24/12/2008

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Ayame fechava lentamente os olhos ainda com a respiração bem ofegante e o coração muito acelerado, sentia o arrepio gostoso no estômago, da expectativa do beijo que estava a cada segundo mais próximo de se concretizar. Shigure ainda conseguia lhe provocar aquela sensação que parecia como se tivesse levado um choque quando tocava simplesmente com as pontas dos dedos em seu pescoço. A mesma sensação que havia sentindo pela primeira vez quando eles tinham 17 anos e ainda eram estudantes do colegial.

Dentro do clã todos tinham a certeza que aqueles gestos e palavras entre os dois eram apenas uma encenação, um teatrinho, sendo que os mais velhos até consideravam aquilo como uma brincadeira de mal gosto, apenas Hatori é quem sabia de fato o que acontecia entre os dois possuídos.

O escritor afasta os seus lábios do possuído fechando a parte de cima do quimono e deitando-se ao seu lado no futton.

-Se continuar assim por muito tempo, logo acabará se transformando, sabe que o seu corpo não suporta essas mudanças de temperatura.

-Então, deixe-me esquentar em seu corpo.

Ayame se acomoda sob o braço esquerdo do primo e repousa sua cabeça em seu peito, espalhando os longos fios prateados sob o peito desnudo do escritor. Podia ainda sentir o coração que batia tão forte dentro do peito dele, o que o deixava ainda mais feliz.

-Como será que estão os garotos?

-Não se preocupe com eles, Gure. Devem estar se divertindo agora.

-Você acha que podemos confiar na amiga da Tohru-kun?

-Acho que sim. Sinto como se ela também carregasse o peso de uma maldição. Imagino que não deve ser uma sensação muito agradável poder escutar os pensamentos dos outros.

-Hummm, eu não me importaria se pudesse escutar os seus pensamentos.

-Você pode escuta-los, basta que encoste a sua cabeça em meu peito, assim como eu estou fazendo no seu que o escutará.

Shigure rapidamente se coloca na posição que o possuído estava e começa a escutar as batias de seu coração.

-O que? Foi isso mesmo que pensou? Que quer ter a honra de esfregar as minhas costas daqui a pouco quando formos tomar um banho lá na terma.

-Hohohoho…. Não perde nenhuma oportunidade mesmo. Hohohoho

-Sabe que faço essas brincadeiras apenas para lhe ver sorrindo assim.

-Eu sei. Apenas você consegue me fazer sorrir assim.

Shigure volta a se deitar na posição que estava antes, puxando o Ayame para que volte a se deitar da mesma maneira que estava antes.

-Gure, acha que o mesmo acontecerá com o meu irmãozinho e o Haa-kun?

-Só o tempo dirá.

-Imagino o que os meus pais dirão se isso acontecer. Mas pensando bem, talvez a minha mãe até se sinta feliz, por saber que nenhum de seus filhinhos irão lhe dar um netinho, ela é vaidosa demais para desejar se uma avó.

-É, a titia não é do tipo que quer ser chamada de vovó.

-Eu só desejo que o Yuki encontre a felicidade, não me importa se for nos braços de uma mulher ou de um homem, apenas quero que o meu irmãozinho conheça a felicidade de ser amado.

-E que continue sendo amado para sempre. Tenho pena daqueles que já conheceram tal felicidade e que agora não podem mais a viver. É muito pior viver sabendo o que é um amor perdido, do que nunca vive-lo.

Ayame desejou naquele instante no fundo de seu coração que aquilo nunca passaria com o seu irmão, queria que ele encontrasse a felicidade que lhe tinha sido escondida quando vivia em companhia do kamisama. Shigure sabia entender os silêncios do primo e namorado, imaginava que ele estava se remoendo por não ter dado atenção ao irmão quando era criança, e com a intenção de tirar aqueles pensamentos tristes de sua mente, o escritor segura em seu queixo e o aproxima de seu rosto, a procura de seus finos lábios para mais um beijo. Entretanto o som do celular do Ayame que tocava desesperadamente dentro da mala obriga-os a não concretizar tal gesto.

by DonaKyon

Um comentário:

Unknown disse...

bem... hum... seria interessante tivesse cena semelhante com algum casal hetero... bem a fic é boa, mas não sou muito chegado em casais yaois e yuris.

Mudando de assunto é interessante a retratação dos sentimentos do irmão mais velho para o mais novo, um digno amor familiar.