19/04/2009

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Akito voltava para o quarto. Tinha se levantado há uma hora mais ou menos e havia permanecido esse tempo todo no ofurô. Seus pensamentos não podiam ser outros que não os acontecimentos do dia anterior. A garota fica parada segurando a toalha e olhando para cima da cama. O terno do Hatori estava ali. Era uma sensação um pouco triste, a roupa da pessoa amada vazia em cima daquela cama, como se fosse apenas alguns pedaços de tecido, mas o seu coração sabia que não era isso. Aquela era um pedaço do médico, o seu cheiro estava ali.

O patriarca caminha até a cama, se senta e começa a passar delicadamente a mão na roupa como se estivesse acariciando o seu próprio dono, quando escuta o barulho da porta se abrindo e imediatamente as joga no chão bem distante dela.

-Ainda bem que o senhor patriarca já está acordado. Tem visita.

-YOKO SUA IDIOTA!! QUANTAS VEZES JÁ FALEI PARA BATER NA PORTA ANTES DE ENTRAR???

O coração de Akito batia acelerado, por medo da governanta ter visto aquela cena ridícula dela alisando um pedaço de tecido, e ao mesmo tempo batia desapontado por ver que não era o médico que estava entrando para mais um exame de rotina.

-Me desculpe. Acabei me esquecendo de suas ordens.

-EU AINDA VOU TE MANDAR EMBORA DA SEDE!! QUEM É A TAL VISITA?? É ALGUM DOS POSSUÍDOS??? EU NÃO QUERO OS VER AGORA!!!

-Não. É a senhorita Kana Sohma.

Aquele nome faz com que Akito se sinta completamente perdida. Justamente a Kana era a última pessoa que ela queria ver naquele dia. Desde o acontecido, nunca mais as duas tinham estado juntas. Nem mesmo quando a Kana foi pedir uma audiência para falar sobre os preparativos do casamento.

#Mas o que ela quer? Eu já mandei a Yoko acertar todos os detalhes do casamento com ela.#

-Fala que não estou me sentindo bem.

-Ela insiste em conversar com o senhor patriarca. Disse que é muito importante.

#Será que ela se lembrou de algo?? Não! Isso é impossível!#

Akito joga a toalha que estava em seu colo no chão e se levanta.

Sabia de suas obrigações como o patriarca dos Sohmas, sendo que essa era ainda mais pesada do que como kamisama dos possuídos, uma vez que não podia todas as vezes que desejava mandar todos os Sohmas para o inferno como era a sua vontade. Ser patriarca era uma posição quase que política, e ela sabia que muitos outros Sohmas, muitos dos quais mais velhos do que ela, queriam muito aquele posto. Um posto que era dela, apenas pelo fato de fingir que era um homem, seguindo a vontade de seu pai e avôs. Se a infeliz da Ren tinha tido alguma boa idéia, sem duvida tinha sido aquela, porque graças a isso, o clã tinha permanecido para o filho de Akiro Sohma, o filho mais velho do antigo patriarca.

-Fale para ela me esperar na biblioteca.

-Sim, senhor patriarca.

Yoko sai do quarto e Akito corre até a mesa para atirar o vaso contra a parede. Uma atitude que sempre fazia quando era obrigada a fazer algo contra a sua vontade.

#Odeio ser o patriarca dos Sohmas! Odeio ser o Kamisama dos possuídos! Odeio ser quem eu sou!#

Esse último pensamento a garota tem quando olha o seu reflexo refletido na janela do quarto. Ela odiava ser aquela pessoa desde que era adolescente, desde que descobriu que não era um menino de verdade. Só ela sabia qual era aquela dor. Os sentimentos de amar como uma mulher e ter que agir como um homem. Os sentimentos de amar um dos possuídos, quando não deveria ter amor por nenhum deles em especial.

O patriarca veste o seu tradicional quimono e vai até a biblioteca. Durante o caminho até o local, seu coração era o coração de uma mulher que iria encontrar com a antiga namorada do seu grande amor. Akito abre a porta de uma vez e com um pouco de violência e encontra Kana sentada de maneira toda formal no meio da ampla sala. Aquela era a imagem que Akito odiava, por ser exatamente a imagem que nunca veriam dela, uma mulher toda delicada, toda meiga e toda feminina, sentada esperando por uma pessoa superior a ela.


by DonaKyon

3 comentários:

Cecii disse...

Nossa...

Algo me diz que a Kana vai se dar mal...

oo'

Gabiih disse...

tadinha da akito!!
T-T

Unknown disse...

gostei dessa parte individual da Akito, puxou muito a personalidade dela.