21/08/2008

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O médico se aproxima ainda mais do primo e lhe fala com um tom baixo de voz.

-Poderia entrar? Eu gostaria de conversar com ela sozinho.

Shigure sente um frio na barriga, mas não tem como negar aquele pedido.

-Hei, crianças, não querem tomar um copo de leite? Venham que o titio Shigure vai preparar aquele super chocolate quente para vocês.

-Err, pode deixar que eu mesma faço....

Shigure continua caminhando e entra na casa enquanto ela fala, mas é segurada pelo médico. Hiro e Kisa entram na casa sem perceberem o gesto do primo.

-Eu gostaria de conversar com a senhorita.

Tohru fica imediatamente vermelha. Desde a noite anterior, essa era a primeira vez que eles iam conversar. Ele começa a caminhar em direção da varanda e se senta, e logo depois a garota se senta ao seu lado. O silêncio fica presente durante alguns segundos entre eles.

-Err....

-Me perdoe por ter lhe deixado sozinha, depois de haver lhe beijado.

-Não.. Não prec...

-Foi uma atitude lastimável da minha parte. Mas, é que fiquei muito assustado comigo mesmo quando vi o que tinha feito. Senti muita vergonha de mim mesmo por ter lhe beijado daquela maneira, por fazer algo assim para alguém tão pura, tão inocente, que tinha ido chorar por mim.

Tohru escutava a tudo, mas se sentindo um pouco mais triste a cada minuto.

#Então é assim que ele me vê mesmo? Uma pessoa pura e inocente. Só falta falar como se fosse uma criança.#

-Se a Tohru não me perdoar por ter lhe beijado ontem, eu não ficarei chateado..... Acho que nem mereço o seu perdão para ser sincero.

-.... Não tenho nada que lhe perdoar....

Hatori que até então falava olhando para o jardim, olha agora para a garota. Ela estava com a cabeça baixa, e com os cabelos caídos na frente de seu rosto. Ele levanta em direção de seus cabelos, mas fica com a mão suspensa no ar. Não tinha coragem o suficiente para lhe acariciar após tudo o que havia feito com a sua melhor amiga naquela tarde.

#Será que o Shigure iria ter resistido se tivesse ali no meu lugar? Não posso falar que eu não queria, afinal, bastava-se que eu abraçasse a Arisa e nada teria acontecido. Mas eu estava desejando aquela garota.#

Ele retorna com a mão e as apóiam na perna e volta a olhar para frente.

#O Shigure já sabe o que sente por ela. Ele me disse com todas as letras que a ama. Mas e eu? O que de fato sinto por ela?#

-Hatori....

Assim que escuta o seu nome, o coração do possuído bate muito acelerado. Ela conseguia provocar essa reação nele.

-....

A pergunta fica na boca da garota, queria perguntar o motivo dele não ter fugido da Uo-chan, mas não teve coragem. Ela levanta a cabeça e lhe sorri.

-... não gostaria de tomar um chá antes de voltar para a sede?

O possuído a olha um pouco espantado, não estava esperando por aquela pergunta. Mas a garota estava lhe sorrindo como sempre lhe sorriu.

#Será que para ela, aquele beijo não significou nada? Será que ela está gostando do Shigure também?#

Tohru estava um pouco nervosa, ela nem espera pela resposta do médico e se levanta sendo seguida por ele. Na sala não havia ninguém, Yuki e Kyo estavam em seus respectivos quartos, enquanto que os outros três estavam na cozinha. Quando a garota entra o Shigure dá um suspiro de alivio.

#Seja qual tenha sido a conversa, ela foi bem rápida.#

Hatori fica parado na porta, olhando para o Shigure.

#Será que ele a merece mais do que eu?#

-Ainda está aqui, Hatori?

O médico lhe olha sem entender a razão daquela pergunta feita de uma maneira tão repentina pelo Yuki que mal havia acabado de descer as escadas. Yuki percebe pelo olhar do médico que ele não deveria ter falado aquilo e fica um pouco envergonhado.

-Err... e o meu irmão?

-Já foi embora.

-Ahh... "Ele entra na cozinha e se senta. Não consegue pensar em mais nada para falar."

Pouco tempo depois, após o chá da Tohru, o médico e o Hiro voltam para a sede.

by Kyo

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