26/08/2008

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“ Tohru ficou vermelha, seu coração falhou de tão rápido que batia. Sentiu desejo de beijá-lo novamente. De abraçá-lo e colocá-lo no colo para afastar dele aquela tristeza. Queria poder tocar sua alma e curar aquela dor em seus olhos. Mas a cima de tudo, queria sentir o beijo dele outra vez.”

- Si-sim...

“ Shigure também desejava beijá-la novamente, mas antes precisava contar-lhe a verdade. Tirou a mão do rosto dela e endireitou o corpo olhando para o jardim, ela sentada ao seu lado de frente pra ele apenas observou e escutou em silêncio.
Shigure contou como havia conhecido Kana e como tinha se apaixonado pela primeira vez.
Contou como sentia-se feliz por estar ao lado dela apesar de não poder assumir o relacionamento por causa do patriarca.
Contou como indicou a namorada para trabalhar com o primo Hatori e como nunca suspeitaria que ele se apaixonaria por ela também.”

- Eu não sabia de nada. Me encontrava com ela normalmente como sempre fazíamos. Algumas vezes ela disse que me amava e sempre esperava ouvir isso de volta. Mas eu nunca disse! Várias vezes pensei em dizer, mas nunca fui capaz. Eu realmente acreditava naquela época que a amava, com o tempo percebi que não era amor.

# Então foi por isso que ela disse que ele era incapaz de amar... mas... só porque ele não dizia eu te amo não significava que não gostasse dela... e ela... dizia que o amava e... na verdade... #

- Pouco tempo depois que ela começou a trabalhar com o Haa-san tivemos uma discussão. As palavras daquele dia e do dia depois daquele jamais vou esquecer. Ela me chamou de covarde, disse que eu apenas fugia e me escondia. Que eu não era quem sou de verdade.

... -Porque? Porque você é tão covarde? Porque não se mostra por completo? Porque não se deixa ser amado por completo e amar por completo? Pára de fugir, Shigure! Acha mesmo que vai esconder sua alma para sempre?

“Shigure parou de falar e fitou o céu. Tohru teve a impressão que ele revivia em sua mente um fato muito mais doloroso do que ele falava, mas não se moveu.”

- No dia seguinte, Haa-san veio me contar que eles estavam namorando, com o sorriso mais feliz do mundo. Em toda nossa infância e adolescência nunca havia visto aquele sorriso. O mais sério, o mais certo, o mais traumatizado pela maldição, o mais pressionado pela família por ter que aprender a apagar memórias. O que eu poderia fazer? Contar-lhe a verdade? Destruir aquele sorriso? Acabar com aquela paixão que mal havia começado? Ao contrário de mim e do Aaya que nunca nos importamos, Hatori era direito e sempre evitava relacionamentos. Eu não poderia destruir tudo, não quando o Haa-san finalmente havia se apaixonado, mesmo que fosse pela pessoa errada.

“ Shigure voltou a tomar o chá calmamente. Parecia tomar coragem junto com o líquido para continuar a história.”

- No mesmo dia ela veio me procurar. Cobre-a sobre aquilo. Desde quando ela enganava a nós dois? Desde quando ele era o oficial e eu o amante? Ela riu. Zombou de mim. No final me sugeriu continuarmos juntos traindo o Hatori. Eu me recusei. Disse que aquilo não era certo. Perguntei a ela onde estava o amor que ela tanto dizia nos “ eu te amos”. Ela sorriu para mim com seu sorriso mais doce e me disse para não me apegar a ilusões, que os sentimentos e as pessoas avançavam e somente eu permanecia pra trás.

...De que adianta apegar-se a ilusões inúteis? O tempo irá avançar tanto as pessoas quanto os sentimentos deixarão você para trás. Não seja tão infantil, Shigure. Para alguém que nunca disse eu te amo, você não pode se importar tanto...

by Leandra

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