21/06/2008

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“Viu claramente Kana sorrindo feliz vestida de noiva ao lado de um homem de fraque. Olhou para Hatori que tinha agora a mão direta sobre os olhos. Chorava copiosamente como uma criança, estava muito distante da imagem madura, imune, séria e firme que transmitia todos os dias. Parecia tão frágil, tão pequeno, tão machucado. Tohru queria abraçá-lo o mais forte que pudesse para que seu choro parasse, mas ela não poderia. Sentiu-se tão inútil e tão miserável por não poder fazer nada que chorou como o médico.

Ajoelhou ao lado quase de frente para ele, não era capaz de dizer nada. Nenhuma palavra parecia suficiente ou apropriada. Em sua garganta um nó tão grande se formou que sentia dificuldade de respirar. Hatori não a olhou, não falou mais nada, continuou imóvel com os olhos tampados chorando como uma criança ferida.

Tohru levou a mão ao rosto dele levantando a franja sobre o olho esquerdo que ele mal enxergava. Hatori destampou o outro olho e somente nesse momento ele reparou que a jovem chorava como ele. Ela tentou sorrir gentilmente enquanto as lágrimas escorriam ininterruptas.”

- Tudo bem... está tudo bem... você pode chorar... o quanto quiser... não precisa esconder... não de mim...

“ Tohru falava soluçando entre o choro, havia soltado a franja dele e tentava enxugar o choro. Hatori a olhava espantado com a boca entre aberta.”

# Ela... ela está chorando... por que? Por que ela choraria? É tão deprimente me ver assim, Tohru? É tão vergonhoso um homem como eu chorar por uma... não quero ver essas lágrimas em seu rosto, Tohru... de todas as pessoas não você, a única que não merece chorar, depois de tudo o que sofreu esteve sempre sorrindo então por que? Por que Tohru está chorando agora? Eu sou tão digno de pena?#

- Por que...

“A voz do médico sai como um sussurro mas pode ser ouvido claramente por ela apesar de toda a música e conversa da festa ao lado. Hatori não a encarava, não conseguia suportar o peso da própria vergonha, já não chorava desesperadamente, tentava conter mas sua dor era sentida no tom de suas palavras.”

- Por que... por que... depois de tudo o que você sofreu... eu nunca a vi chorar... mesmo por sua mãe... mesmo com sua perda... está sempre, sempre sorrindo... então por quê, Tohru? Por que você está chorando agora? Eu sou tão digno de pena assim?

“ Tohru prendeu a respiração por um segundo e chegou a erguer o corpo ficando apoiada sobre os joelhos.”

- NÃO, NÃO É ISSO! EU... eu...

“ Ela voltou a se sentar sobre as pernas, abaixou o rosto fechando os olhos e levando as duas mãos sobre o peito.”

- Dói... dói muito... aqui... perder a pessoa amada, a pessoa mais importante... eu não sei o que é amar alguém como você amou... eu só amei a mamãe até hoje... mas... isso não importa não é? Eu amava a mamãe... no final, é tudo amor, não é?... Não poder vê-la mais, nunca mais... dói... dói muito. E eu... eu pensei por um momento... e se o amor de mamãe não fosse verdade... então... então eu vi que a dor por eu tê-la perdido não era suficiente... eu... eu... eu não... eu não pude suportar nem a idéia... então eu sei...

“ Tohru levou sua mão direita ao lado esquerdo do peito dele e ficou olhando para ela. Hatori sentiu o calor que emanava da mão da jovem, sentiu como se aquilo espalhasse daquele ponto para todo o seu corpo, aquilo o acalmava pouco a pouco, aquele calor ameno que parecia curar a dor. Sentiu seu estomago formigar, suas mãos suarem, ficou nervoso, mas não com vergonha. Baixou os olhos e ficou ali contemplando a cor alva daquela pele macia.”

by Leandra

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