O que foi, Mestre?

-Tente não perder a calma. O assunto é sério.

Kazuma volta a se sentar próximo dos garotos e o Kyo se aproxima deles, mas não se senta.

-Kyo, você tem o telefone da Hanajima-san?

-Por que é que a ratazana quer o telefone dela?

-AKITO FOI LÁ PARA O COLÉGIO COM O HATORI PARA APAGAR AS MEMÓRIAS DELA E DA TOHRU-KUN.

Haru gritava com toda a força que conseguia enquanto chorava. Agora que estava na frente do Kyo se sentia ainda pior do que antes. O gato arregala os seus olhos alaranjados e fica sem respirar por alguns segundos. Quando ele volta a respirar sente que as suas pernas não estavam conseguindo sustentar o peso do seu corpo e vai se ajoelhando lentamente enquanto fazia um grande esforço para não começar a chorar.

-Eu já sei que o Akito não encontrou a Honda-san lá na escola. Ela já está lá na casa dos pais do Momiji. Mas a gente tem que ter certeza que a Hanajima-san já não estava mais lá na escola quando Akito chegou.

-Garotos, por que é que Akito teve essa decisão agora?

-Na verdade o patriarca só tinha deixado a Tohru-kun morar com o Sensei para se vingar do Kyo. Ele acabou de nos contar tudo. Akito queria que a Tohru-kun visse a verdadeira forma do Kyo... Ele queria que você fosse rejeitado pela Tohru-kun.

Kyo sentia que todo o seu corpo estava tremendo, estava com tanta vontade de chorar, mas não podia fazer ali na frente do Yuki. O garoto abaixa a cabeça e segura o seu lábio inferior entre os dentes.

-Kyo, o Akito já sabe que a Hanajima-san é a sua namorada. Você sabe o telefone dela?

O possuído apenas responde que não balançando a cabeça.

-Então, eu irei até a casa dos pais do Momiji-kun. A Honda deve saber o número dela.

Yuki se levanta e corre para a casa dos pais do Momiji que ficava um pouco distante do Dojo. Kazuma estava sentindo muita pena do filho, sabia que ele estava completamente arrasado e com a alma destruída. Haru ainda estava chorando, não conseguia perdoar a si próprio pelo que tinha acontecido.

-Por que é que está chorando, Haru? Não era isso que você queria?

-Eu sei que você nunca irá me perdoar por isso. Mas eu não contei ao Akito. Ele acabou escutando parte da minha conversa com o Hatori.

-Você tem razão, Haru....

Kyo levanta a cabeça e olha para o Haru. Ao ver o olhar do gato naquele momento, o possuído pelo boi começa a chorar ainda mais. Não tinha encontrado o olhar de ódio e raiva que ele imaginou que receberia do gato, o seu olhar era o olhar de quem tinha acabado de perder a pessoa mais importante da sua vida. Um olhar cheio de dor, sofrimento, sem a menor vontade de viver, e carregado de várias lágrimas.

#.... Eu nunca serei capaz de lhe perdoar....... Acabei de perder a única amiga que eu tive e também a única garota que eu quis proteger..... a garota que foi a mais importante para mim... a garota que eu até daria a minha vida para lhe proteger... a única que eu fui capaz de amar...#

by DonaKyon

12/08/2009

121


Yuki corria desesperadamente em direção do portão dos fundos da sede. Já fazia seis meses que ele não entrava na sede. Nunca em toda a sua vida tinha ficado tanto tempo sem colocar os pés ali. O garoto olhava para aquelas casas, as pequenas ruas, os jardins, os rostos das empregadas e empregados, tudo estava absolutamente igual.

# Sempre senti que o ambiente de dentro da sede era diferente do resto, e agora eu sei qual é o nome desse sentimento que a gente respira com esse ar, é solidão.#

O possuído pelo espírito do rato começa a se recordar de tudo o que tinha lhe acontecido desde que tinha ido morar com o Shigure, e percebe o quanto que ele havia mudado naqueles seis meses. Ainda se sentia inseguro e com medo, mas aos poucos ele tinha começado a mudar o seu jeito. Agora, já era capaz de conversar com os outros colegas da escola, tinha amizade com garotas que não sabiam nada da maldição como a Uotani e a Hanajima, e até mesmo teve coragem de aceitar os seus sentimentos pelo Haru. Tudo isso ele devia a Honda, e era por ela que o garoto estava correndo naquele momento.

#Se agora sei que solidão é o nome desse sentimento, é porque encontrei alguém que me mostrou que o mundo pode ser bem diferente deste. O Haru sempre esteve ao meu lado, mas foi graças ao fato de eu ter ido morar com o Shigure, e depois com a Honda, é que consegui aceitar o que sentimos um pelo outro. É por isso que não quero que ela sofra por causa daquele gato idiota.#

Um forte calafrio percorre o corpo do garoto quando ele passa ao lado da casa de Akito. Era impossível passar por ali sem se recordar de tudo o que ali tinha lhe acontecido, e Yuki se lembra da sua infância junto com Akito.

#Quando eu vim morar na mansão com Akito tudo era diferente. Akito sempre foi uma criança muito triste, mas mesmo assim, brincávamos juntos e passávamos vários dias naquele mesmo quarto como se aquele fosse o nosso próprio mundo. Até que um dia tudo mudou, de repente Akito ficou como ele é hoje e começou a me tratar daquela maneira tão cruel.#

Yuki começa a se lembrar de uma conversa que o patriarca teve com ele alguns dias depois do incidente que levou o Hatori a apagar as memórias dos seus amiguinhos de escola, e também da conversa que tinha acabado de ter com o Shigure e o seu irmão.

-Com o Kyo, as coisas não foram melhores. A mãe dele se suicidou. Disseram que foi só um acidente, mas todos sabem que foi suicídio. Ouvi dizer que ela até deixou uma carta dizendo que não suportava mais estar ao lado dele, que se ao menos ele fosse o possuído pelo rato, eles teriam sido felizes.... O Kyo odeia você. Ele gritou com o pai durante o funeral da própria mãe. Ele disse: “Eu irei matar o Yuki. E depois irei me matar”. Ele te odeia porque a mãe dele desejou ter dado a luz ao rato e não ao gato.... Sabe Yuki... você conseguiu a proeza de ser odiado por todos.

-Não Yuki. O Ódio de Akito-san pelo Kyo vai além do fato dele ser o possuído pelo gato. Na verdade a mãe do Kyo era muito querida pelo patriarca quando ele era mais novo. A Eiko-san trabalhava lá na sede, até o dia em que ela se casou com o pai do Kyo.

-Akito-san culpa o Kyo pela morte da Eiko-san, acha que ele é o assassino de sua própria mãe.


#Naquele dia, quando Akito me falou que eu tinha conseguido a proeza de ser odiado por todos, pela primeira vez, ele me olhou com o mesmo olhar que o Kyo sempre me olhava antes. Era o mesmo olhar de ódio. Ele me odiava por eu não ter nascido da Eiko-san, No fundo, Akito também me culpava pela morte dela, é por isso que ele começou a ser tão cruel como foi comigo.#

by DonaKyon

09/08/2009

120


Os três possuídos olham-se entre si. Estavam espantados com aquela novidade, de fato, nunca tinham imaginado que a garota fosse começar a gostar do representante do signo do coelho.

-Shii-chan, o que é que vocês estão fazendo aqui do lado de fora?

-Estamos esperando pelo Haa-kun.

-Ué? Ele não dormiu na sua casa?

-Sim. Mas depois ele veio para a sede.

-E pelo jeito o nosso boizinho deve ter se perdido pelo caminho. O tempo que estamos aqui plantados esperando por ele, já dava para ir e voltar umas três vezes da casa do Guretti.

-E se o Haru-kun entrou pelos portões do fundo?

-O Momicchi tem razão, não tínhamos pensado nisso. E aquele portão fica até mais próximo da casa do patriarca.

-Estou indo para lá.

Yuki sai correndo para dentro da sede.

-Hehehe.... Agora que não moram aqui já nem se lembram mais de como é a sede.

Os dois adultos estavam se sentindo como se fossem dois bobos. Não podiam acreditar que tinham se esquecido da outra entrada da sede.

-Mas eu creio que isso é normal. Afinal, a sede dos Sohmas é enorme, parece até que é um bairro inteiro.

-AHHHH, vou levar a Tohru-chan naquele parque que fica do lado de fora da sede. Até mais Shii-chan, Aya...

-Até mais tarde senhor Shigure.

Os dois possuídos acenam e Momiji começa a puxar a garota pela mão. Queria aproveitar que ela tinha um tempinho livre até a hora de ir para a casa dos seus pais.

-Momiji-kun, não achou que eles estavam um pouco preocupados?

-É que o Haru-kun se perde sempre. Da última vez ele ficou desaparecido por três dias.

-É verdade. Quando eu o conheci fazia três dias que ele estava procurando pela casa do senhor Shigure.

-O Haru-kun pode ser avoado e às vezes ser até um pouco grosso quando está na sua forma black, mas ele é de todos os possuídos o que mais se preocupa com os outros. Ele foi o primeiro a se tornar amigo do Kyo. Sempre acho errado o fato de o clã ignorar o possuído pelo espírito do gato.

Os dois namorados caminhavam até o parque de mãos dadas. Momiji estava pouca coisa menor que a Tohru, mas era evidente que ele ficaria bem alto. Por ser uma criança mestiça, a sua beleza era ainda mais destacada que a dos outros primos. Todos que passavam por eles viravam para admirar por mais um tempo a beleza do garoto. Honda lhe olha pelo canto dos olhos, e vê o quanto que ele estava sorridente.

-Hehehe... Acho que todos devem estar pensando que somos duas meninas de mão dadas.

-Ahahah, é porque o senhor está com a parte superior do uniforme feminino.

-Então, usarei o uniforme masculino.

-Mas o senhor fica muito bem nesse uniforme também.

-É que quero ser um namorado ideal para a Tohru-chan. Sabe aqueles namorados que a gente só vê nos livros? Então, é esse tipo de namorado que quero ser.

Tohru apenas lhe sorri, sabia que aquelas palavras não eram somente da boca pra fora e que o garoto não precisaria se esforçar muito para ser esse tipo de namorado. O parque era realmente lindo. Não era muito grande, mas tinha diversas árvores de cerejeiras e um playground para as crianças dos Sohmas que moravam na parte externa da sede. Momiji limpa um dos bancos que ficavam ao lado do playground e eles se sentam.

-Daqui um tempo estas árvores estarão todas floridas. A Momo-chan, adora brincar aqui quando as pétalas das flores estão caindo.

-O senhor vinha sempre aqui para vê-la?

-Sim. Mas nunca me sentei nesse banco. Tinha muito medo da mamãe me vê. Eu sempre ficava ali atrás daquela árvore.

#O que eu posso fazer para aproximar o Momiji-kun de sua família? Preciso pensar em alguma coisa.#

Tohru estava um pouco distraída olhando para a árvore apontada pelo namorado, e só volta à realidade quando sente o leve toque da mão do coelho em seu rosto. Ela fecha os olhos e quando o garoto estava aproximando os seus lábios dos dela, eles escutam o som típico de quando se está andando de salto alto. Os dois se afastam rapidamente como se não estivessem prestes a se beijarem.

-Boa tarde Honda-chan, Momiji-kun.

-Boa tarde.

Os dois respondem ao mesmo tempo em que estavam se levantando do banco.

-Que coincidência encontrá-lo aqui Momiji-kun. Estava indo até a sede para pedir uma reunião com o patriarca Akito-sama.

-Reunião com o patriarca?

-Sim. O Shirou-san quer pedir permissão para que o Momiji-kun possa ensinar a Momo-chan a tocar violino.

-VERDADE?

-O meu marido ligou para o mesmo professor que lhe ensina violino, e ele sugeriu que as primeiras noções fossem dadas por você. Disse que você é o seu melhor aluno e que poderá ser um dos maiores violinistas do mundo.

Tohru olha para o garoto e vê que a felicidade estava ainda mais radiante em seu olhar.

-Mas o Shirou-san acha melhor conversar com o Akito-sama antes. Ele acha que os seus pais podem não gostar da idéia porque isso poderia lhe atrapalhar.

-Que bom, né Momiji-kun?!

-Sim. Eu ficarei muito feliz se puder ensinar a Momo-chan.

-Bem.... vou deixar vocês namorarem em paz agora. Até daqui a pouco Honda-chan.

Os dois ficam imediatamente vermelhos de vergonha, e a mulher começa a caminhar, em direção da sede, se lembrando da época em que ela e o marido começaram a namorar.

by DonaKyon