21/06/2008

283


- Dói... dói muito... mas... mesmo que o amor da mamãe fosse falso... mesmo que não fosse verdade... eu amei a mamãe... isso... isso eu tenho certeza... não é uma mentira. Eu amava a mamãe... não importa... não importa o resto, eu amava a mamãe... Então... então... pode... ela pode não ter amado você mas você a amou... não amou? Isso é verdade não é?

“ Hatori elevou os olhos encontrando os olhos dela, que o olhava tão sofrida e preocupada, um olhar que não merecia estar naquele rosto tão belo e tão jovem, um olhar de quem entendia o tamanho de sua ferida e aquilo não era justo. Ele desejou curar as feridas dela tanto quanto ela curava as deles, desejou que todo o sofrimento fosse banido daquele coração.”

- Pode... pode ter sido um amor errado... mas não foi um erro... você não fez nada de errado... não mentiu... não a machucou... desejou que ela fosse feliz mesmo sofrendo... então... então... chore o que tiver pra chorar na minha frente... e volto a sorrir... apenas lembre que... você foi verdadeiro... e... por favor... sorria...

“ Tohru não suportou, pensar em todos aqueles sentimentos, em todo aquele sofrimento, o dela, o dele, todas as questão, e chorou novamente. Ameaçou tirar a mão do peito dele para enxugar as lágrimas mas Hatori colocou sua mão esquerda sobre a dela levando a mão direita ao rosto de Tohru para enxugar suas lágrimas.

Ela permanecia de olhos fechados chorando. Sentiu todo o seu corpo formigar e esquentar ao contato das mãos do médico, mas não as repeliu. Aquele calor também a fazia se sentir bem.

Hatori elevou o corpo ficando sobre os joelhos e ergueu o rosto dela com a mão direita, olhou em seus olhos e se aproximou. Sentiu seu coração ainda mais acelerado dentro de seu peito ao ver que ela não rejeitava a aproximação. Sentiu-se confuso e pesado, apenas passou seu rosto bem perto do dela e apoiou a cabeça em seu ombro esquerdo ainda segurando a mão dela sobre seu peito.

- Eu também...

“ A voz novamente como um sussurro no ouvido dela.”

- Eu também... quero que volte a sorrir...

“ Hatori respirou fundo, sentia-se tonto, inebriado pelo cheiro que ela tinha, pela pele macia que sentia, pelo som acelerado e descompassado do coração dela. A mão quente e trêmula sobre seu peito, o calor calmo que espalhava pelo seu corpo deixando-o dormente e livre da dor. O gosto salgado das lágrimas que podia sentir ao beijar o rosto dela quando erguer novamente a cabeça. A respiração afoita em sua orelha. Desejou tê-la, desejou protegê-la, abraçá-la, guardá-la em um lugar ensolarado aonde aquelas lágrimas secariam para sempre.

Antes que pudesse pensar, antes que pudesse reagir a si mesmo, antes que pudesse culpar-se ou sentir remorso, levou seus lábios aos dela, segurando a mão sobre seu peito e apoiando o rosto com a outra mão.

Tohru sentiu-se tonta, quente, confusa, alegre e triste ao mesmo tempo. Um sentimento confuso e carregado, melancólico e solitário. Um sentimento quente e calmo. Tudo ao mesmo tempo misturado com o gosto das lágrimas dele.

Não entendia porque daquilo, porque ela ou tudo que estava por trás daquilo. Não sabia se era certo ou errado, se o amava ou não. Sempre o achou bonito e atraente, mas nunca realmente havia pensado numa possibilidade real. E agora via seus lábios sobre a pressão dos dele assim como aconteceu com Shigure."

“Sentiu a língua de Hatori pressionar seus lábios, como um choque que arrepia o corpo todo sentiu-se tão tonta e dormente que estava quase inconsciente. Naquele momento, com aqueles sentimentos, no calor daquelas lágrimas, ela não conseguiu pensar nos atos ou conseqüências, não podia julgar o que acontecia. Então, entreabriu os lábios e deu passagem aquela língua firme e macia que vasculhava cada canto de sua boca. Era uma sensação que nunca havia sentido, nunca havia experimentado, suas pernas tremeram, suas mãos suaram, todo o seu corpo parecia estranho, reagia de uma forma estranha aquele contato. A única coisa que ela tinha certeza era que não queria que acabasse. Hatori segurou mais forte a mão dela sobre seu peito, arrastando-a um pouco para o lado encontrando a sua própria pele. Aquele contato levou a ambos uma sensação tão quente que a respiração falhou.

Nesse momento, Hatori se afasta para respirar e se dá conta do que havia feito. Solta a mão da jovem sobre seu peito e afasta seu rosto do dela tirando a mão de seu rosto. Ele a olhava quase incrédulo de si próprio, assustado e aflito. Ela porém o olha confusa, mas sem desespero ou susto.”

- Eu... eu... eu... não... eu...

“ Ele levanta-se, estava realmente desorientado. Sentia vergonha de si mesmo por fazer algo assim para alguém tão pura, tão inocente, que veio chorar por ele e não dele. E ele faz isso.”

- Eu... eu realmente... eu... não... desculpe-me...

“Hatori se vira e caminha quase correndo pelo caminho de volta a entrada da casa. Tohru apenas o observa, estava tão extasiada que não havia se dado conta ainda do acontecimento. Tão inebriada pelas sensações ainda presentes em sua mão e sua boca que ainda não havia entendido o que era tudo aquilo. Ficou ali parada sentindo as sensações ainda presentes, por um tempo.”

by Leandra

Nenhum comentário: