02/07/2008

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# Akito-san... Aonde você está? Akito! #

“ Yuki corria desesperado pela estrada que dava para o lago ao lado da outra casa. Já havia desamarrado o capacete e deixado-o pelo caminho. Tentava soltar o resto da armadura para poder correr mais rápido mas era complicado demais para soltá-la sozinho e correndo. Chegou até o final da estrada entre a floresta e avistou andando pelo longo cais de madeira que atravessa parte da lagoa, Akito arrastando seu tradicional quimono roxo.
Era uma imagem maravilhosa, aquela criatura magra e esbelta caminhando lentamente pela passarela sobre as águas, o cabelo liso e preto balançando suavemente pelo vento. O quimono roxo arrastado pelo chão de madeira, um dos ombros um pouco a mostra, aquela pele branca e macia refletindo aquela luz prata. Akito parecia brilhar como um anjo melancólico indo de encontro ao reflexo da lua na água. ”

# Ao reflexo da lua... espera! Ele não estaria pensando em... #

“ Yuki correu ainda mais rápido, estava certo de que Akito se jogaria no lago e àquela hora da madrugada com certeza congelaria antes mesmo de se afogar.”

- AKITO!

“ Yuki tropeça ao correr, levantava e continuava a correr. Com o braço direito estendido tentando agarrar a imagem quase ilusória da pessoa que amava.”

- AKITO!

“ Akito gelou ao ouvir seu nome pronunciado tão alto, tão desesperado, pela voz de quem desejava. Virou-se e viu-o correndo em sua direção vestido naquela armadura, a mão estendida querendo agarrar-lhe. Não soube o tipo de sentimento que teve. Medo, alegria, raiva, euforia. Mas quando viu o desespero estampado naquele rosto pálido que se aproximava mais nitidamente dele, Akito só conseguiu sentir medo.”

# O quê... o que aconteceu? Ele está desesperado... Hatori! O que Hatori fez? O que eu fiz? Não... não... não pode ter acontecido nada... não pode. #

“ Akito levou as duas mãos a boca amedrontado, imaginava que o desespero de Yuki era por ter acontecido alguma coisa ao médico, a quem havia a pouco contado coisas terríveis que deveria apenas guardar para si como o resto daquele segredo. Mas havia perdido tanto a cabeça por ele ainda amar uma mulher como aquela, que não pensou nas conseqüências, no que um homem desesperado poderia fazer. E agora estava desesperada com o pensamento de ter ferido mortalmente um de seus possuídos. Akito não olhava para Yuki, não o via mais se aproximar, estava apenas passando em sua mente tantas imagens dolorosas de tudo que havia feito. Começou a andar para trás assustada se aproximando ainda mais da beirada do cais.”

- AKITO-SAN!

“ Yuki assustou-se ainda mais ao ver os pes descalços do patriarca chegarem ao fim do cais. Correu ainda mais rápido e tentou agarrá-lo pelo quimono para que não caísse, mas antes que Yuki pudesse realmente agarrar seu quimono e afastá-lo da beirada, Akito começou a gritar e a bater em Yuki que tentava abraçá-lo e acalmá-lo.”

- Acalme-se, Akito-san! Akito-san, sou eu!

“ Mas nada adiantava falar, Akito estava enxergando apenas as cenas que passavam em sua mente, a briga, o sangue do Hatori no chão, as lágrimas, o casamento, a discussão com Kana, o desabafo inconseqüência com Hatori na casa do lago.
Yuki tentou segurar os braços de Akito e ela continuava a se debater e bater no possuído, afastou-se da beirada no meio da luta, mas empurrou Yuki para dentro d’água.”


- Aki-Akito... Ajude... me ajude...

“ Yuki tentava se manter na superfície da água, mas sua fantasia era pesada demais e agora encharcada o puxava ainda mais para baixo.
Enquanto isso, em meio as árvores da floresta fora da estradinha, Shigure observava apenas até aquele momento, estava pronto caso Akito caísse, mas jamais imaginou que seria Yuki a se molhar. Ameaçou sair de seu esconderijo para salvar o primo que afundava, mas Akito pareceu sair do transe e deitava-se no cais para puxar o rapaz.”

by Leandra

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