27/05/2008

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“Ele sorriu e pousou sua outra mão sobre a mão da jovem que lhe segurava o braço. Ela sentiu um leve estremecimento em seu corpo, mas tão agradável que seu sorriso de volta para o escritor possuía um quê de satisfação.”

# Suave, pequena, delicada e quente. Nunca tinha reparado m sua mão dessa forma. Nunca tinha reparado nisso, nela, em tudo. Ela toda é delicada, formosa, suave, leve, como se esculpida por alguém sentimental. Como algo tão frágil, tão leve, tão delicado, pode já ter vivido tanto, sofrido tanto, resistido tanto e mesmo assim... permanecer ainda puro, ainda sorrindo, ainda lutando dia após dia para se tornar mais forte, mais adulta, mas confiante. Sinto vergonha! Eu um adulto, vivido, com a vida certa, me desequilibrando e descontrolando por aquilo enquanto ela segura em meu braço tentando salvar-me. Não deveria ser eu a salvá-la? A consolá-la? A cuidar de sua tristeza? Foi ela quem perdeu tudo, quem lutou por tudo sozinha, por mais que eu não pudesse abrir o jogo com Aaya ou Haa-san, eu nunca estive sozinho. Eu nunca perdi tudo... comparado ao que ela perdeu, aquela mulher... ainda mais sendo aquela mulher, não deveria significar nada para mim. Eu deveria ser capaz de sorrir como ela... ou até mesmo como o Haa-san.”

- Shigure?

- Não é nada não, estou me sentindo melhor, sério. Vamos nos sentar aqui, dá para ver a lua bem por cima das cerejeiras, pena que não tem mais flores.

- Sim, sim! Dá mesmo para ver a lua por cima das cerejeiras, olha... a luz da lua faz os as folhas parecerem gotas de prata. É como se os galhos as sacudissem, é lindo!

“ O escritor voltou seus olhos para as árvores. Seu semblante ainda triste incomodava a jovem.”

- Sabe, Shigure. Não é só porque se perde as flores no final da primavera, que as cerejeiras deixarão de florir no ano que vem. Eu... eu realmente não quero me intrometer mas... eu também não quero... não quero que você continue triste.

by Leandra

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